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Suinocultores independentes do RS operam com prejuízo no primeiro semestre
Preço recebido nas matrizes é menor do que a média dos custos
Não houve milagre para os suinocultores independentes gaúchos durante o primeiro semestre de 2022. Com os custo de produção mais elevados do que o valor do quilo do suíno recebido, nem o mais eficiente dos 60 mil produtores independentes do Rio Grande do Sul conseguiu escapar do prejuízo na operação da primeira metade do ano.
De janeiro a junho de 2022, a média dos custos de produção ficou em cerca de R$ 7,20 por quilo de porco, variando entre R$ 7,00 e R$ 7,30, segundo a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs). Já o preço pagou ao produtores na terceira semana de julho, já após uma leve reação, ficou em R$ 6,53. Portanto, o preço de venda do suíno vivo nas matrizes independentes está de R$ 0,50 a R$ 0,80 mais barato que o valor do custo de produção por quilo.
“Todos os produtores independentes tiveram prejuízo. O primeiro semestre de 2022 foi realmente bem complicado em relação a custo de produção e ao preço do suíno. Os produtores que estão fora do sistema integrado e trabalham no mercado independente têm apanhado feio nesses primeiros meses do ano”, lamenta Valdecir Folador, presidente da Acsurs.
De um plantel geral de 360 mil matrizes que a suinocultura gaúcha possui, cerca de 60 mil são de produtores independentes. O restante pertence ao sistema de produção integrado, seja através de cooperativas ou de agroindústrias - que absorvem o prejuízo da operação quando o resultado entre custo e valor de venda fica no negativo.
“A diferença é que, no caso do independente, o prejuízo fica no bolso do produtor. Na conta recente, o saldo foi negativo: o produtor teve que tirar dinheiro do bolso para manter a operação. Está trabalhando no vermelho”, afirma Folador. Para o segundo semestre, o presidente da associação espera reação de preços e, com uma boa safrinha que está sendo colhida no Centro-Oeste brasileiro, os custos também deem uma folga para a produção gaúcha - o que ainda assim pode não ser suficiente para acabar com os prejuízos da operação.
“Se olhar tradicionalmente, o segundo semestre sempre foi melhor, sempre pagou preços melhores. Há expectativa de daqui para a frente um mercado com mais força para pagar pelo suíno. E o custo de produção vai ceder um pouco, já que o milho baixou levemente em função da grande safra que está sendo colhida em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, mas não é algo extraordinário, nem deve ser suficiente”, afirma Folador.
Outra expectativa em relação à segunda metade do ano é de que haja reação também nas exportações. No semestre, as exportações de carne suína totalizaram 510,2 mil toneladas, número 9,3% menor que o acumulado nos seis primeiros meses de 2021, com 562,7 mil toneladas. A receita acumulada até junho também apresentou queda, alcançando US$ 1,115 bilhão, número 17,4% menor que o registrado no primeiro semestre do ano passado, com US$ 1,349 bilhão.
“O que se prevê para julho é um volume maior exportado e também preços melhores recebidos na venda ao exterior. Isso ajuda a melhorar o preço do quilo do suíno vivo internamente”, espera o presidente da Acsurs.