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Publicada em 29 de Dezembro de 2023 às 10:10

Safra de abacaxi em Terra de Areia deve somar 6,8 milhões de frutas

Caminhões trazem o abacaxi de Terra de Areia para ser comercializado em Porto Alegre

Caminhões trazem o abacaxi de Terra de Areia para ser comercializado em Porto Alegre

FERNANDA FELTES/JC
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Luciane Medeiros
Luciane Medeiros Editora Assistente
Maior produtor de abacaxi no Rio Grande do Sul, Terra de Areia, no Litoral Norte, projeta colher 6,8 milhões da fruta nesta safra. O município é responsável por 90% do cultivo da fruta no Estado, realizado em 340 hectares, e principal atividade econômica para 110 famílias, além de beneficiar outras pessoas da comunidade indiretamente.
Maior produtor de abacaxi no Rio Grande do Sul, Terra de Areia, no Litoral Norte, projeta colher 6,8 milhões da fruta nesta safra. O município é responsável por 90% do cultivo da fruta no Estado, realizado em 340 hectares, e principal atividade econômica para 110 famílias, além de beneficiar outras pessoas da comunidade indiretamente.
Uma das famílias de Terra de Areia que se sustenta a partir do cultivo de abacaxi é a de José Erídio dos Santos Engel. Há 22 anos, Engel planta abacaxi em uma área de 4 hectares a 5 hectares na propriedade. O produtor já tentou cultivar outros alimentos para vender, como mandioca, mas atualmente tem no abacaxi a principal fonte de renda.
Para esta safra, Engel projeta colher de 110 mil a 120 mil unidades da fruta, abaixo dos 185 mil abacaxis colhidos no ano passado. “Neste ano a chuvarada provocou bastante perdas, alguns vizinhos vão colher a metade do que costumam”, explica. O trabalho é feito com o auxílio da esposa, da filha e de um funcionário contratado. Eventualmente, mais uma pessoa é contratada para ajudar no plantio e na colheita.
O fruto é comercializado em caixas, com preço unitário de R$ 2,00 para os menores (300g a 400g), R$ 2,50, R$ 3,00 e R$ 4,00 nas maiores (a partir de 700 gramas). “Não estamos colhendo abacaxi graúdo por conta das chuvas. Comecei a colher verde ainda porque o mercado estava sem abacaxis”, afirma. A venda é feita na Rota do Sol, em tendas e para alguns comerciantes que vão até a propriedade adquirir a fruta e revender em Porto Alegre.
Wolnei Marcio Fenner, extensionista rural do Escritório Municipal Emater Terra de Areia, ressalta a importância do abacaxi para a cidade. “O abacaxi é a fruta símbolo do município e faz Terra de Areia ser conhecida em todo o Brasil”, afirma. Em valores agregados, o cultivo agrega ao PIB da cidade mais de R$ 20 milhões por ano.
O cultivo é feito sobretudo por pequenos agricultores de forma mais rústica, uma vez que as áreas de plantio não são extensas. A Emater desenvolve diversos trabalhos junto aos produtores de abacaxi da cidade, inclusive apresentando novidades tecnológicas.
FERNANDO DIAS/SEAPI/DIVULGAÇÃO/JC
Algumas características favorecem o plantio de abacaxi em Terra de Areia e acentuam o sabor doce. Fenner cita o microclima diferenciado, onde não há incidência de geada por interferência das lagoas Itapeva e dos Quadros, a proximidade com o mar e a barreira natural imposta pela Serra.
O abacaxi é plantado de agosto até dezembro e pode ser colhido de outubro a maio. O extensionista da Emater diz que seria possível colher em outras épocas do ano, mas no inverno a fruta não é tão saborosa e tem menos demanda.
Em 2023, a primavera mais chuvosa no Rio Grande do Sul se refletiu em algumas doenças causadas por fungos nos abacaxizeiros, principalmente a fusariose, que danifica o fruto. “Vários produtores tiveram perdas acima da média em função da quantidade de chuva durante o período da primavera”, lamenta Fenner.
Por enquanto, os consumidores não enfrentam a falta de abacaxis no mercado, mas o extensionista da Emater diz que há um receio por parte de alguns produtores de Terra de Areia em relação ao que poderão comercializar a partir de janeiro. 
Em Porto Alegre, é possível encontrar o abacaxi de Terra de Areia em supermercados, minimercados, hortifrutigranjeiros e feiras. Um caminhão que fica estacionado na avenida José Bonifácio em frente ao Monumento ao Expedicionário, na Redenção, é um dos pontos tradicionais de venda. A fruta é vendida no local ao preço promocional de R$ 10,00 por dois abacaxis grandes e R$ 15,00 por três menores.

O abacaxi de Terra de Areia tem Indicação Geográfica?

Um projeto conduzido pela extinta Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) tinha como objetivo verificar o potencial para que o abacaxi cultivado em Terra de Areia recebesse uma Indicação Geográfica (IG). O extensionista rural do Escritório Municipal Emater Terra de Areia Wolnei Marcio Fenner explica que o estudo foi feito para mostrar as características diferenciadas da fruta, mas o processo, que é feito junto ao governo federal, não foi concluído. 
"Não há interesse por parte dos produtores de ter a Indicação Geográfica porque o abacaxi de Terra de Areia tem isso ao natural, essa identidade única", avalia. Fenner diz que o produto de Terra de Areia já tem o reconhecimento em todo o Brasil pelo seu sabor fora do comum. Embora a quantidade de frutas colhidas no município seja insuficiente para abastecer todo o Rio Grande do Sul, alguns agricultores comercializam parte da produção também para Santa Catarina. 

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