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Agronegócio

- Publicada em 12 de Fevereiro de 2023 às 17:55

Em plena estiagem, Mapa prevê alta do Valor Bruto da Produção no RS

Projeção foi feita quando ainda estava previsto um La Niña de baixa intensidade no Rio Grande do Sul

Projeção foi feita quando ainda estava previsto um La Niña de baixa intensidade no Rio Grande do Sul


WENDERSON ARAUJO/TRILUX/CNA/DIVULGAÇÃO/JC
Claudio Medaglia
As perdas estimadas em 70% das safras gaúchas de milho e de pelo menos 20% na soja por conta da estiagem severa pouco pesaram na primeira projeção do Valor bruto da Produção Agropecuária (VBP) divulgada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Apesar do cenário crítico e que se agrava a cada dia pela escassez de chuva, a Pasta prevê R$ 128,6 bilhões no RS, alta de 39,4% em relação a 2022, quando o número chegou a R$ 92,3 bilhões.
As perdas estimadas em 70% das safras gaúchas de milho e de pelo menos 20% na soja por conta da estiagem severa pouco pesaram na primeira projeção do Valor bruto da Produção Agropecuária (VBP) divulgada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Apesar do cenário crítico e que se agrava a cada dia pela escassez de chuva, a Pasta prevê R$ 128,6 bilhões no RS, alta de 39,4% em relação a 2022, quando o número chegou a R$ 92,3 bilhões.
No País, o Mapa considera uma cifra recorde de R$ 1,265 trilhão, aumento de 6,3%. A estimativa de alta no índice é sustentada pelas previsões de recorde na safra de grãos, de 310 milhões de hectares, apuradas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Entre as principais culturas do País, o valor bruto da produção gaúcha renderia R$ 93,39 bilhões (65% a mais que no ano passado), representando 10,36% do total nacional de R$ 900,8 bilhões, 10,5% superior a 2022. Segundo o Mapa, as lavouras de milho e soja são as que mais deverão contribuir para o crescimento nacional. A oleaginosa representa 44,5% do VBP das lavouras, com previsão de movimentar R$ 401,1 bilhões em 2023, alta de 18,6% sobre o ano passado.
Em solo gaúcho, a projeção calcula surpreendentes R$ 60,2 bilhões, aumento de 117% sobre o resultado do ano passado, apesar de a Federação da Agricultura e Pecuária do estado (Farsul) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetag-RS) assegurarem quebra importante já consolidada nas lavouras e tendência de agravamento do cenário atual.
No milho, a mais castigada das culturas, o Mapa projeta aumento de 98% sobre 2022, com VBP de R$ 8,4 bilhões. Em números nacionais, o crescimento seria de 10,39%, passando de 148,7 bilhões para R$ 164 bilhões.
Também há previsão de resultados positivos para o VBP do arroz (R$ 18,6 bilhões, crescimento de 10%). Mas no Rio Grande do Sul, onde se concentram 80% da produção, os arrozeiros diminuíram a área plantada em quase 10% justamente para fazer frente à baixa rentabilidade da cultura. O Mapa prevê, entretanto, R$ 12,8 bilhões em VBP do arroz para o Estado, alta de 15,5%.
Por outro lado, produtos importantes registram baixas. O trigo tem previsão de redução de 25,4% no VBP, para R$ 13,7 bilhões. No Rio Grande do Sul, a queda seria de 33%, chegando a 6,4 bilhões, ante os R$ 9,5 bilhões em 2022.
Já o VBP da pecuária deverá recuar 2,7% neste ano, para R$ 364,4 bilhões (R$ 35,2 bilhões no estado, queda de 1,2% em relação ao desempenho do ano passado), pressionado por resultados negativos nos segmentos de carnes bovina e de frango e na área de ovos. O cenário é mais favorável para a carne suína e para a pecuária leiteira, conforme o estudo.
A previsão do Ministério é que o VBP da carne bovina fique em R$ 142,9 bilhões, queda de 5,5% (no RS seriam R$ 6,8 bilhões, ou redução de 5%), seguido por carne de frango, com R$ 107,5 bilhões, alta de 5,4% (R$ 12,9 bilhões e ou 4% de queda no estado), leite, com R$ 60,7 bilhões, elevação de 2,7% (aumento de 2,6% no RS, com R$ 7,9 bilhões), suínos, com R$ 33,6 bilhões e crescimento de 5,4% (alta de 5,6% no Rio Grande do Sul, com R$ 5,9 bilhões) e ovos, com R$ 19,5 bilhões, baixa de 3,3% (no RS o valor ficaria estável em R$ 1,5 bilhão).
A supervisora de Pesquisas Agropecuárias do IBGE para o Rio Grande do Sul, Fernanda Assaife de Mello, acredita que a disparidade entre os números e o retrato do campo se justifica pelos diferentes momentos entre o último levantamento e a divulgação dos dados.
"A projeção do Ministério da Agricultura deve ter sido feita considerando uma expectativa de que o La Niña seria de baixa intensidade e que a repercussão não seria tão importante. Mas já sabemos que essa impressão não irá se confirmar". Fernanda lembra que no início dos plantios, o que se esperava era uma safra cheia em todas as culturas. Mas agora, apesar de ainda não haver a última atualização, é evidente que haverá perdas representativas na soja, com chance de recuperação nas variedades mais tardias, mas também de agravamento da condição atual.
"Nossa estrutura não permite que apuremos mensalmente a situação nas propriedades rurais. Fazemos sete reuniões por ano. A última foi em dezembro. E esses intervalos podem trazer mudanças significativas entre um momento e outro. O próximo levantamento está em andamento. Evidentemente, esse número vai baixar", explica.
 
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