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Cooperativismo

- Publicada em 22 de Março de 2023 às 12:52

Grupo chinês encaminha aquisição de parte das operações da Languiru

Jinhao Zhang (e), Liping Huang, Dirceu Bayer e Cesar Wilsmann (d) participaram da assinatura

Jinhao Zhang (e), Liping Huang, Dirceu Bayer e Cesar Wilsmann (d) participaram da assinatura


Tânia Meinerz/JC
O grupo chinês ITG Tianjiao, que atua no ramo de alimentação, firmou nesta quarta-feira (22) um protocolo de intenção para aquisição do controle das operações de aves, suínos, bovinos e rações da Cooperativa Languiru, com sede em Teutônia. Com a parceria, que ainda depende da aprovação dos associados em assembleia geral ordinária agendada para o próximo dia 30, surgirá uma joint venture cujo investimento deverá ser definido nos próximos meses, mas que girará entre R$ 380 milhões e R$ 765 milhões. O acordo foi assinado em evento no Hotel Hilton, em Porto Alegre, quando a empresa gaúcha e o grupo asiático, formado pela estatal ITG e a privada TJJT, anunciaram Fato Relevante ao Mercado. A ideia é internacionalizar ainda mais a Languiru e, em até um ano, inverter os números das exportações.“A cooperativa embarca atualmente 8% de sua produção. Queremos colocar no mercado internacional 90% do que a Languiru produz”, disse o vice-presidente de Mercado Internacional do grupo asiático, Jinhao Zhang.Além dele, participaram da assinatura a CEO da ITG, Liping Huang, o presidente da Languiru, Dirceu Bayer, e o vice, Cesar Wilsmann. Durante o ato, acompanhado presencialmente por representantes dos Conselhos Fiscal e Administrativo da cooperativa e, em videoconferência, por dezenas de representantes do conglomerado e do governo chinês, Bayer deu o tom das dificuldades enfrentadas pela gaúcha.“Há mais de dois anos temos sido colocados à prova. O aumento dos custos de produção, a pandemia, a volatilidade de produtos por conta da guerra na Ucrânia e, principalmente, a disparada histórica dos preços dos principais insumos, a alta dos juros e o custo dos financiamentos desestruturaram qualquer referência do passado. As apostas de investimento ganham uma variável de risco muito maior”, pontuou.Segundo o dirigente, chegou o momento em que a cooperativa não consegue mais caminhar sozinha. “Precisamos formar alianças, como essa que estamos firmando hoje”, acrescentou.A interlocução com os chineses se iniciou por meio da intermediação do governo do Estado, ainda durante a Expodireto. Os asiáticos foram convidados para vir ao Brasil pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. Em Não-Me-Toque, eles ouviram sobre a Languiru, sua estrutura avançada e seus problemas financeiros. Os executivos chineses passaram semanas conhecendo e analisando o potencial da cooperativa do Vale do Taquari.“A partir de agora, vamos aprofundar os estudos, com critérios rigorosos, conforme determina o governo chinês, e definir um plano de investimentos. O volume e a velocidade dos aportes financeiros serão guiados pelo mercado, mas encontramos uma ótima estrutura e um grande potencial na Languiru”, observou Liping.Apesar do anúncio com pompa e prestigiado por representantes de importantes agentes financeiros e dirigentes de entidades do setor agropecuário, o presidente da Languiru preferiu não falar com a imprensa sobre a negociação. Dirceu Bayer garantiu, entretanto, que todas as informações sobre o formato do negócio serão esclarecidas aos associados em reunião marcada para a próxima segunda-feira (27). E enfatizou que a cooperativa não está sendo vendida.“Tudo será exposto aos associados. Depende deles a aprovação da parceria. E isso deverá ser votado na assembleia geral ordinária do dia 30”.Pressionada por dívidas cujas cifras são de pelo menos R$ 800 milhões junto a fornecedores, agentes financeiros e prestadores de serviços - embora se especule que o montante supere o dobro desse valor -, a administração da Languiru iniciou ainda no ano passado um processo de reestruturação. Em outro movimento para tentar controlar a crise financeira, na semana passada a Languiru já havia anunciado a formação de parceria com a Lactalis do Brasil para fortalecer a produção de lácteos no Rio Grande do Sul e ampliar a assistência aos produtores. Pelo acordo, a cooperativa fornecerá à Lactalis, em um contrato de cinco anos, todo o volume de leite in natura de seus produtores.
O grupo chinês ITG Tianjiao, que atua no ramo de alimentação, firmou nesta quarta-feira (22) um protocolo de intenção para aquisição do controle das operações de aves, suínos, bovinos e rações da Cooperativa Languiru, com sede em Teutônia. Com a parceria, que ainda depende da aprovação dos associados em assembleia geral ordinária agendada para o próximo dia 30, surgirá uma joint venture cujo investimento deverá ser definido nos próximos meses, mas que girará entre R$ 380 milhões e R$ 765 milhões.
O acordo foi assinado em evento no Hotel Hilton, em Porto Alegre, quando a empresa gaúcha e o grupo asiático, formado pela estatal ITG e a privada TJJT, anunciaram Fato Relevante ao Mercado. A ideia é internacionalizar ainda mais a Languiru e, em até um ano, inverter os números das exportações.
“A cooperativa embarca atualmente 8% de sua produção. Queremos colocar no mercado internacional 90% do que a Languiru produz”, disse o vice-presidente de Mercado Internacional do grupo asiático, Jinhao Zhang.
Além dele, participaram da assinatura a CEO da ITG, Liping Huang, o presidente da Languiru, Dirceu Bayer, e o vice, Cesar Wilsmann. Durante o ato, acompanhado presencialmente por representantes dos Conselhos Fiscal e Administrativo da cooperativa e, em videoconferência, por dezenas de representantes do conglomerado e do governo chinês, Bayer deu o tom das dificuldades enfrentadas pela gaúcha.
“Há mais de dois anos temos sido colocados à prova. O aumento dos custos de produção, a pandemia, a volatilidade de produtos por conta da guerra na Ucrânia e, principalmente, a disparada histórica dos preços dos principais insumos, a alta dos juros e o custo dos financiamentos desestruturaram qualquer referência do passado. As apostas de investimento ganham uma variável de risco muito maior”, pontuou.
Segundo o dirigente, chegou o momento em que a cooperativa não consegue mais caminhar sozinha. “Precisamos formar alianças, como essa que estamos firmando hoje”, acrescentou.
A interlocução com os chineses se iniciou por meio da intermediação do governo do Estado, ainda durante a Expodireto. Os asiáticos foram convidados para vir ao Brasil pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. Em Não-Me-Toque, eles ouviram sobre a Languiru, sua estrutura avançada e seus problemas financeiros. Os executivos chineses passaram semanas conhecendo e analisando o potencial da cooperativa do Vale do Taquari.
“A partir de agora, vamos aprofundar os estudos, com critérios rigorosos, conforme determina o governo chinês, e definir um plano de investimentos. O volume e a velocidade dos aportes financeiros serão guiados pelo mercado, mas encontramos uma ótima estrutura e um grande potencial na Languiru”, observou Liping.
Apesar do anúncio com pompa e prestigiado por representantes de importantes agentes financeiros e dirigentes de entidades do setor agropecuário, o presidente da Languiru preferiu não falar com a imprensa sobre a negociação. Dirceu Bayer garantiu, entretanto, que todas as informações sobre o formato do negócio serão esclarecidas aos associados em reunião marcada para a próxima segunda-feira (27). E enfatizou que a cooperativa não está sendo vendida.
“Tudo será exposto aos associados. Depende deles a aprovação da parceria. E isso deverá ser votado na assembleia geral ordinária do dia 30”.
Pressionada por dívidas cujas cifras são de pelo menos R$ 800 milhões junto a fornecedores, agentes financeiros e prestadores de serviços - embora se especule que o montante supere o dobro desse valor -, a administração da Languiru iniciou ainda no ano passado um processo de reestruturação.
Em outro movimento para tentar controlar a crise financeira, na semana passada a Languiru já havia anunciado a formação de parceria com a Lactalis do Brasil para fortalecer a produção de lácteos no Rio Grande do Sul e ampliar a assistência aos produtores. Pelo acordo, a cooperativa fornecerá à Lactalis, em um contrato de cinco anos, todo o volume de leite in natura de seus produtores.

Clima de desconfiança divide associados

O clima de tensão entre a diretoria da cooperativa e os associados é forte e vem de longa data. Com investimentos elevados nos últimos anos, apostando na formação de uma estrutura de ponta para faturar alto no mercado, a Languiru viu as dificuldades crescerem na proporção e no ritmo do aumento dos custos de produção e dos insumos básicos para a produção de proteína animal.
“Agora, chegamos a um ponto que é decisivo. Ou a empresa negocia seus ativos para poder respirar, ou vai parar”, analisa o representante de um sindicato de trabalhadores rurais da região que acompanha de perto a situação.
A crise tomou novas dimensões na tarde desta terça-feira (21), quando centenas de associados, produtores e funcionários se reuniram em frente à sede administrativa, reclamando da forma como a direção tem conduzido a empresa, principalmente contra a aventada entrega do controle das operações aos chineses. No mesmo dia, a juíza de Direito Caren Letícia Castro Pereira, da 2ª Vara Cível da Comarca de Estrela, concedeu liminar pedida pela prefeitura local para que a diretoria da Languiru esclareça a situação fiscal da empresa. A cooperativa tem 15 dias para apresentar os números.
A situação, que já vinha sendo especulada, foi relatada pelo presidente Dirceu Bayer em reunião realizada no último dia 17. Contrariados, eles pediam mais transparência e informações e maior participação nas negociações. Os associados exigiram acesso a dados exatos quanto à dívida e vendas da Languiru, além das cláusulas de vendas das parcerias que a empresa concretizou e busca concretizar.