Colheita da noz pecan será aberta oficialmente em Santa Maria

Rio Grande do Sul é responsável por 70% da produção nacional, estimada em 7 mil toneladas para a safra 2023

Por Claudio Medaglia

Produtores da fruta esperam ampliar vendas para o mercado interno e abrir novos clientes internacionais
Com uma produção estimada em torno de 5 mil mil toneladas em 2023, o Rio Grande do Sul começa a colher os frutos desta safra. A solenidade de abertura da 5ª Abertura Oficial da Colheita da Noz Pecan no Estado do Rio Grande do Sul, será realizada na sexta-feira (14),  na Fazenda Santa Leocádia, no distrito de Santa Flora, em Santa Maria. O evento reforça o contexto de fortalecimento da atividade, introduzida no Rio Grande do Sul na década de 1970 mas que começou a ganhar impulso apenas a partir da virada dos anos 2000.
A produção gaúcha corresponde a 70% da safra nacional e é desenvolvida por cerca de 1,4 mil produtores em 200 municípios. O Estado também abriga 90% das indústrias processadoras desse tipo de noz no País, cuja safra deve totalizar 7 mil toneladas. E, desse total a ser colhido, estima-se que apenas 4 mil toneladas sejam suficientes para abastecer o mercado interno.
Com exportações em pequenos volumes, cresce a expectativa sobre a possibilidade de abertura do mercado chinês, um anseio antigo dos produtores brasileiros, já que aquele país asiático importa anualmente 45 mil toneladas da fruta.
“Temos conversado muito com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que já cumpriu todos os protocolos e atendeu os requisitos da China para nos habilitar como fornecedores. Por isso, consideramos fundamental a missão presidencial em curso. A ida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ser um elemento a mais para desmanchar os empecilhos à conquista desse espaço. Entendemos que a questão é mais política do que técnica, neste momento. E a expectativa é grande”, diz o presidente do Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan), Eduardo Basso.
Esse deve ser um dos temas tratados na coletiva de imprensa marcada para a manhã desta quinta-feira (13), na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado (Sedec). A abertura das exportações foi uma das demandas entabuladas no final de março junto às autoridades chinesas pela comitiva gaúcha que acompanhou a representação brasileira em Pequim, comandada pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. O diretor de Promoção Comercial e Assuntos Internacionais da Sedec, Evaldo da Silva Júnior, e um grupo gaúcho que integravam a missão retornaram ao País na semana passada, dias depois de Fávaro. Eles alongaram a estada na China para continuar tratando desse e de outros temas de interesse do Estado. 
“Atualmente, já temos de buscar mercados para cerca de 3 mil toneladas. A China seria um cliente fantástico, que asseguraria a absorção de todo o nosso excedente, com uma valorização enorme. Enquanto as indústrias brasileiras remuneraram o produtor com R$ 14 pelo quilo da noz pecan com casca, temos obtido entre R$ 19 e R$ 20 com exportações. No último final de semana, fechamos a venda de 200 toneladas para o Líbano”, lembra Basso.
Em 2021, o Brasil exportou 450 toneladas do fruto para a Tailândia e Hong Kong. No ano passado, foram 75 toneladas para o Líbano e outras 230 toneladas para a Espanha.
Por outro lado, as possibilidades de ampliação do volume colocado no mercado local empolgam o setor. Afinal, tudo é uma questão de cultura. Enquanto nos Estados Unidos são consumidas quatro frutas por habitante ao dia, no Brasil o número não passa de duas unidades per capita anuais. “Ainda que não seja um produto acessível à maioria da população, temos público mais que suficiente com padrão econômico elevado para consumir em maior quantidade”, destaca a coordenadora de Turismo Rural do IBPecan, Maria Tereza De Carli.
O IBPecan calcula que sejam 10 mil hectares plantados em todo o Brasil, dos quais 6 mil em produção. A entidade estima que em cinco anos todas as plantas estejam produzindo, o que pode levar a uma colheita anual de até 14 mil toneladas. Com custo de produção em torno de R$ 12 por quilo, o produto chega ao consumidor final a preços quase 10 vezes mais altos, dependendo dos pontos de venda.

Para o evento de abertura da colheita, a expectativa é de que estejam presentes mais de 300 representantes de toda cadeia produtiva do setor, além de autoridades municipais e estaduais. A realização é da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul (Seapi) em conjunto com o IBPecan e a prefeitura de Santa Maria.
Uma série de atividades está prevista para todo o dia, visando conectar pessoas e ideias, aumentar a representatividade do setor, difundir conhecimentos técnicos e fechar negócios. O ponto alto será o almoço gastronômico, no qual os convidados inscritos e com presença confirmada, em volta do fogo de chão, poderão saborear diferentes pratos em que a pecan é utilizada como ingrediente ou em molhos para acompanhamento. Entre outras delícias, serão servidos cordeiro da Patagônia, costelão, brisket, risotos, saladas, pães, tortas, bolos, muffins e cookies.

PROGRAMAÇÃO
8h às 9h - Recepção e cadastramento dos convidados.
9h às 11h - Panorama da pecan no Brasil, riqueza nutricional e a diversidade gastronômica da fruta.
11h às 12h - Abertura oficial da colheita da pecan com a presença de autoridades.
12h às 14h - Almoço gastronômico para os presentes.
14h às 16h30 - Estações técnicas, com apoio da Emater, sobre a cultura da pecan e exposição de empresas e instituições que fazem parte da cadeia produtiva:
- Estação com os novos produtos biológicos e suas características;
- Estação com os pulverizadores e atomizadores;
- Estação com os sistemas de irrigação e suas características.
- Estação associativismo, com representante do IBPecan.
17h - Encerramento.