Comitiva do Vale do Caí pede mais fiscais para evitar a entrada do greening

Além de casos no Brasil, Uruguai também confirmou presença da doença recentemente

Por JC

laranjas - citros - citricultura - fruticultura - crédito Fernando Dias - Seapi.
Uma comitiva do Vale do Caí formada por 15 representantes da citricultura esteve em Porto Alegre, na manhã desta sexta-feira (17), para entregar uma carta ao secretário da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Giovani Feltes. Elaborado pela Câmara de Citricultura do Vale do Caí, o documento solicita que o Estado intensifique as ações de fiscalização para evitar a entrada do greening no Rio Grande do Sul.
A carta alerta que a entrada da doença no Estado inviabilizará os cultivos comerciais de citros devido às características de produção em pequenas propriedades e com baixo poder de investimentos. Para melhorar a atuação da fiscalização, a Câmara de Citricultura do Vale do Caí sugere, entre outras medidas, a contratação de mais fiscais para atuar na área e possibilitar cobertura por 24 horas por dia nos postos de divisa, já que o greening é uma praga com potencial catastrófico para a citricultura da região.
Os representantes do setor também solicitam que seja intensificada a fiscalização das cargas de frutas cítricas vindas dos estados com a presença da doença, para que não entrem no Rio Grande do Sul sem passar pelo processo de beneficiamento no estado de origem. “É um risco muito grave. A fiscalização está trabalhando muito”, disse o extensionista da Emater, Marcos Schafer, integrante da comitiva que participou da reunião. Segundo o técnico, Feltes se comprometeu a buscar caminhos.
O que preocupa os fiscais estaduais agropecuários é o potencial de dano da praga, que pode ter impactos econômicos e sociais na vida das famílias que trabalham com a produção de citros. No Rio Grande do Sul, são cerca de 10 mil citricultores. As principais regiões produtoras são o Vale do Caí, Erechim, Alto Uruguai e Campanha.
O greening é uma doença que não tem cura, somente medidas curativas que não são eficazes e que aumentam muito o custo com agrotóxico, mão de obra, retirada de pomares e replantio. Em 2003, antes de São Paulo registrar os primeiros casos de greening, o estado tinha 26 mil produtores de citros. Atualmente, restam apenas 3 mil citricultores. Apesar do nível tecnológico ser alto em São Paulo, somente 11,5% permaneceu na atividade.
São Paulo foi o primeiro estado do Brasil a registrar o greening. Depois, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul também confirmaram a existência da doença. Mais recentemente, foi a vez de Santa Catarina, em 2022, e há poucos dias foi confirmado o primeiro caso no Uruguai. “Estamos em uma ilha, tentando evitar ao máximo a entrada da doença no Estado”, alerta o fiscal estadual agropecuário Rui Eduardo Grillo Ragagnin, da inspetoria de defesa agropecuária de Montenegro.
A carta foi assinada pela Câmara Regional de Citricultura do Vale do Caí e pelo prefeito de Montenegro, Gustavo Zanatta, presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio Caí (AMVARC). O documento foi ratificado por todos os prefeitos da região.