Tecnologia digital e bioinsumos potencializam agro brasileiro, diz CEO da SLC Agrícola

Aurélio Pavinato disse no Tá na Mesa, da Federasul, que país precisa enfrentar desmatamento ilegal para ampliar mercados

Por Claudio Medaglia

Eficiência e sustentabilidade são pilares do grupo, revelou Pavinato
A combinação de agricultura digital e uso de biológicos irá revolucionar a atividade agrícola e potencializar, ainda mais, o Brasil como grande produtor mundial de grãos. A aposta é do diretor-presidente da SLC Agrícola, Aurélio Pavinato, que apresentou nesta quarta-feira a palestra "Agro – Produção e sustentabilidade no cenário mundial", durante a reunião-almoço Tá na Mesa, da Federasul.
O dirigente da empresa, uma das precursoras em sustentabilidade no setor, mostrou um repleto de oportunidades, mas também de desafios a serem superados pelos produtores nacionais para alcançar o topo desse mercado. Destacou que o gráfico do crescimento populacional no planeta aponta um salto das 8 bilhões de pessoas hoje para quase 10 bilhões de pessoas em 2050. E que esse crescimento irá, evidentemente, demandar aumento na oferta de alimentos.
Nessa esteira, o caminho a ser percorrido deve unir produção e sustentabilidade, uma trilha que já vem sendo percorrida e aprimorada. Basta ver que nos últimos 40 anos, a área agrícola aumentou 16% no mundo, passando de 855 milhões de hectares no início da década de 1980 para 997 milhões. No mesmo período, a produção cresceu 112%, de 1,6 bilhão de toneladas de grãos para praticamente 3,5 bilhões de toneladas. Um salto de 82% na produtividade. No Brasil, porém, a eficiência foi ainda maior. A produtividade aumentou 227%. E a produção cresceu 521%, ultrapassando, com folga, a barreira das 300 milhões de toneladas anuais.
O CEO da SLC Agrícola mostrou que de eficiência e produção, a empresa entende bem. Apostando no uso das tecnologias digitais para melhorar resultados a campo, o grupo vem qualificando seu time para fazer a correta aplicação de insumos, evitando desperdícios e aumentando a lucratividade.
A empresa investiu em conectividade. Por meio de acordos com as principais operadoras de telefonia, a internet 4G está presente em todos 670 mil hectares das 22 fazendas do grupo, espalhadas por sete Estados do cerrado brasileiro.
“Assim, conseguimos, com o uso das tecnologias digitais, fazer uma distribuição de pontos e densidade amostral, produzir mapas de diagnóstico de pragas e fazer a prescrição de aplicação localizada de defensivos. Esses dados são enviados diretamente, por aplicativo, aos equipamentos que irão a campo. Práticas como essas nos permitiram obter um ganho líquido de R$ 82 milhões na safra 2022-2023. E ganha também o ambiente, com a menor aplicação de insumos”, disse Pavinato.
E, com investimentos anuais em torno de R$ 50 milhões em pesquisas, a empresa foca em ajustar o pacote tecnológico disponível. Atualmente, 64 pesquisadores atuam em uma área total de 1,3 mil hectares, distribuída entre todas as fazendas, para maximizar a eficiência do sistema. Outra meta é reduzir ainda mais o uso de produtos químicos. O projeto em curso está concentrado no desenvolvimento de defensivos naturais, que fazem uso de microrganismos para combater pragas e doenças nas culturas de soja, milho e algodão. São 15 biofábricas nas fazendas, que trabalham para o controle de pragas.
“Aumentamos as populações de inimigos naturais e, assim, diminuímos a pressão exercida pelas pragas sobre as lavouras”, observou o CEO do grupo.
Com 4,3 mil colaboradores fixos e 1,6 mil safristas, a SLC Agrícola obteve faturamento de R$ 7,4 bilhões em 2022, com lucro líquido de R$ 1,3 bilhão. E pretende seguir crescendo com base em princípios de ESG, sigla internacional para ações de proteção ao meio ambiente, sustentabilidade e de governança. O tema é adotado desde 2010 pela SLC, que em 2015 parou de comprar áreas de terra para exploração e desde o final do ano agrícola 2020-2021 não expande suas operações em áreas desmatadas ou nativas.
“Utilizamos apenas terras maduras ou áreas de pastagens. O desmatamento ilegal é péssimo para a imagem do agronegócio brasileiro no exterior. O governo federal deveria agir fortemente em combate a esse crime para posicionar o País em um patamar de acordo com a visão global sobre o assunto. Nos faltam ação e comunicação adequadas para vender todo o potencial de mercado do agro brasileiro”, finalizou Pavinato.