Em meio a forte crise, Piá elege nova diretoria nesta segunda-feira

Com dívida de R$ 260 milhões, cooperativa precisa recuperar credibilidade para voltar a operar e seguir atuando no mercado

Por Claudio Medaglia

Seger aposta na volta da gestão profissional para resgatar cooperativa
Assembleia Geral Extraordinária marcada para a manhã desta segunda-feira (19) irá definir os nomes que comporão a nova diretoria e o conselho administrativo da Cooperativa Piá, com sede em Nova Petrópolis. A empresa enfrenta forte crise, agravada nos últimos meses pela falta de pagamento aos fornecedores de leite, o que fez despencar o volume entregue para processamento e parar as atividades em diversos setores.
A nova diretoria ficará no cargo até março de 2025, completando a gestão em curso. Além de Ari Arsênio Boelter, Jonas Gottschalk e Jorge Vilson Dinnebier, que se habilitaram a atuar na diretoria, os cerca de 20 mil sócios aptos irão escolher oito entre 11 candidatos ao Conselho Administrativo. Os escolhidos irão se juntar a Elton Bischoff, único integrante da gestão anterior que não renunciou ao cargo em 17 de maio.
A assembleia ocorrerá na sede da associação dos funcionários da cooperativa, a partir das 9h, em última chamada. E será o ponto de partida para a definição dos novos rumos da Piá.
Com uma dívida de R$ 260 milhões, a Piá tenta agora se reerguer a partir da retomada do formato que foi considerado modelo de gestão, implantado há 57 anos e abandonado em 2011. O primeiro passo, dizem integrantes do comando interino da cooperativa, é resgatar a credibilidade junto ao mercado. 
“Há o compromisso das pessoas que se apresentam para assumir o comando em adotar um modelo de governança, com a contratação de uma diretoria executiva, profissional, com conhecimento de mercado, para gerir a cooperativa e prestar contas aos diretores eleitos”, diz o presidente interino, Severino Seger.
Caberá a esse grupo, também, segundo o dirigente, dar andamento às negociações com o instituições financeiras, possíveis parceiros e credores. Tratativas já estão em andamento, em busca de flexibilidade em relação à dívida já consolidada junto aos bancos e a contratação de novos financiamentos, considerados essenciais para devolver capital de giro à Piá e fazer a engrenagem voltar a funcionar. Há também sondagens pela negociação com outras cooperativas, embora o formato dessas operações ainda esteja indefinido.
“A Piá vinha trabalhando com cerca de 1,5 mil produtores de leite parceiros, que entregavam, mais recentemente, em torno de 180 mil litros diários. Atualmente, são menos de cem famílias que seguem encaminhando sua produção média de 9 mil litros por dia à cooperativa. Os demais buscaram outros destinos, por não terem recebido valores em atraso. Mas queremos resgatá-los”, acrescenta Seger.
A volta desse grupo depende, claro, da retomada das atividades da Piá, da entrada de recursos para a cooperativa e, assim, a segurança em receber pelo leite entregue por eles. E, por isso, a situação é tão complexa. Afinal, esse é um ciclo que não se completa sem uma das etapas.
A mobilização é grande em socorro à Piá. Prefeituras da região, onde dezenas de milhares de famílias se relacionam de alguma forma com a cooperativa, cujos negócios movimentam a economia e geram milhões em tributos, acompanham de perto a situação, na esperança da recuperação. A própria Assembleia Legislativa, por meio de parlamentares associados ou ligados ao meio cooperativo, também procura alternativas. Mas, para a Piá, o futuro precisa recomeçar.