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JBS pretende investir até R$ 250 milhões em frigorífico de suínos da Languiru
Empresa formalizou nesta terça-feira intenção de compra da planta de suínos da cooperativa em Poço das Antas por R$ 80 milhões
A Seara Alimentos, subsidiária da JBS no Rio Grande do Sul, e o governo do Estado, formalizaram nesta terça-feira (21) a assinatura de um protocolo de intenções para viabilizar o uso de créditos tributários com parte do pagamento para a aquisição da planta frigorífica da Cooperativa Languiru em Poço das Antas. O negócio, antecipado pelo Jornal do Comércio no dia 9 de novembro, deverá ser fechado por R$ 80 milhões. Mas a JBS investirá mais R$ 120 milhões na estrutura até 2028.
A assinatura ocorreu no Palácio Piratini, e contou com a presença do governador Eduardo Leite, do vice, Gabriel Souza, secretários de Estado, parlamentares, prefeitos da região de atuação da Languiru e representantes da cooperativa e da JBS. A expectativa é de que a venda seja concluída entre o final de dezembro e o início de janeiro de 2024, e a retomada das operações ocorra em até 90 dias após o acordo.
Na prática, a JBS deverá usar cerca de R$ 50 milhões retidos pelo governo do estado em créditos tributários como parte do pagamento. A Languiru receberá R$ 20 milhões em dinheiro como primeira parcela do pagamento e o restante do valor a ser diluído nos próximos meses.
Para poder ter acesso aos créditos, era necessária a assinatura do protocolo e, a partir dele, o encaminhamento de um projeto de lei a ser analisado e aprovado pela Assembleia Legislativa, autorizando o governo a repassar o valor. A próxima etapa é a análise, pela JBS, da documentação fiscal do frigorífico, para a efetivação da compra.
“Nosso compromisso é garantir investimentos de R$ 200 milhões, entre a compra e a reestruturação da unidade, até 2028. Mas podemos chegar até R$ 250 milhões. Além disso, queremos chamar de volta 400 trabalhadores que já faziam parte da operação antes da interrupção, há cinco meses. O Rio Grande do Sul é muito importante para a estratégia de negócio da Seara, e esta parceria é muito relevante para nós”, disse no evento o CEO da Seara, João Campos.
A capacidade de processamento da planta deve chegar a 1,2 mil suínos por dia, com potencial para 3,4 mil abates, operando em dois turnos. “Com a planta de Poço das Antas abastecendo o mercado interno, em especial o próprio estado, poderemos ampliar a exportação de outras unidades, habilitadas para atender mercados também relevantes”, acrescenta Fábio Soares, diretor do Negócio de Suínos da Seara.
Para o ex-presidente e agora liquidante da Cooperativa Languiru, Paulo Roberto Birck, o negócio representa a possibilidade de retomada do funcionamento de outras operações da cooperativa e, a partir de operações lucrativas, estabelecer um cronograma de pagamento aos credores.
“A venda desse ativo é um movimento importante, que permite ao Vale do Taquari ter um novo alento, considerando que muitas famílias foram afetadas pela descontinuidade do segmento de suinocultura e pela atual situação econômico-financeira da cooperativa. De certa forma, a Languiru está dando um passo importante para a região, ao encontrar uma solução para um problema social”, avalia Birck.
A crise financeira da Languiru, agora em fase de recuperação judicial, mobilizou o governo do Estado, que nos últimos meses atuou intensamente para buscar alternativas e viabilizar a retomada das atividades nos diferentes segmentos ligados à cooperativa. “A assinatura do protocolo formaliza o compromisso do governo em cumprir sua parte, que é encaminhar à Assembleia Legislativa projeto autorizando a liberação dos créditos. E da JBS, em empenhar esforços para o aproveitamento dos funcionários que atuavam no complexo e de toda a cadeia envolvida, ainda que a empresa tenha toda a liberdade para gerir o negócio como entender mais adequado”, disse o governador.
Articulador do Grupo de Trabalho criado na metade do ano para tentar desafogar as dificuldades financeiras da cadeia produtiva de proteína animal, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, justificou a mobilização em socorro à Languiru. “Muitos produtores associados à Languiru haviam contratado financiamento para ampliar suas produções de suínos e, com o fechamento do frigorífico em Poço das Antas, ficaram sem ter a quem entregar os animais prontos para abate e com contas a pagar. Envolvemos diversas secretarias, o Parlamento, instituições financeiras, prefeituras e Câmaras de Vereadores da região, além de toda a comunidade. Pela história e relevância da Languiru, mas, principalmente, pelas pessoas relacionadas à cooperativa”, concluiu.