Com nível tecnológico superior ao de muitos países europeus, os fabricantes gaúchos de máquinas e implementos agrícolas respondem por 60% das empresas do setor no Brasil. E a natureza agrícola do Estado diz muito sobre essa performance e ajuda a pautar os rumos da inovação embarcada em cada lançamento para as lavouras. A análise é da diretora comercial da Semeato e vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), Carolina Rossato. Segundo ela, os avanços da indústria nacional permitiram ao Estado chegar a uma condição avançada em termos agronômicos, como conservação de solo, meio ambiente e plantio direto. Esse modelo, aliás, serve também como alicerce para alavancar uma agricultura ainda mais eficiente e sustentável.
A necessidade do campo em obter cada vez mais produtividade e qualidade determina os rumos, o ritmo e o volume dos investimentos das indústrias de máquinas agrícolas. A busca é por tecnologias que diminuam o trabalho de homens e mulheres que produzem alimentos para mesa dos brasileiros ou exportação, auxiliando a balança comercial do País.
"Os investimentos industriais precisam ser feitos. A concorrência de mercado é gigante, o agricultor demanda tecnologia a cada safra e plantio. Mas, sem financiamento, existe uma barreira: a agricultura é uma atividade a céu aberto, em um país onde seguros agrícolas são escassos", pontua Carolina.
O mercado do setor tem números diretamente ligados à cotação e ao volume colhido de soja, principal commodity do agronegócio e, principalmente, aos recursos disponíveis para o Plano-Safra vigente. Os anos da pandemia foram de alta das commodities, mas de uma inflação "sobrenatural" dos materiais e falta de suprimento da cadeia como um todo. "Os lançamentos e investimentos na indústria são contínuos e necessários para sua sobrevivência e avanço tecnológico, já que a indústria de máquinas agrícolas brasileira está à frente de muitos países da América do Norte e Europa, assim como a agricultura brasileira", analisa a dirigente do Simers.
Segundo ela, as sucessivas quebras na colheita de milho e soja, principalmente, em função da estiagem, afetam todo o Rio Grande do Sul.