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Publicada em 03 de Maio de 2024 às 17:01

Perdas na safra de arroz ainda não podem ser dimensionadas, diz Irga

Lavouras de arroz ainda não colhidas estão embaixo d'água, como em Nova Santa Rita

Lavouras de arroz ainda não colhidas estão embaixo d'água, como em Nova Santa Rita

TAILOR PERUFO/IRGA/DIVULGAÇÃO/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia
Ainda vai demorar para o Rio Grande do Sul dimensionar o tamanho das perdas na lavoura de arroz em função das chuvas que e das cheias dos cursos d’água nos últimos dias. Produtores e técnicos sequer conseguem acessar as áreas ainda não colhidas, porque boa parte está submersa.
Ainda vai demorar para o Rio Grande do Sul dimensionar o tamanho das perdas na lavoura de arroz em função das chuvas que e das cheias dos cursos d’água nos últimos dias. Produtores e técnicos sequer conseguem acessar as áreas ainda não colhidas, porque boa parte está submersa.
Nesta sexta-feira (3), o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) suspendeu os levantamentos dos dados sobre o avanço da safra devido aos fatores climáticos e seus desdobramentos que resultaram na interrupção da colheita. A autarquia só deverá retomar o acompanhamento da evolução da cultura quando a colheita for retomada.

Leiam mais: Chuvas arrastam safra gaúcha para cenário de perdas em todos os setores

Ainda restam 18% das lavouras a serem colhidas, o que corresponde a cerca de 150 mil hectares. Desses, 45 mil hectares estão na Região Central, que é a mais atrasada e também a mais afetada pelas águas. Ali, apenas 62% do total de 118 mil hectares foram colhidos até agora, de acordo com o Irga.
“Considerando que a chuva ainda não cessou, o difícil acesso a grande parte das áreas afetadas e a falta de previsão do retorno da normalidade dos níveis de água, não é possível informar as perdas que ocorrerão nas lavouras de arroz irrigado do RS neste momento”, diz o Instituto, em nota.
As cheias também afetam duramente a pecuária leiteira do Estado. Segundo a Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), propriedades produtoras não conseguem entregar produto aos caminhões de coleta e já faltam energia e alimento para animais em alguns locais. A queda de barreiras em estradas e vias vicinais e os alagamentos estão isolando propriedades rurais pelo interior.
Quem afirma é o presidente da entidade, Marcos Tang, que também comanda a Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac) e a Comissão de Leite e Derivados da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). De acordo com ele, a situação mais grave é dos produtores que se localizam no Vale do Taquari, Vale do Rio Pardo e Serra.
“Vale do Taquari e Rio Pardo, porque estão literalmente inundados. Animais, pastagens, estabelecimentos dentro da água e, para piorar sem energia elétrica, geradores que não funcionam. Ou, os que conseguem ainda fazer o gerador funcionar estão ficando sem óleo”.
O dirigente conta que há propriedades com vacas de altíssima lactação, com produção média diária superior a 40 litros de leite, que estão ordenhando os animais uma vez só ao dia, em vez das três habituais. A medida vem sendo adotada para poupar óleo nos geradores, pois não têm como adquirir mais.
Ração para as vacas, a maioria já não tem mais ou reduziu, há um ou dois dias, pela metade. Se a vaca come seis quilos de ração, está comendo três. E o produtor tenta complementar com silagem. E dane-se média de produção! Isso eles nem estão pensando. Estão pensando em manter o animal bem”.
Com as áreas alagadas e isoladas, devido à queda de barreiras, na Serra, o abastecimento à indústria também foi atingido. E há empresas na região também sem embalagens para o envase do pouco produto que chega.
“Afora isso, pastagens se perderam. Sementes de azevém, caríssimas, plantadas após a colheita da silagem, estão lá, lavadas. Os produtores, numa situação em que representa nada mais e nada menos que um custo de produção que, de segunda-feira para hoje (quinta-feira, 2) dobrou. O custo de produção no litro de leite dobrou”, alerta.
Tang recorda que a situação do setor já era crítica. Foram três anos de estiagem intercalada, um ano de enchente e estiagem. E agora, enchente. “É catástrofe, é uma catástrofe! Entendemos perfeitamente que as vidas humanas devem estar em primeiro lugar e que se resgate a todos que estão em perigo. Isso é o principal. Mas a situação do produtor, se era feia, agora não tem mais adjetivo para descrever”, encerra.

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