'Desafio' foi uma das palavras mais repetidas durante o lançamento da Expodireto 2022, na manhã desta segunda-feira (7). A primeira grande feira do agronegócio gaúcho do ano, que ocorre entre 7 e 11 de março em Não-Me-Toque (RS), acontece em meio a crise provocada pela estiagem em lavouras de todo o Rio Grande do Sul, que já causa quebra nas principais culturas cultivadas no Estado e resultará em
perdas bilionárias.
“Um dos temas (da feira) com certeza será a questão do clima”, sinalizou Nei César Mânica, presidente da Cotrijal, cooperativa promotora da Expodireto. A feira, reunindo os principais agentes do agro gaúcho, deverá ser importante palco para se debater não apenas as soluções para a estiagem do presente, mas o futuro do campo em verões de clima seco.
“Queremos discutir com a sociedade um processo de melhoria no código ambiental. Se o RS tem precipitação de 1,5 mil a 2 mil milímetros por ano, e nós não conseguimos reter essa água para momentos de necessidade, não temos o que fazer. Agora, se criarmos um ambiente em conjunto para reter a água e irrigar as nossas lavouras, teríamos uma produção praticamente normalizada. É possível fazer isso”, afirmou Mânica.
Ouvindo as palavras do presidente da Cotrijal, durante evento de lançamento da feira, no Hotel Deville, estavam as principais autoridades do Estado. “Podemos observar que os desafios sempre estiveram presentes na vida e na história do nosso povo, e os desafios enfrentados sempre nos tornaram mais fortes”, afirmou o governador Eduardo Leite (PSDB).
Segundo ele, não será possível anular os efeitos da estiagem no presente. “Para isso, precisaríamos ter tido investimentos ao longo de uma década na irrigação, do ponto de vista fiscal e regulatório”, afirmou o governador.
Leite destacou os recursos destinados especificamente para a irrigação no
programa de investimentos Avançar para a agropecuária. “Vão auxiliar na execução de barragens, perfuração de poços, financiamento para ferramentas de irrigação, além de outras medidas emergenciais que venham a ser adotadas. Eu garanto: o Estado não poupará esforços nem recursos”, bradou o governador, que está em seu último ano de gestão.
O senador gaúcho Luis Carlos Heinze, pré-candidato ao Palácio Piratini nas eleições de outubro, também discursou no evento: “ O tema (da feira) será a estiagem. Vamos discutir sobre açudes, a questão da legislação, problemas com o Ministério Público Estadual (MPE), reservatórios, águas subterrâneas, proteção das nascentes. Esse é o tema que será trazido e vamos achar uma forma de resolver esse problema”.
Mesmo com boa parte das lavouras gaúchas irreversivelmente comprometidas, a Cotrijal não perde o otimismo na retomada da feira de forma presencial, após o importante avanço da vacinação durante 2021 e a manutenção das doses de reforço no início deste ano.
“Esse ano vamos voltar com força total. A Exposição vai reativar os grandes momentos do agro do Rio Grande do Sul. Se olharmos o mundo, viemos de dois anos de pandemia, um mundo de guerras, inflações, desencontros, insegurança alimentar - foram mais de 800 milhões de pessoas passando fome. Isso aumenta muito a responsabilidade deste setor nobre”, disse Mânica, que afirma que todos os expositores estarão presentes na feira, “sem exceção”.
Na última Expodireto presencial, logo antes do início da pandemia de coronavírus no Brasil, foram 573 expositores, 256 mil visitantes, 71 países participantes e negócios que movimentaram R$ 2,6 bilhões. Para a feira de 2022, até o momento, foram confirmados 505 expositores.