Produtores rurais gaúchos acionam R$ 2,47 bilhões em seguro após estiagem

Soma de RS, PR e MS ultrapassa R$ 5 bilhões

Por Diego Nuñez

Seguro pago aos produtores cresceu 696% em apenas quatro meses
Após uma estiagem que devastou lavouras de milho e soja e causou perdas bilionárias para a agricultura do Rio Grande do Sul, os produtores gaúchos recorreram aos seguros rurais para manter suas atividades no campo. Apenas entre janeiro e abril de 2022, os proprietários rurais acionaram R$ 2,47 bilhões em seguros. O montante significa um aumento de 696% em relação aos acionamentos realizados no ano de 2021.
"Muitos produtores só permanecem na atividade por terem sido amparados pelo seguro. Mesmo que o seguro tenha um aumento de custo, oriento os produtores e técnicos a fazerem o plantio das culturas com seguro, porque não existe mais aquela rentabilidade com margem para prorrogar conta e pagar custeios não assegurados", afirma o vice-presidente da Farsul, Elmar Konrad.
A sinistralidade, isto é, a relação de valor paga pelo produtor para o seguro e o valor pago pela seguradora ao produtor, disparou 3.626%. Em 2021, os produtores do Estado destinaram R$ 1,1 bilhão para o seguro de suas lavouras, e os acionamentos resultaram em cerca de R$ 310 milhões - saldo positivo para as seguradoras, com sinistralidade de 28%.
Neste ano, o cenário foi completamente inverso. Com uma das piores secas da história do Rio Grande do Sul - certamente a escassez hídrica que mais resultou em perdas econômicas dentro e fora da porteira - os produtores se viram obrigados a acionar o seguro. Enquanto o valor pago por eles às seguradoras caiu 79%, ficando na casa dos R$ 210 milhões, o aumento de 696% em indenizações atingiu o valor de R$ 2,47 bilhões apenas nos primeiros quatro meses do ano e resultou em uma sinistralidade de 1041%.
“Seguro agrícola é um seguro de natureza catastrófica. Diferentemente dos demais, que exclui o risco catastrófico, o seguro agrícola é para cobrir o risco catastrófico. Quando é uma seca, dificilmente ele vai pegar um produtor. Vai pegar uma região como um todo e, como foi esse ano, o Estado como um todo. Geralmente haverá um conjunto de municípios, mas neste ano houve uma perda generalizada”, relata o gerente de produtos da Brasilseg, Daniel do Nascimento.
Somados ao Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, o valor em seguros ultrapassa os R$ 5,4 bilhões. Estes três estados representam a maior fatia do mercado de seguro agrícola no País neste ano. Até abril, no Brasil, foram R$ 6,4 bilhões em seguro.
O Programa de Seguro Rural (PSR) vem ganhando cada vez mais adeptos no País. Entre 2018 e 2021, saltou de 10,8 mil para 27,4 mil beneficiários, quase triplicando o número. A área segurada multiplicou por quatro, indo de 626 mil hectares para 2,4 milhões de hectares. O valor segurado pelo programa foi impulsionado por seis, aumentando de R$ 2,3 bilhões para R$ 12,4 bilhões.
A maior parte da subvenção do programa é destinada à soja, com R$ 484,8 milhões aplicados. Em seguida vem o milho 2ª safra, com R$ 329,7 milhões em subvenção, o trigo (R$ 100,1 milhões), milho 1ª safra (R$ 54,8 milhões), café (R$ 43,2 milhões), maçã (R$ 32,1 mi), uva (R$ 30 mi), arroz (R$ 18,9 mi), tomate (R$ 14,2 mi) e pecuária (R$ 12 mi).