Se tudo seguir como o previsto, Rio Grande do Sul terá oficialmente, na quinta-feira (27), um novo status sanitário na Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). O aval técnico para que o território gaúcho seja considerado zona livre de febre aftosa sem vacinação
já foi anunciado no início do ano, e agora o Rio Grande do Sul espera apenas pelo comunicado global da organização, assim com o Paraná e outros Estados brasileiros.
A pasta tem dois pedidos já encaminhados para realização de concurso para novos servidores, aguardando aprovação da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). Desde 2015 o quadro de servidores da Secretaria da Agricultura encolheu 14,5%, de acordo com a Associação dos Fiscais Agropecuários do RS (Afagro), contabilizando 219 pessoas a menos no período.
A secretaria solicitou ao governo do Estado a realização de um concurso para preenchimento de 229 vagas, das quais 141 para fiscais (111 veterinário e 30 agrônomos), no início do ano. Mais recentemente, de acordo com Rosane Collares, diretora do Departamento de Defesa Agropecuária (DDA), foi solicitado ao menos a reposição urgente de 62 servidores exonerados nos últimos meses – o que, por tanto, não representaria um aumento de despesas com pessoal, mas uma manutenção da folha.
"Sem a vacina, o trabalho aumenta consideravelmente, porque quando se tira uma ferramenta de controle se tem de reforçar outra. Se um concurso for feito no segundo semestre de 2021, em março de 2022 os novos fiscais já estariam treinados para isso e em campo", estima Rosane.
Outra frente de trabalho apontada como fundamental é seguir com programas de orientação aos produtores rurais para que fiquem atentos a qualquer problema com os animais e comuniquem as inspetorias veterinárias rapidamente em caso de suspeita de aftosa no rebanho.
“O produtor sempre teve papel importante no controle sanitário, mas agora é ainda mais fundamental. E vale lembrar um caso de aftosa afetaria inclusive a cadeia de grãos, já que a contaminação poderia ver, por exemplo, já que os cereais também podem carregar o vírus se estão presente em determinada região”, alerta o presidente do Fundesa, Rogério Kerber.
O Fundesa mandou imprimir e distribuir em todo o Estado
120 mil cartilhas com orientação aos pecuaristas, especialmente aos de menor porte, em parceria com a Fetag. Hoje, calcula Kerber, há criação de bovinos em 174 mil propriedades no Rio Grande do Sul. Soraya Marredo, delegada do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários no Rio Grande do Sul (ANFFA), também destaca que essas duas pontas (servidores e produtores) serão cruciais para que o Estado mantenha o novo status. Soraya diz que essa parceria, Estado e pecuaristas, é fundamental para que os resultados sejam atendidos.
“O produtor é o ponto crucial com seu olhar atento ao animais e no cuidado com as pessoas e o que circula na propriedade, já que a contaminação pode vir destas formas também, e a fiscalização não tem como estar em todos os locais. Sem o produtor atuante, não adianta legislação e fiscalização”, pondera Soraya.
Presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do RS (Afagro), Pablo Ataíde reforça o coro em defesa da contratação de servidores, de forma emergencial, e acredita em uma resposta positiva do governo em breve. Ainda assim, avalia Ataíde, o reforço não deve vir efetivamente em 2021.
“Dado todo empenho feito pelo governo do Estado para retirar a vacina
com foco nos ganhos econômicos, acredito que logo teremos concurso”, avalia Ataídes.
Fiscalização foi reforçada especialmente nas regiões de fronteira e na divisa com Santa Catarina. Foto: Seapdr/Divulgação
Neste mês o Estado finalizou a entrega de 93 veículos para reforçar a vigilância sanitária especialmente nas fronteiras com Argentina e Uruguai e na divisa com Santa Catarina. A compra inicialmente prevista era de 100 camionetes mas, de acordo com Romano Scapin, diretor do departamento administrativo da Secretaria da Agricultura, mas com aumento nos preços dos veículos a compra precisou ser readequada.
O investimento total na aquisição é de R$ 7,4 milhões, a maior parte proveniente de recursos do Tesouro Estadual, com complementação de cerca de R$ 3 milhões por parte do Ministério da Agricultura.