Mesmo com as chuvas que adiaram a semeadura e a ocorrência de geadas, as lavouras de trigo na região de Passo Fundo se encaminham para a fase de maturação em meio a previsões de um alto potencial produtivo. E, com uma área cerca de 33% maior em relação a 2021, a produção estimada para este ciclo, segundo a Emater/RS, deve crescer.
Os fatores que contribuem para o aumento da produtividade na cultura foram alguns dos assuntos que marcaram o Dia de Campo Biotrigo 2022, que promoveu a apresentação de novas tecnologias na cultura. O evento, realizado nesta quarta-feira (19), em uma lavoura experimental da Biotrigo Genética no município do Planalto Médio, contou com a presença de centenas de pessoas, entre multiplicadores de sementes, assistentes técnicos e representantes da indústria moageira.
Essa perspectiva de aumento no potencial produtivo das lavouras da região também é vista no Rio Grande do Sul como um todo. O Estado deve contar com a maior produção de sua história, com expectativa de uma colheita superior a 4,5 milhões de toneladas, de acordo com a Emater/RS. Segundo o gerente comercial da Biotrigo para a América Latina, Fernando Michel Wagner, o bom momento da cultura no Estado passa por vários fatores. O principal é a nova dinâmica de mercado, o que acaba por gerar mais liquidez ao agricultor.
"A maior mudança do trigo está nas diversas vias de comercialização que a cultura tem hoje. Esse cenário permite que o agricultor possa destinar sua produção para, além dos moinhos, o mercado de exportação, que sinaliza novamente ser uma importante rota. Ainda, há mercados alternativos, como o das indústrias de etanol, mais recente, e o de ração", cita.
Junto à oferta de oportunidades, o produtor tem à sua disposição novas tecnologias no campo, que evoluem em diversos quesitos para oferecer ainda mais rendimento e estabilidade de produção na lavoura.
Somente durante o evento, a empresa apresentou oito novas cultivares, com diferentes características e perfis dinâmicos nas lavouras. Produtividade, resistência a doenças, ciclos de cultivo e até coloração do produto estão entre as nuances das variedades divulgadas.
Os resultados são atestados por produtores parceiros, como o engenheiro agrônomo Pedro Basso, da Sementes com Vigor, de Vacaria. Nos Campos de Cima da Serra, a empresa mantém 4 mil hectares de lavouras, sendo 30% com trigo. Na safra passada, foi colhida uma média de 5,5 mil quilos por hectare com quatro cultivares da Biotrigo, mas algumas áreas obtiveram até 7,8 mil quilos de produtividade.
Adepta da agricultura conservacionista, a Sementes com Vigor respeita a rotação de culturas, consorciando com aveia branca e preta, cevada, ervilha forrageira e trigo-mourisco, por exemplo.
“O alto nível de tecnificação nas nossas lavouras, com adubação de sistema, coberturas outonais para reciclagem de nutrientes e altas doses de nitrogênio e potássio, é feito pensando em obter alto rendimento. Este é um momento bastante positivo para a cultura. Penso que o trigo ganha um espaço de permanência nas lavouras gaúchas, porque abriu frentes de exportação e de boas cotações para contratos futuros. A expectativa é de que se mantenha assim. Foguete não tem ré”, brinca Basso.