O grupo chinês ITG Tianjiao, que atua no ramo de alimentação, firmou nesta quarta-feira (22) um protocolo de intenção para aquisição do controle das operações de aves, suínos, bovinos e rações da Cooperativa Languiru, com sede em Teutônia. Com a parceria, que ainda depende da aprovação dos associados em assembleia geral ordinária agendada para o próximo dia 30, surgirá uma joint venture cujo investimento deverá ser definido nos próximos meses, mas que girará entre R$ 380 milhões e R$ 765 milhões.
O acordo foi assinado em evento no Hotel Hilton, em Porto Alegre, quando a empresa gaúcha e o grupo asiático, formado pela estatal ITG e a privada TJJT, anunciaram Fato Relevante ao Mercado. A ideia é internacionalizar ainda mais a Languiru e, em até um ano, inverter os números das exportações.
“A cooperativa embarca atualmente 8% de sua produção. Queremos colocar no mercado internacional 90% do que a Languiru produz”, disse o vice-presidente de Mercado Internacional do grupo asiático, Jinhao Zhang.
Além dele, participaram da assinatura a CEO da ITG, Liping Huang, o presidente da Languiru, Dirceu Bayer, e o vice, Cesar Wilsmann. Durante o ato, acompanhado presencialmente por representantes dos Conselhos Fiscal e Administrativo da cooperativa e, em videoconferência, por dezenas de representantes do conglomerado e do governo chinês, Bayer deu o tom das dificuldades enfrentadas pela gaúcha.
“Há mais de dois anos temos sido colocados à prova. O aumento dos custos de produção, a pandemia, a volatilidade de produtos por conta da guerra na Ucrânia e, principalmente, a disparada histórica dos preços dos principais insumos, a alta dos juros e o custo dos financiamentos desestruturaram qualquer referência do passado. As apostas de investimento ganham uma variável de risco muito maior”, pontuou.
Segundo o dirigente, chegou o momento em que a cooperativa não consegue mais caminhar sozinha. “Precisamos formar alianças, como essa que estamos firmando hoje”, acrescentou.
A interlocução com os chineses se iniciou por meio da intermediação do governo do Estado, ainda durante a Expodireto. Os asiáticos foram convidados para vir ao Brasil pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. Em Não-Me-Toque, eles ouviram sobre a Languiru, sua estrutura avançada e seus problemas financeiros. Os executivos chineses passaram semanas conhecendo e analisando o potencial da cooperativa do Vale do Taquari.
“A partir de agora, vamos aprofundar os estudos, com critérios rigorosos, conforme determina o governo chinês, e definir um plano de investimentos. O volume e a velocidade dos aportes financeiros serão guiados pelo mercado, mas encontramos uma ótima estrutura e um grande potencial na Languiru”, observou Liping.
Apesar do anúncio com pompa e prestigiado por representantes de importantes agentes financeiros e dirigentes de entidades do setor agropecuário, o presidente da Languiru preferiu não falar com a imprensa sobre a negociação. Dirceu Bayer garantiu, entretanto, que todas as informações sobre o formato do negócio serão esclarecidas aos associados em reunião marcada para a próxima segunda-feira (27). E enfatizou que a cooperativa não está sendo vendida.
“Tudo será exposto aos associados. Depende deles a aprovação da parceria. E isso deverá ser votado na assembleia geral ordinária do dia 30”.
Pressionada por dívidas cujas cifras são de pelo menos R$ 800 milhões junto a fornecedores, agentes financeiros e prestadores de serviços - embora se especule que o montante supere o dobro desse valor -, a administração da Languiru iniciou ainda no ano passado um processo de reestruturação.
Em outro movimento para tentar controlar a crise financeira, na semana passada a Languiru já havia anunciado a formação de parceria com a Lactalis do Brasil para fortalecer a produção de lácteos no Rio Grande do Sul e ampliar a assistência aos produtores. Pelo acordo, a cooperativa fornecerá à Lactalis, em um contrato de cinco anos, todo o volume de leite in natura de seus produtores.
O acordo foi assinado em evento no Hotel Hilton, em Porto Alegre, quando a empresa gaúcha e o grupo asiático, formado pela estatal ITG e a privada TJJT, anunciaram Fato Relevante ao Mercado. A ideia é internacionalizar ainda mais a Languiru e, em até um ano, inverter os números das exportações.
“A cooperativa embarca atualmente 8% de sua produção. Queremos colocar no mercado internacional 90% do que a Languiru produz”, disse o vice-presidente de Mercado Internacional do grupo asiático, Jinhao Zhang.
Além dele, participaram da assinatura a CEO da ITG, Liping Huang, o presidente da Languiru, Dirceu Bayer, e o vice, Cesar Wilsmann. Durante o ato, acompanhado presencialmente por representantes dos Conselhos Fiscal e Administrativo da cooperativa e, em videoconferência, por dezenas de representantes do conglomerado e do governo chinês, Bayer deu o tom das dificuldades enfrentadas pela gaúcha.
“Há mais de dois anos temos sido colocados à prova. O aumento dos custos de produção, a pandemia, a volatilidade de produtos por conta da guerra na Ucrânia e, principalmente, a disparada histórica dos preços dos principais insumos, a alta dos juros e o custo dos financiamentos desestruturaram qualquer referência do passado. As apostas de investimento ganham uma variável de risco muito maior”, pontuou.
Segundo o dirigente, chegou o momento em que a cooperativa não consegue mais caminhar sozinha. “Precisamos formar alianças, como essa que estamos firmando hoje”, acrescentou.
A interlocução com os chineses se iniciou por meio da intermediação do governo do Estado, ainda durante a Expodireto. Os asiáticos foram convidados para vir ao Brasil pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. Em Não-Me-Toque, eles ouviram sobre a Languiru, sua estrutura avançada e seus problemas financeiros. Os executivos chineses passaram semanas conhecendo e analisando o potencial da cooperativa do Vale do Taquari.
“A partir de agora, vamos aprofundar os estudos, com critérios rigorosos, conforme determina o governo chinês, e definir um plano de investimentos. O volume e a velocidade dos aportes financeiros serão guiados pelo mercado, mas encontramos uma ótima estrutura e um grande potencial na Languiru”, observou Liping.
Apesar do anúncio com pompa e prestigiado por representantes de importantes agentes financeiros e dirigentes de entidades do setor agropecuário, o presidente da Languiru preferiu não falar com a imprensa sobre a negociação. Dirceu Bayer garantiu, entretanto, que todas as informações sobre o formato do negócio serão esclarecidas aos associados em reunião marcada para a próxima segunda-feira (27). E enfatizou que a cooperativa não está sendo vendida.
“Tudo será exposto aos associados. Depende deles a aprovação da parceria. E isso deverá ser votado na assembleia geral ordinária do dia 30”.
Pressionada por dívidas cujas cifras são de pelo menos R$ 800 milhões junto a fornecedores, agentes financeiros e prestadores de serviços - embora se especule que o montante supere o dobro desse valor -, a administração da Languiru iniciou ainda no ano passado um processo de reestruturação.
Em outro movimento para tentar controlar a crise financeira, na semana passada a Languiru já havia anunciado a formação de parceria com a Lactalis do Brasil para fortalecer a produção de lácteos no Rio Grande do Sul e ampliar a assistência aos produtores. Pelo acordo, a cooperativa fornecerá à Lactalis, em um contrato de cinco anos, todo o volume de leite in natura de seus produtores.
Clima de desconfiança divide associados
O clima de tensão entre a diretoria da cooperativa e os associados é forte e vem de longa data. Com investimentos elevados nos últimos anos, apostando na formação de uma estrutura de ponta para faturar alto no mercado, a Languiru viu as dificuldades crescerem na proporção e no ritmo do aumento dos custos de produção e dos insumos básicos para a produção de proteína animal.
“Agora, chegamos a um ponto que é decisivo. Ou a empresa negocia seus ativos para poder respirar, ou vai parar”, analisa o representante de um sindicato de trabalhadores rurais da região que acompanha de perto a situação.
A crise tomou novas dimensões na tarde desta terça-feira (21), quando centenas de associados, produtores e funcionários se reuniram em frente à sede administrativa, reclamando da forma como a direção tem conduzido a empresa, principalmente contra a aventada entrega do controle das operações aos chineses. No mesmo dia, a juíza de Direito Caren Letícia Castro Pereira, da 2ª Vara Cível da Comarca de Estrela, concedeu liminar pedida pela prefeitura local para que a diretoria da Languiru esclareça a situação fiscal da empresa. A cooperativa tem 15 dias para apresentar os números.
A situação, que já vinha sendo especulada, foi relatada pelo presidente Dirceu Bayer em reunião realizada no último dia 17. Contrariados, eles pediam mais transparência e informações e maior participação nas negociações. Os associados exigiram acesso a dados exatos quanto à dívida e vendas da Languiru, além das cláusulas de vendas das parcerias que a empresa concretizou e busca concretizar.
“Agora, chegamos a um ponto que é decisivo. Ou a empresa negocia seus ativos para poder respirar, ou vai parar”, analisa o representante de um sindicato de trabalhadores rurais da região que acompanha de perto a situação.
A crise tomou novas dimensões na tarde desta terça-feira (21), quando centenas de associados, produtores e funcionários se reuniram em frente à sede administrativa, reclamando da forma como a direção tem conduzido a empresa, principalmente contra a aventada entrega do controle das operações aos chineses. No mesmo dia, a juíza de Direito Caren Letícia Castro Pereira, da 2ª Vara Cível da Comarca de Estrela, concedeu liminar pedida pela prefeitura local para que a diretoria da Languiru esclareça a situação fiscal da empresa. A cooperativa tem 15 dias para apresentar os números.
A situação, que já vinha sendo especulada, foi relatada pelo presidente Dirceu Bayer em reunião realizada no último dia 17. Contrariados, eles pediam mais transparência e informações e maior participação nas negociações. Os associados exigiram acesso a dados exatos quanto à dívida e vendas da Languiru, além das cláusulas de vendas das parcerias que a empresa concretizou e busca concretizar.