A habilitação de seis plantas frigoríficas gaúchas cujas estruturas estão prontas para exportar seus produtos à China é uma das demandas da representação do governo do Estado na missão liderada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, em Pequim. A intenção é estreitar ainda mais as relações comerciais entre os dois países e abrir novos mercados para empresas do setor agropecuário e outros ramos da economia.
O diretor do Departamento de Promoção Comercial e Assuntos Internacionais (DPCI) da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Evaldo da Silva Júnior, levou na bagagem a tarefa de agilizar a liberação de embarques de produtos avícolas e bovinos. As plantas são da Cooperativa Languiru, de Teutônia, que na semana passada assinou protocolo de intenções para venda de ativos à chinesa ITG Tianjiao, da Carrer Alimentos, de Farroupilha, da Mais Frango, de Miraguaí, da Dália Alimentos, de Encantado, e do Frigorífico Nova Araçá, de Nova Araçá, todas de produtos avícolas, além do Frigorífico Silva, de Santa Maria, para carne bovina.
A missão também tenta obter o reconhecimento, pelos chineses, do status sanitário do Rio Grande do Sul como zona livre de febre aftosa sem vacinação, o que vai permitir a entrada de carne suína com osso e miúdos. O Estado já conquistou esse status sanitário pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) desde maio de 2021. O secretário de desenvolvimento econômico, Ernani Polo, que não viajou com o grupo por incompatibilidade de agenda, lembra que conquistar o reconhecimento pela China é fundamental para aumentar o volume de exportação.
“Essa restrição à venda de carne de suínos com ossos e miúdos, segundo estudos, representa em torno de R$ 100 a menos na precificação por suíno se comparado a Santa Catarina. Para citar um exemplo, os chineses pagam, em média, US$ 4 mil por tonelada dos pés dos suínos, um mercado ao qual ainda não temos acesso, e esse produto está sendo destinado para graxaria”, explica Polo.
Único Estado representado na comitiva brasileira, o Rio Grande do Sul conta ainda com a participação de 16 lideranças na viagem. A missão é composta ainda por mais de 200 empresários brasileiros e prevê a consolidação de dezenas de acordos firmados com os chineses. A participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem foi cancelada por conta de uma pneumonia. Uma nova data, ainda não definida, está sendo negociada para a ida de Lula à China. Apesar da mudança, a comitiva brasileira, que embarcou no final da semana passada, segue trabalhando e prospectando negócios para o País.
O diretor da Sedec avalia também que a viagem permite uma aproximação com lideranças dos demais países do Brics (sigla que une Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e é estratégica para atrair investimentos para o Rio Grande do Sul. A China tem forte influência na economia do Rio Grande do Sul, com participação de cerca de 30% do faturamento do agro em 2022, situação que a coloca como principal parceira comercial do Brasil. Além de Pequim, a missão vai passar por Shangai, importante centro para a realização de negócios e como centro de fundos de investimentos.
“A China é um dos maiores players mundiais em investimentos, com potenciais importadores interessados nos produtos brasileiros e, especialmente, gaúchos. Esses importadores conseguem, por exemplo, fazer um investimento numa empresa na qual têm interesse, para que ampliem a produção e, a partir disso, possam contar com mais produtos disponíveis para importação. É um investimento direto muito comum, principalmente nas questões ligadas à segurança alimentar”, diz Evaldo da Silva Jr, lembrando que dos cinco principais bancos do mundo, quatro são chineses, fato que considera significativo no que se refere à captação de recursos para investimentos.
Noz pecan gaúcha busca mercado asiático
Outro mercado que o Rio Grande do Sul pretende abrir é o de noz pecan. O Brasil tem uma produção anual de 7 mil toneladas, das quais 3 mil estão disponíveis para exportação. “A China participa de um terço nas importações mundiais de pecan, e o Brasil não tem acesso a essa possibilidade comercial", ressalta Polo. O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional, e a entrada no mercado chinês beneficiaria diretamente o Estado.
Noz pecan gaúcha busca mercado asiático
Outro mercado que o Rio Grande do Sul pretende abrir é o de noz pecan. O Brasil tem uma produção anual de 7 mil toneladas, das quais 3 mil estão disponíveis para exportação. “A China participa de um terço nas importações mundiais de pecan, e o Brasil não tem acesso a essa possibilidade comercial", ressalta Polo. O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional, e a entrada no mercado chinês beneficiaria diretamente o Estado.