Na última semana de março, o preço do quilo do frango vivo pago aos criadores atingiu a casa dos R$ 6,50 - a maior cotação nominal de todos os tempos, segundo a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav). A cotação é 8,3% superior ao recorde anterior, de R$ 6,00/kg, alcançado e mantido por 112 dias entre 15 de julho e 3 de novembro de 2021. O valor médio do produto está em R$5,88/kg, o que significa uma valorização de 20% apenas durante o mês.
O preço do frango abatido também está em elevação, obtendo a melhor cotação dos últimos cinco meses, que chega a R$ 7,25/kg - o que ainda não representa um recorde. Durante as quatro primeiras semanas de março, o frango abatido, cotado em média a R$ 6,75/kg, apresenta valorização de pouco mais de 24% tanto sobre o mês anterior como sobre o mesmo mês de 2021.
O principal motivo para a constante alta é que, frente à elevação dos custos de produção que é observada desde 2020, e não arrefeceu em 2022, e frente ao baixo poder de compra do consumidor, a cadeia segurou a produção e os abates. A menor oferta no mercado abre a possibilidade para este aumento de preços.
“Nós temos o custo elevado, a economia não está bem, o povo está descapitalizado. Nós não podemos produzir em excesso. Então o que acontece é buscar o ponto de equilíbrio, adequar a produção, que é o que algumas indústrias estão fazendo, diminuindo a produção nesse período crítico”, relata o presidente executivo da Asgav, José Eduardo dos Santos.
A alta do valor em uma ponta da cadeia naturalmente afetará a outra: o consumidor final. Com menor oferta, e maiores custos aos frigoríficos, é esperado que haja um aumento de preços na carne nos mercados, mesmo que este não seja o objetivo da Asgav. “Existe toda uma preocupação do setor de não onerar o preço final da carne, porque a carne de frango é produzida em larga escala no Brasil. Ela atende várias camadas e classes sociais do nosso País. Nós temos esse compromisso”, afirma Santos.
Iniciada em fevereiro, a recuperação de preços do frango abatido se intensificou de vez no decorrer do mês de março, afastando o quadro que preocupava o setor no primeiro bimestre de 2022. Assim, enquanto em janeiro e fevereiro a variação anual foi igual a zero (em fevereiro foi ligeiramente negativa), em março apresentou incremento de, praticamente, 35% – resultado decorrente de uma valorização de 25% entre o início e este final de mês..
Fatores como competitividade da carne de frango frente às proteínas concorrentes e aumento das exportações - o previsto para o mês é um volume não inferior às 400 mil toneladas de produto in natura, isto é, sem considerar, ainda, industrializados e carne salgada - colaboraram para essa reversão.
Asgav assina termos de cooperação técnica com startups
Com o objetivo de tornar a avicultura do Rio Grande do Sul uma cadeia com resultados cada vez mais eficientes, a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) assinou nesta quinta-feira os termos de cooperação técnica com três startups. A entidade pretende favorecer o acesso às tecnologias nas áreas de nanopartículas de cobre, redução do consumo de energia em plantas de tratamento de água e detecção de Salmonella por meio de dispositivos de resposta rápida.
Foram selados acordos com três startups. Uma é a AInwater, que criou um software que reúne os dados dos sensores presentes nas estações de tratamento de águas industriais e residuais. Com base nos dados coletados, são geradas informações para a tomada de decisões, visando otimizar a eficiência energética das plantas.
A tecnologia já apresentou resultados em um projeto feito com uma empresa chilena, que mostrou economia de 5,9% de consumo de energia na planta de tratamento de águas. Os estudos ainda indicam potencial para alcançar redução de 20% no consumo de energia.
A Neosensing está desenvolvendo um kit para detecção da bactéria salmonella em diferentes amostras (excretas, material de cama, órgãos e carcaças) coletadas ao longo da cadeia produtiva até o produto acabado, obtendo resultados de maneira rápida - até 30 minutos - e sem a necessidade de laboratório ou equipamentos.
Outra startup é a Abluo: um spin-off do grupo Cecil que busca o desenvolvimento e a produção industrial da nanopartícula de cobre com ação antimicrobiana e antiviral. As nanopartículas de cobre têm diversas aplicações na avicultura, que vão desde a composição de ração até a construção de materiais e equipamentos.
Os termos foram selados durante um café da manhã oferecido pela entidade no Hotel Plaza São Rafael, no Centro de Porto Alegre. O presidente da Asgav, José Eduardo dos Santos, e sua equipe organizaram o evento. O dirigente explica que o diálogo com os grupos começou em dezembro do ano passado e resultou na aproximação entre a entidade e as empresas. “Avaliamos a relevância dessas tecnologias para a avicultura gaúcha e decidimos firmar um termo de cooperação técnica com cada startup”, ressalta. Santos acrescenta que as propostas apresentadas são oportunas para o setor e podem contribuir para uma avicultura ainda mais “eficiente, sustentável e de qualidade”.