Uma marca simbólica e nada animadora foi vencida nesta segunda-feira de calor e céu limpo no Rio Grande do Sul. Até as 18h, 107 prefeituras já declararam situação de emergência por conta da estiagem, segundo a Defesa Civil do Estado. Apesar da chuva que caiu no final da semana, os volumes foram insuficiente para recuperar culturas afetadas pela escassez hídrica. Para piorar, não deve haver precipitação nos próximos dias, que serão de abafamento, com aumento de umidade somente no final da semana, conforme a Metsul Meteorologia.
Por conta desse cenário, não houve mudanças no contexto da atividade agropecuária. No milho, a semeadura alcançou 93% da área prevista, de 831 mil hectares, mas as lavouras tiveram a situação agravada com a continuidade do fenômeno La Niña, com insuficiência de chuvas e altas temperaturas na maior parte das regiões.
As perdas são maiores nas áreas Central e Oeste do Estado. Conforme a Emater-RS, as regiões mais afetadas são no entorno de Santa Maria, com perdas estimadas em até 50%, de Frederico Westphalen, com 45% de quebra, de Bagé, Ijuí e Santa Rosa, perdas superiores a 30%, de Erechim e Pelotas, 20%. Nas regionais da Emater de Lajeado, Soledade e Passo Fundo, a redução de rendimento é pequena, oscilando entre 3% e 9%.
As lavouras menos afetadas foram as implantadas no cedo, ainda antes do mês de agosto. As plantadas mais tarde apresentam maiores danos, pois os períodos de florescimento e enchimento de grãos coincidiram com fases críticas de ausência de umidade e altas temperaturas. Já o milho para silagem também deve ter a produtividade afetada pela insuficiência de chuvas, além de perdas na qualidade da massa vegetal a ser conservada, mais seca e fibrosa e com menor proporção de grãos em sua composição.
A soja, em fase final de implantação, já sinaliza perdas de produtividade, em diferentes índices, dependendo da distribuição e dos volumes das chuvas registrados nas regiões administrativas da Emater de Bagé, Ijuí, Pelotas e Santa Maria. Segundo a autarquia, cerca de 80% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, que ocorre de maneira irregular e desuniforme pela variação de umidade no solo em diferentes pontos do estado e, em alguns locais, mesmo dentro do mesmo município.
Onde o déficit hídrico é maior, as lavouras apresentam menor porte, encurtamento dos entrenós e até morte de plantas. Em lavouras em que ocorreram precipitações, onde há maior volume de palha residual de culturas anteriores, o estado geral das lavouras é mais próximo da normalidade.
Enquanto isso, nas áreas de arroz, o tempo seco e ensolarado favoreceu o desenvolvimento e a sanidade das lavouras onde há volume de água suficiente para manter a lâmina inundada. Onde as chuvas não foram suficientes para a manutenção dos mananciais e reservatórios, já aparecem efeitos nos cultivos, com abandono de algumas lavouras, mudanças no método de irrigação em outras e perdas na produtividade.