Associados da Languiru votam nesta quinta-feira parceria com chineses

Cerca de um terço dos cooperados estão aptos a votar na assembleia marcada para começar às 8h30min, em Teutônia

Por Claudio Medaglia

Cooperativa Languiru - ampliação do setor de industrializados e vestiários no Frigorífico de Suínos
Cerca de 2 mil entre os 5,7 mil associados da Cooperativa Languiru Ltda, de Teutônia, estão aptos a participar da Assembleia Geral Ordinária marcada para esta quinta-feira (30) e que deverá definir os rumos da empresa. No encontro, além da prestação de contas do exercício de 2022, da apresentação do relatório da gestão, do balanço patrimonial e da eleição e posse do Conselho Fiscal, estará na pauta o avanço das negociações com o grupo chinês ITG Tianjiao para venda do controle das operações de aves, suínos, bovinos e ração animal.
Nas últimas semanas, o tema concentra as atenções da diretoria, de cooperados, fornecedores, prestadores de serviços e até de prefeituras de municípios da região, cujas economias estão fortemente ligadas às atividades da Languiru. A assembleia será a última etapa nas discussões sobre a parceria que levaria à criação de uma joint venture e à recuperação financeira da cooperativa, com dívidas em torno de R$ 1 bilhão com agentes financeiros e terceiros.
A aprovação do acordo com os asiáticos é vista como o movimento necessário no momento pela associada Elaine Zwirtes, 56 anos, e pelo marido, José Mathias, 64, de Estrela. Com uma matricula cada um, eles irão à assembleia com o pensamento de avalizar a formação da parceria.
Produtores de leite, eles entregam atualmente cerca de 700 litros diários à cooperativa. A família é parceira da Languiru há mais de 30 anos. Embora tenha passado por outro momento difícil no início dos anos 2000, Elaine afirma que a situação, à época, era muito menos complicada que a atual para a cooperativa. Por isso, ainda que as operações com leite já tenham sido negociadas com a Lactalis do Brasil, o receio quanto à saúde financeira da empresa preocupa.
“Ao fim e ao cabo, somos sócios, e nossos bens estarão em risco se a Languiru falir. Por isso, entendemos que a melhor saída neste momento é o acordo com os chineses”, diz a produtora.
Elaine faz uma ponderação ao argumento da diretoria da cooperativa, de que quanto maior for o percentual vendido, mais dinheiro entrará à Languiru. “Tenho receio de que, com menor percentual, a cooperativa perca poder de comando e de voz na hora das tomadas de decisão. Mas entendo que é preciso devolver capital de giro à cooperativa”, observa.
A internacionalização da Languiru é defendida pelo presidente, Dirceu Bayer, como caminho para estancar os prejuízos com as operações de aves e frangos, que chegaram a R$ 400 milhões nos últimos dois anos. Segundo ele, a Languiru manterá as operações que dão resultado positivo e abriria mão de ativos que hoje comprometem a empresa.
“Esses produtos, comercializados na china, têm valor 60% maior que no Brasil. É um ótimo negócio para a ITG, mas também para nós, que diminuiremos de tamanho mas teríamos receita compatível com nossa capacidade e necessidade”, justifica o dirigente.
A assembleia será realizada às 8h30min, em terceira e última chamada, na Associação dos Funcionários da Cooperativa Languiru, no km 1 da Rodovia ERS-419, em Teutônia. Se aprovada a parceria, será iniciado um processo minucioso de auditoria pelos chineses para avaliar se confirmam ou não a intenção de compra de ativos da cooperativa e que valores serão propostos.