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Agro

Cooperativa

- Publicada em 27 de Março de 2023 às 19:33

Languiru reúne associados, expõe drama e avalia parceria com chineses

Reuniões prévias com produtores de aves, suínos, leite, bovinos de corte e grãos antecedem Assembleia Geral Ordinária do dia 30 de março

Reuniões prévias com produtores de aves, suínos, leite, bovinos de corte e grãos antecedem Assembleia Geral Ordinária do dia 30 de março


Éderson Moisés Käfer/Divulgação/JC
A diretoria da Cooperativa Languiru reuniu associados nesta segunda-feira (27) para expor a difícil situação financeira da empresa e as possibilidades diante do interesse da chinesa ITG Tianjiao na aquisição de seus ativos. Cerca de 500 pessoas participaram do encontro, preparatório para a Assembleia Geral Ordinária marcada para esta quinta-feira, quando será votada a aprovação ou não do negócio encaminhado a partir da assinatura de um protocolo de intenções com o grupo chinês, na semana passada. Nova reunião está prevista para esta terça-feira, com o mesmo objetivo.
A diretoria da Cooperativa Languiru reuniu associados nesta segunda-feira (27) para expor a difícil situação financeira da empresa e as possibilidades diante do interesse da chinesa ITG Tianjiao na aquisição de seus ativos. Cerca de 500 pessoas participaram do encontro, preparatório para a Assembleia Geral Ordinária marcada para esta quinta-feira, quando será votada a aprovação ou não do negócio encaminhado a partir da assinatura de um protocolo de intenções com o grupo chinês, na semana passada. Nova reunião está prevista para esta terça-feira, com o mesmo objetivo.
A intenção da diretoria é esclarecer as dúvidas dos produtores de aves, suínos, leite, bovinos de corte e grãos, diante de um ambiente de tensão, desconfiança e incertezas quanto ao futuro da cooperativa.
Números e indicadores da Languiru foram apresentados, com detalhamento de negociações relacionadas às cadeias produtivas e explicações sobre a relação com os chineses. A diretoria entende que o acordo poderá originar uma parceria capaz de dar continuidade às atividades da cooperativa, que passa por momento de “extrema dificuldade”. A decisão quanto à venda ou não de ativos da Languiru será levada à àssembleia, com os associados decidindo os rumos da cooperativa.

Indicadores
O superintendente Administrativo, Comercial e Financeiro, Rafael Lagemann, e a gerente executiva de Controladoria, Carla Gregory, trouxeram os números da Languiru referentes ao exercício de 2022, indicadores que serão apreciados pelos associados na Assembleia. O Balanço Contábil e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), que já foram pauta de discussão anterior do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal da Languiru, igualmente foram tratados em reunião de Líderes de Núcleo, no dia 17 de março.
“Os números comprovam a piora do cenário num comparativo dos exercícios de 2021 e 2022. Os segmentos de aves e suínos carregam grande prejuízo nesse período. Ao mesmo tempo, a Languiru é muito impactada pela alta carga de juros do mercado financeiro e do preço das commodities, com os preços nas gôndolas não cobrindo isso. O custo do dinheiro é muito alto para mantermos toda essa engrenagem ativa”, enumerou Lagemann, adiantando que o cenário não permite vislumbrar uma melhora com redução da taxa Selic, por exemplo.
O desempenho dos setores de aves, suínos, leite e rações foi detalhado aos associados. Valores vencidos com fornecedores também foram postos à mesa, com ênfase às dificuldades para renovação de operações do dia a dia, de custeio de capital de giro. “Isso fez com que o nosso caixa fosse comprometido”, explicou Lagemann.
Parceria
Essa perda de capacidade financeira e de recursos levou a Languiru a buscar por parcerias que pudessem viabilizar as suas atividades. O processo está sendo acompanhado de perto por empresa especializada em negociações com o mercado financeiro, especialmente bancos e fundos, e parceiros locais e estrangeiros.
Se a parceria com a ITG Tianjiao for acolhida na assembleia, a empresa asiática deve enviar ao Brasil uma equipe para conduzir um processo de inspeção e avaliação, que deverá ser acompanhado pelos conselhos de Administração e Fiscal da Languiru, além de comissões de associados. A parceria, se formalizada, pretende contemplar os segmentos de carnes (aves, suínos e bovinos de corte) e nutrição animal da Languiru, com ITG Tianjiao e TJJT manifestando intenção em aquisição de parte das operações da Cooperativa como estratégia global do grupo com atuação no ramo de alimentação.
“Se aprovada pelo grupo chinês, a negociação terá a constituição de uma nova empresa com a participação da Languiru e do parceiro. Os percentuais de participação dependerão da avaliação a ser realizada”, explicou o superintendente Industrial e de Fomento Agropecuário, Anderson Xavier.
Negociações
O processo de renegociação da dívida financeira da cooperativa também foi detalhado. Derci Alcântara, da CD Capital, empresa contratada para auxiliar nesse encaminhamento, explicou os procedimentos adotados. Além da negociação para alongar o perfil da dívida junto aos agentes financeiros, a empresa também está envolvida na negociação com possíveis empresas parceiras.
“A proposta é de prorrogação de endividamento de curto prazo, manutenção das taxas de juros de crédito rural, que são as mais baixas do mercado, e limitação na renovação das taxas mais altas; e quatro meses de paralisação total de todo e qualquer endividamento, inclusive juros. A dívida da Languiru é alta com as taxas de juros atuais, não há atividade que pague isso, principalmente quando a maioria está concentrada no curto prazo com taxa Selic”, explicou Alcântara, frisando que as condições postas dependem de aprovação de desimobilização da cooperativa a partir da assembleia.
No processo de busca por eventuais parceiros para a Languiru, Xavier lembrou visitas a outras cooperativas do Rio Grande do Sul e outros Estados. “Entretanto, o momento não é propício para quem vende. A atual taxa de juros brasileira inviabiliza investimentos. O interesse de empresa da China, além de injetar recursos na Languiru, possibilita que nossos produtos também cheguem ao mercado chinês, que é muito mais rentável e, inclusive, acena com excelente oportunidade de incremento dos volumes produzidos”, exemplificou.
O vice-presidente, Cesar Wilsmann, acrescentou que a busca por parcerias é primordial. “É nossa única saída. A Languiru não tem como enfrentar mais um ano de crise sem termos alguém que se associe à cooperativa. As tratativas com o grupo chinês são as mais adiantadas, possibilitam a continuidade da Languiru e da produção de seus associados, que seguirão sendo atendidos pelo nosso Departamento Técnico. Também seguimos com a nossa marca”, explicou.
Produção no campo e exportação
Xavier esclareceu dúvidas dos associados com relação à produção no campo. “Nenhuma empresa vem para a região e paga menos que outras empresas concorrentes estabelecidas. Com certeza, o pagamento aos produtores será justo, independente do parceiro, com possibilidade de crescimento, o que é benéfico para os produtores rurais”, disse, citando a capacidade produtiva dos frigoríficos da Languiru.
No que diz respeito ao mercado externo, explicou que atualmente a Languiru possui habilitação para diversos países, mas ainda não está apta a negociar com o rentável mercado da China, com elevada demanda em consumo de proteína animal. “Se hoje tivéssemos essa habilitação, com certeza os frigoríficos de aves e de suínos seriam viáveis.”
Nesta semana, uma representação do governo do Rio Grande do Sul que acompanha a missão liderada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, na China, tenta encaminhar a habilitação de uma planta frigorífica de aves da Languiru para exportar àquele país. O movimento é mais um feito pelo Palácio Piratini na tentativa de ajudar a cooperativa. O governo gaúcho foi um dos agentes a intermediar a aproximação entre a cooperativa e a ITG Tianjiao.
Associados que se manifestaram defenderam a necessidade de encontrar forma “sensata” de resolver o problema. Também se disseram preocupados com atendimento a possíveis novas exigências no campo, com novas dívidas, com a possibilidade de se manifestar numa eventual nova empresa que viesse a ser constituída a partir do aceite pela parceria, e com a nutrição dos animais diante da dificuldade da Languiru.
“Nenhum negócio será feito se os associados não apoiarem a parceria. Essa é a alternativa que existe. Tenho as mesmas inseguranças de todos os associados, tenho financiamento e investi na propriedade. Precisamos escolher um caminho. O mundo está globalizado, as empresas estão se unindo, se associando umas às outras, não podemos mais continuar fora disso”, concluiu Wilsmann.
A coordenadora jurídica da Languiru, Renata R. Madalosso Rosa, citou legislação específica para a preservação dos produtores rurais e mencionou os trâmites a serem adotados na Assembleia.

União de esforços
O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador, se manifestou na reunião com associados do segmento na tarde de segunda-feira e pediu a união de esforços. “Eu acredito no que está sendo apresentado pela Cooperativa. Na minha visão, não temos outra saída a não ser apostar nessa parceria. Podem ocorrer alguns ‘arranhões’ como em qualquer outro negócio, mas acredito nessa proposta. Estejam junto da Languiru, questionem, falem o que pensam, com civilidade, e filtrem o que ouvem ali fora. Vamos unir esforços, avaliem o que está sendo apresentado e, se alguém tem alguma fórmula diferente, que proponha, do contrário, o barco vai afundar”, disse, pedindo a participação dos associados na Assembleia.
A diretoria da Cooperativa Languiru reuniu associados nesta segunda-feira (27) para expor a difícil situação financeira da empresa e as possibilidades diante do interesse da chinesa ITG Tianjiao na aquisição de seus ativos. Cerca de 500 pessoas participaram do encontro, preparatório para a Assembleia Geral Ordinária marcada para esta quinta-feira, quando será votada a aprovação ou não do negócio encaminhado a partir da assinatura de um protocolo de intenções pelo grupo chinês, na semana passada. Nova reunião está prevista para esta terça-feira, com o mesmo objetivo.
A intenção da diretoria é esclarecer as dúvidas dos produtores de aves, suínos, leite, bovinos de corte e grãos, diante de um ambiente de tensão, desconfiança e incertezas quanto ao futuro da cooperativa.
Números e indicadores da Languiru foram apresentados, com detalhamento de negociações relacionadas às cadeias produtivas e explicações sobre a relação com os chineses. A diretoria entende que o acordo poderá originar uma parceria capaz de dar continuidade às atividades da cooperativa, que passa por momento de “extrema dificuldade”. A decisão quanto à venda ou não de ativos da Languiru será levada à àssembleia, com os associados decidindo os rumos da cooperativa.

Indicadores
O superintendente Administrativo, Comercial e Financeiro, Rafael Lagemann, e a gerente executiva de Controladoria, Carla Gregory, trouxeram os números da Languiru referentes ao exercício de 2022, indicadores que serão apreciados pelos associados na Assembleia. O Balanço Contábil e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), que já foram pauta de discussão anterior do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal da Languiru, igualmente foram tratados em reunião de Líderes de Núcleo, no dia 17 de março.
“Os números comprovam a piora do cenário num comparativo dos exercícios de 2021 e 2022. Os segmentos de aves e suínos carregam grande prejuízo nesse período. Ao mesmo tempo, a Languiru é muito impactada pela alta carga de juros do mercado financeiro e do preço das commodities, com os preços nas gôndolas não cobrindo isso. O custo do dinheiro é muito alto para mantermos toda essa engrenagem ativa”, enumerou Lagemann, adiantando que o cenário não permite vislumbrar uma melhora com redução da taxa Selic, por exemplo.
O desempenho dos setores de aves, suínos, leite e rações foi detalhado aos associados. Valores vencidos com fornecedores também foram postos à mesa, com ênfase às dificuldades para renovação de operações do dia a dia, de custeio de capital de giro. “Isso fez com que o nosso caixa fosse comprometido”, explicou Lagemann.
Parceria
Essa perda de capacidade financeira e de recursos levou a Languiru a buscar por parcerias que pudessem viabilizar as suas atividades. O processo está sendo acompanhado de perto por empresa especializada em negociações com o mercado financeiro, especialmente bancos e fundos, e parceiros locais e estrangeiros.
Se a parceria com a ITG Tianjiao for acolhida na assembleia, a empresa asiática deve enviar ao Brasil uma equipe para conduzir um processo de inspeção e avaliação, que deverá ser acompanhado pelos conselhos de Administração e Fiscal da Languiru, além de comissões de associados. A parceria, se formalizada, pretende contemplar os segmentos de carnes (aves, suínos e bovinos de corte) e nutrição animal da Languiru, com ITG Tianjiao e TJJT manifestando intenção em aquisição de parte das operações da Cooperativa como estratégia global do grupo com atuação no ramo de alimentação.
“Se aprovada pelo grupo chinês, a negociação terá a constituição de uma nova empresa com a participação da Languiru e do parceiro. Os percentuais de participação dependerão da avaliação a ser realizada”, explicou o superintendente Industrial e de Fomento Agropecuário, Anderson Xavier.
Negociações
O processo de renegociação da dívida financeira da cooperativa também foi detalhado. Derci Alcântara, da CD Capital, empresa contratada para auxiliar nesse encaminhamento, explicou os procedimentos adotados. Além da negociação para alongar o perfil da dívida junto aos agentes financeiros, a empresa também está envolvida na negociação com possíveis empresas parceiras.
“A proposta é de prorrogação de endividamento de curto prazo, manutenção das taxas de juros de crédito rural, que são as mais baixas do mercado, e limitação na renovação das taxas mais altas; e quatro meses de paralisação total de todo e qualquer endividamento, inclusive juros. A dívida da Languiru é alta com as taxas de juros atuais, não há atividade que pague isso, principalmente quando a maioria está concentrada no curto prazo com taxa Selic”, explicou Alcântara, frisando que as condições postas dependem de aprovação de desimobilização da cooperativa a partir da assembleia.
No processo de busca por eventuais parceiros para a Languiru, Xavier lembrou visitas a outras cooperativas do Rio Grande do Sul e outros Estados. “Entretanto, o momento não é propício para quem vende. A atual taxa de juros brasileira inviabiliza investimentos. O interesse de empresa da China, além de injetar recursos na Languiru, possibilita que nossos produtos também cheguem ao mercado chinês, que é muito mais rentável e, inclusive, acena com excelente oportunidade de incremento dos volumes produzidos”, exemplificou.
O vice-presidente, Cesar Wilsmann, acrescentou que a busca por parcerias é primordial. “É nossa única saída. A Languiru não tem como enfrentar mais um ano de crise sem termos alguém que se associe à cooperativa. As tratativas com o grupo chinês são as mais adiantadas, possibilitam a continuidade da Languiru e da produção de seus associados, que seguirão sendo atendidos pelo nosso Departamento Técnico. Também seguimos com a nossa marca”, explicou.
Produção no campo e exportação
Xavier esclareceu dúvidas dos associados com relação à produção no campo. “Nenhuma empresa vem para a região e paga menos que outras empresas concorrentes estabelecidas. Com certeza, o pagamento aos produtores será justo, independente do parceiro, com possibilidade de crescimento, o que é benéfico para os produtores rurais”, disse, citando a capacidade produtiva dos frigoríficos da Languiru.
No que diz respeito ao mercado externo, explicou que atualmente a Languiru possui habilitação para diversos países, mas ainda não está apta a negociar com o rentável mercado da China, com elevada demanda em consumo de proteína animal. “Se hoje tivéssemos essa habilitação, com certeza os frigoríficos de aves e de suínos seriam viáveis.”
Nesta semana, uma representação do governo do Rio Grande do Sul que acompanha a missão liderada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, na China, tenta encaminhar a habilitação de uma planta frigorífica de aves da Languiru para exportar àquele país. O movimento é mais um feito pelo Palácio Piratini na tentativa de ajudar a cooperativa. O governo gaúcho foi um dos agentes a intermediar a aproximação entre a cooperativa e a ITG Tianjiao.
Associados que se manifestaram defenderam a necessidade de encontrar forma “sensata” de resolver o problema. Também se disseram preocupados com atendimento a possíveis novas exigências no campo, com novas dívidas, com a possibilidade de se manifestar numa eventual nova empresa que viesse a ser constituída a partir do aceite pela parceria, e com a nutrição dos animais diante da dificuldade da Languiru.
“Nenhum negócio será feito se os associados não apoiarem a parceria. Essa é a alternativa que existe. Tenho as mesmas inseguranças de todos os associados, tenho financiamento e investi na propriedade. Precisamos escolher um caminho. O mundo está globalizado, as empresas estão se unindo, se associando umas às outras, não podemos mais continuar fora disso”, concluiu Wilsmann.
A coordenadora jurídica da Languiru, Renata R. Madalosso Rosa, citou legislação específica para a preservação dos produtores rurais e mencionou os trâmites a serem adotados na Assembleia.

União de esforços
O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador, se manifestou na reunião com associados do segmento na tarde de segunda-feira e pediu a união de esforços. “Eu acredito no que está sendo apresentado pela Cooperativa. Na minha visão, não temos outra saída a não ser apostar nessa parceria. Podem ocorrer alguns ‘arranhões’ como em qualquer outro negócio, mas acredito nessa proposta. Estejam junto da Languiru, questionem, falem o que pensam, com civilidade, e filtrem o que ouvem ali fora. Vamos unir esforços, avaliem o que está sendo apresentado e, se alguém tem alguma fórmula diferente, que proponha, do contrário, o barco vai afundar”, disse, pedindo a participação dos associados na Assembleia.