Os representantes da cadeia produtiva de arroz se reuniram com o novo secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Neri Geller, em Porto Alegre, na última quarta-feira (10), para debater o cenário da produção da safra 2023/2024. Entre os temas abordados estiveram a área de produção prevista, a reformulação do Selo Ambiental do Instituto Rio Grandense de Arroz (Irga), a possível reoneração do produto e a necessidade de mudanças nas linhas de crédito e seguro ao produtor.
No encontro, foi alinhada uma possível atualização do Selo Ambiental do Irga, que ainda está na etapa de levantamento documental. A ideia é que o órgão adeque o selo às diretrizes federais do Plano Safra, para "chancelar o Irga como entidade certificadora", explica o presidente do órgão, Rodrigo Warlet.
Assim, será possível conferir o desconto a produtores que estejam em conformidade com plantio sustentável nos moldes do governo federal. A necessidade dessa modernização vem, principalmente, do fato da certificação ter surgido antes do Plano Safra. “Nós temos o Selo há muito tempo, mas no primeiro semestre do ano passado eu solicitei à parte técnica, criei um grupo de trabalho e emiti uma portaria, visando que até o próximo Plano Safra, essa modificação esteja completa", comenta Warlet.
Também presente na reunião, o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, explica que foi colocada a Geller a necessidade de modificações no seguro agrícola. “Ele, inclusive, cobrou do governo estadual uma participação do seguro agrícola. Vai se construir um novo modelo aí, que tenha na verdade três lados: o lado do governo federal, o do governo estadual, e o dos produtores, que ficariam com uma parte do seguro", relata.
Uma das principais preocupações levadas pelos dirigentes ao secretário estadual da agricultura, Giovani Feltes, foi a retirada dos benefícios fiscais do arroz, relata Alexandre Velho, referindo-se à isenção proposta pelo governo gaúcho, que pode acarretar a elevação da alíquota do produto de 7% a 12%. “Foi feito um alerta ao secretário da Agricultura de que, de forma alguma, nós podemos alterar e onerar esse imposto", disse. Segundo ele, se a medida for mantida, acabará por minar a competitividade da indústria gaúcha do grão.
Projeção para colheita
O presidente do IRGA, Rodrigo Warlet explica que é muito cedo para definir uma previsão de produção da cadeia do arroz, mas o órgão, baseado nos dados de intenção de plantio do produtor (de 902,4 hectares), junto a estudos de avanço do plantio, evolução de semeadura e confirmações de área para a safra 2023/2024, deve resultar em uma área plantada de cerca de 903,6mil hectares.
Ainda sim, ele explica que em torno de 76% a 75% da área total ainda está em estágio vegetativo, necessitando o avanço do ciclo para ter estimativas concretas.
Os dirigentes da cadeia orizícola gaúcha também destacaram a influência do El Niño na safra O ´resoidente da Federarroz, avalia que seu efeito pode ocasionar uma diminuição de 5% na produtividade, compensada pelo aumento de 7% da área para esse ano. Por outro lado, o dirigemnte do Irga é mais cético quanto aos efeitos do fenômeno na colheita. “É muito precipitado dizer que o El Niño terá efeitos na safra”, explica. Ambos reiteram, no entanto, que não há risco de desabastecimento produtivo.
A previsão da próxima safra, segundo a Federação, é de pelo menos 7 milhões de toneladas, a ser colhida a partir de final de fevereiro.