Missões à China foram positivas, diz Associação Brasileira de Proteína Animal

Apesar de pautas importantes ainda estarem pendentes, produtores de proteína animal comemoram avanços em negociações

Por Claudio Medaglia

Santin destacou a importância de o Brasil continuar investindo em biosseguridade para manter mercados
A retomada do ritmo pré-pandemia na rotina da China referenda o entusiasmo do setor avícola após as missões do Ministério da Agricultura e Pecuária e da Presidência da República àquele país. Ainda que algumas das expectativas tenham ficado pendentes, como a
Além da habilitação de quatro novas plantas frigoríficas brasileiras para exportação e da liberação de uma planta de aves que estava suspensa, muitos documentos foram trocados. Isso sem falar no compromisso firmado para a agilização da análise das condições gaúchas e paranaenses para que a China adote a mesma postura da Organização Mundial de Saúde Animal e reconheça o Rio Grande do Sul e do Paraná como áreas livres de febre aftosa sem vacinação. Igualmente, o Brasil deve acelerar o convite para que as autoridades chinesas venham conferir in loco o status sanitário dos dois estados e a qualidade dos serviços de fiscalização e controle estaduais e federal.
“Toda missão planta sementes. E essas mostraram uma China cada vez mais parceiro comercial do Brasil. O mundo continua vivendo a crise de influenza aviária. E isso não deve interromper a nossa produção. Também há o ressurgimento da peste suína africana. Por isso temos de continuar investindo em biosseguridade. As exportações de carne suína e de frango cresceram 16% e 15%, respectivamente, no primeiro trimestre de 2023 sobre o mesmo período do ano passado, o que pode levar a resultados bastante expressivos até o final do ano”, acrescentou Santin.
A expectativa para o reconhecimento do RS e do Paraná como livres de aftosa sem vacinação se justifica pelos números. A mudança aumentaria o escopo das exportações pelos frigoríficos gaúchos já habilitados para a venda de carne desossada. Com a liberação para o embarque de carne com osso e miúdos, o potencial seria para um aumento na receita de até US$ 100 milhões por ano. E se forem autorizadas plantas paranaenses, o valor subiria a até US$ 150 milhões anuais, projetou o presidente do sindicato das Indústrias de Produtos Suínos, José Roberto Goulart.
Durante o evento na Asgav, a necessidade de medidas e investimentos estaduais e federais para dar competitividade aos produtores de proteína animal foi tema recorrente. “Apesar de todas as dificuldades e adversidades que enfrentamos nos últimos anos, conseguimos manter com muita persistência o nosso compromisso de produzir alimentos para milhões de pessoas no Brasil e no exterior, mas precisamos de medidas urgentes de apoio à competitividade ou poderemos ter retrocesso em nosso complexo agroindustrial”, o presidente executivo da Asgav, José Eduardo dos Santos.
Entre os pontos no radar do setor estão a revisão do corte de créditos presumidos condicionados ao Fator de Ajuste de Fruição da Secretaria da Fazenda (FAF), medidas de isonomia e equilíbrio competitivo para evitar o excesso de produtos avícolas de outros estados no RS e, apoio para o enfrentamento das dificuldades ocasionadas pela terceira estiagem consecutiva. Também, ações para mitigar o alto custo logístico para internação de milho no estado, políticas mais dinâmicas e efetivas para viabilizar a irrigação e a reservação de água e viabilizar processo de habilitação de indústrias e cooperativas que buscam exportar para a China, principal parceiro comercial do Brasil. Apoio ao Programa Duas Safras de Grãos para o RS e Cereais de inverno, para viabilizar a Ferrovia Ferroeste, ligando Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, o que reduziria custos de transporte de produtos e matéria-prima, além de investimentos e atenção aos serviços de Defesa Sanitária no RS também foram elencados como demandas importantes.