O ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, declarou ontem estado de alerta após a detecção de presença do vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade - H5N1 - em duas aves silvestres no litoral do Espírito Santo. Os casos, entretanto, não afetam a condição do Brasil como País livre da doença, tampouco impõem restrições ao comércio internacional de produtos avícolas.
O Serviço Veterinário Oficial iniciou a investigação na quarta-feira da semana passada, após notificação recebida pelo Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (IPRAM) de Cariacica.
Foram resgatadas duas aves marinhas da espécie Thalasseus acuflavidus - cujo nome popular é Trinta-réis-de-bando - uma localizada no município de Marataízes e outra no bairro Jardim Camburi, em Vitória, ambas no litoral capixaba.
Amostras biológicas foram colhidas e enviadas ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo, unidade de referência da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), que confirmou os primeiros casos de gripe aviária registrados no Brasil. A doença viral é altamente contagiosa, afetando, principalmente, aves silvestres e domésticas.
Conforme o Ministério de Agricultura e Pecuária, dependendo da evolução das investigações e do cenário epidemiológico, novas medidas sanitárias poderão ser adotadas pelos órgãos federais e estaduais de sanidade agropecuária para evitar a disseminação e proteger a cadeia avícola nacional. Ao mesmo tempo, ações de comunicação sobre a doença e as principais medidas de prevenção serão intensificadas.
Infecções humanas pelo vírus da Influenza Aviária podem ser adquiridas, principalmente, por meio do contato direto com aves infectadas (vivas ou mortas).
Por isso, o Mapa pede que, ao avistar aves doentes, o serviço veterinário local seja avisado. E alerta ainda para que as pessoas não toquem nem recolham aves doentes.
A confirmação dos casos mobilizou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que emitiu nota. A entidade informa que ela e todo o setor produtivo, juntamente com a Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo seguem mobilizados para o monitoramento da situação identificada naquele estado, por meio do comitê de crise denominado Grupo Especial de Prevenção à Influenza Aviária.
Reitera que a situação não ocorreu dentro do sistema industrial brasileiro, que segue rígidos protocolos de biosseguridade e que é totalmente seguro o consumo da carne de aves e ovos, segundo informações cientificamente respaldadas pela OMSA, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura e outros órgãos reconhecidos internacionalmente: "...não há qualquer mudança em relação ao abastecimento interno de produtos. Também não são esperadas mudanças no fluxo de comércio internacional de produtos brasileiros, tendo como princípio as recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal", diz a nota.