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Porto Alegre, sábado, 17 de maio de 2025.

Leite

- Publicada em 05 de Setembro de 2023 às 17:57

Crise dos lácteos volta à pauta em reunião com Alckmin hoje em Brasília

Importações em alta excepcional colocam em risco a cadeia produtiva de leite no País

Importações em alta excepcional colocam em risco a cadeia produtiva de leite no País


PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Representantes da cadeia produtiva de leite do Rio Grande do Sul, do Paraná e de São Paulo participam, nesta quarta-feira (6), de audiência com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, para tratar sobre a crise do setor no País. O encontro, marcado para as 15h, em Brasília, reunirá também deputados estaduais, federais e senadores.
Representantes da cadeia produtiva de leite do Rio Grande do Sul, do Paraná e de São Paulo participam, nesta quarta-feira (6), de audiência com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, para tratar sobre a crise do setor no País. O encontro, marcado para as 15h, em Brasília, reunirá também deputados estaduais, federais e senadores.
O tema, que já vinha sendo discutido por conta da explosão no volume de importações de lácteos do Mercosul, ganhou ainda mais luzes a partir dos atos promovidos por produtores e laticinistas durante a Expointer, encerrada domingo. Ao escancararem as dificuldades enfrentadas, eles reforçaram a necessidade de medidas capazes de estancar o encerramento da atividade em muitas propriedades pelo País.
De acordo com o presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar (FPAF), deputado Heitor Schuch (PSB/RS), que participará do encontro, a comitiva irá reforçar ao governo a necessidade de criação de uma cota de importação de leite do Mercosul como medida para tentar recuperar o preço do litro aos agricultores brasileiros. Conforme dados da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS), no primeiro semestre, o aumento das compras de lácteos de Argentina, Uruguai e Paraguai chegou a 283%. Se considerado apenas o leite em pó, o percentual chega a 437%.
"Esse volume gigante de oferta no mercado interno acaba por derrubar o valor recebidos pelos nossos agricultores, em plena entressafra, período em que tradicionalmente, o preço deveria subir", destaca Schuch.
Com participação prevista no encontro, mas ser ter certeza se conseguiria, por conta das interrupções de tráfego em diversas estradas gaúchas devido às chuvas, o presidente da Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul (Ocergs), Darci Pedro Hartmann, disse ao Jornal do Comércio que a situação é, de fato, complicada. Segundo o dirigente, que está em Cruz Alta e já considera não conseguir pegar o voo nesta quarta-feira, a solução para o caso é muito complexa.
"Entrou tanto leite no Brasil, que até que esse estoque que entrou e ainda estava entrando seja consumido e o estoque que as indústrias têm possam ser desovados, a pressão da oferta vai ser muito grande. E nós não estamos vendo nenhum momento de recomposição. Pelo contrário, estamos vendo ainda queda de leite".
Hartmann sugere medidas paliativas, para dar algum fôlego ao setor. "Em primeiro lugar, proibir a importação. Em segundo lugar, o governo aumentar o volume de compra e enxugar esse estoque e distribuir esse leite para as organizações sociais, para que esse mercado pudesse ser reequilibrar. E aí eu acredito que, em médio prazo, poderia haver uma composição entre oferta e procura. Nós poderíamos criar um equilíbrio, e os preços poderiam novamente se estabilizar e readequar, de acordo com as necessidades do produtor", disse.
As medidas tomadas pelo governo, segundo ele, não resolvem o problema. Entre as ações anunciadas até agora estão a liberação de R$ 100 milhões para compras diretas pela Conab e ampliação do imposto para o queijo e a manteiga vindos de fora do Mercosul.
O problema é que os governos dos países exportadores não mostram sinal de pretenderem ir contra seus compatriotas em um tema que está ajustado nos moldes do bloco econômico. Em visita ao parque Assis Brasil, em Esteio, durante a mostra agropecuária, o ministro da Agricultura do Uruguai, Fernando Mattos, descartou a possibilidade de o Brasil sobretaxar a entrada de lácteos de seu país e ainda sugeriu a realização de campanhas de estímulo ao consumo de leite no Brasil, especialmente no reforço da merenda escolar. A medida, segundo ele, ajudaria a escoar a produção nacional e daria mais qualidade aos alimentos fornecidos nas escolas.
Também em Esteio, o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, adiantou que esse deverá ser um dos destinos dos produtos a serem comprados por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), em valor de R$ 100 milhões, emergencialmente, por designação do Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Estarão à mesa de reuniões, ainda, a subsecretária de Articulação em Temas Comerciais da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Heloisa Pereira, e a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres. Também, o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag-RS), Eugênio Zanetti; o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Vilson Luiz da Silva, e o produtor paranaense e coordenador do movimento nacional, Pedro Ivo Ilkiv. Ainda, a presidente da Cooperativa Baixo Tietê de leite de Birigui (SP) e coordenadora do movimento por São Paulo, Maria Celeste da Silva, e o produtor e secretário da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná, Alexandre Leal.
 
 
 
A solução é muito complexa. Entrou tanto leite no Brasil, que até que esse estoque que entrou e ainda segue entrando seja consumido e o estoque que as indústrias têm possam ser desovados, a pressão da oferta vai ser muito grande. E nós não estamos vendo nenhum momento de recomposição, pelo contrário. Estamos vendo ainda questão de queda de leite. 
Algumas coisas que poderiam ser paliativas seriam, primeiro lugar: proibir a importação, segundo lugar governo aumentar o volume de compra e enxugar esse estoque e distribuir esse leite para as organizações sociais, para que esse mercado pudesse ser reequilibrar. E aí eu acredito que, médio prazo, poderia haver uma composição entre oferta e procura. Nós podemos criar um equilíbrio e os preços poderiam novamente se estabilizar e readequar de acordo com as necessidades do produtor.