Seminário debaterá potencialidades do setor florestal gaúcho

Encontro ocorrerá no Parque Ildefonso Simões Lopes, durante a 97ª Expofeira de Pelotas

Por Claudio Medaglia

Mais áreas poderão ser destinadas ao florestamento no Estado
Passa pela preservação e pela produção de florestas grande parte do processo de descarbonização do planeta. E para potencializar a atividade, responsável por 6% do PIB gaúcho e 12% de todas as exportações do agronegócio nacional, um grande evento debaterá o tema nesta sexta-feira (13), em Pelotas. É a 12ª edição dos Seminários Agaflor sobre Florestas Plantadas no Rio Grande do Sul.
O encontro, que ocorrerá no Parque Ildefonso Simões Lopes, durante a 97ª Expofeira de Pelotas, deverá trazer à pauta os avanços do setor nos últimos anos e os caminhos para ampliar mercados em uma atividade para a qual a Metade Sul do Estado é a mais vocacionada do mundo. A análise é do presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Florestas Plantadas (Agaflor), Paulo Benemann.
“Nossa região sempre foi considerada o ‘primo pobre’ da economia gaúcha, mas temos enorme potencial nesse segmento. Precisamos, apenas, que nos deixem trabalhar, observando cuidados e critérios técnicos, mas sem impor travas meramente ideológicas. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) tem feito um trabalho absolutamente criterioso e sério. Por meio dele, conseguimos aprimorar a cadeia”, diz o dirigente.
Relatório concluído pela Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) em 2022 aponta que o Rio Grande do Sul conta com cerca de 600 mil hectares de eucaliptos plantados, além de 300 mil hectares de pinus e 70 mil hectares com acácia. Mas o Estado, por meio do Plano ABC+ RS, para a Agricultura de Baixo Carbono, prevê a implantação de mais 300 mil hectares de florestas plantadas nos próximos anos.
Com apoio e incentivo do Legislativo e do Executivo estaduais, ressalta Benemann, importantes estudos vêm sendo feitos e irão ajudar a intensificar a atividade, mostrando a importância das florestas plantadas para o desenvolvimento e a sustentabilidade. Não é por acaso que a madeira está presente em diversos produtos fundamentais no dia a dia, como cadeiras, mesas, portas, assoalhos, forros, cadernos, lápis, livros, jornais e, inclusive, no papel higiênico.
“Se a matéria-prima não for extraída de florestas plantadas, certamente sairá das nativas. Por isso é tão importante levar esse conhecimento às pessoas e valorizar a atividade”, afirma o dirigente.
Para o evento, haverá dois momentos. Pela manhã, o primeiro seminário terá como tema “Destravando o Setor Florestal Gaúcho”. Na oportunidade, o secretário-adjunto do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marcelo Camardelli Rosa; o deputado estadual e presidente da Frente Parlamentar da Silvicultura, Carlos Búrigo; e o coordenador do comitê gestor do Plano ABC+ RS, Jackson Brilhante mostrarão alguns dos aspectos mais relevantes que vêm sendo tratados no Rio Grande do Sul a respeito do tema.
“Houve valiosa melhoria no zoneamento ambiental para o plantio de florestas, resultado de cinco anos de estudos. Isso nos permitirá ampliar o número de hectares plantados sem avançar sobre áreas nativas. Vale lembrar que nas propriedades produtoras, em média, 50% das áreas permanece intocada e preservada, enquanto pagamos impostos pelo total. Isso deveria reverter em bonificações, mas os governos não vêem isso”, lamenta o presidente da Agaflor.
Já à tarde, ocorrerá o seminário Hub Florestal Binacional, destacando o esforço para a materialização da chamada hidrovia do Mercosul. A iniciativa visa a abrir rotas navegáveis entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai, que é outro grande produtor de madeira, facilitando o escoamento dos produtos.
Participam o senador gaúcho Luis Carlos Heinze (PP), o embaixador do Uruguai no Brasil, Guillermo Valles; e o presidente da Portos RS, Cristiano Pinto Klinger. O parlamentar, que é um dos principais incentivadores do projeto, falará sobre as articulações para a concretização da iniciativa. O diplomata tratará das ações do governo uruguaio no mesmo sentido, e Klinger abordará a gestão da estrutura portuária.
“A idéia é agregar a hidrovia às boas estradas e ferrovias para dar maior capacidade de movimentação desses produtos e, assim, ampliar mercados”, conclui Benemann.