Eduardo Leite anuncia que vai concorrer ao governo gaúcho

Ex-governador volta atrás na promessa de não disputar a vaga de novo

Por JC

Anúncio de Leite foi na sede do PSDB-RS, ao lado o governador atual, secretários e apoiadores
Site e Marcus Meneghetti
Atualizada às 19h54min de 13/06/2022 - O ex-governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou nesta segunda-feira (13) que vai disputar novamente a vaga ao Palácio Piratini, sede do governo do Rio Grande do Sul.
Em coletiva ao lado do atua governador e que foi seu vice, Ranolfo Vieira Junior (PSDB), Leite oficializou a decisão que já era esperada, após o desenho da cena nacional ser definido, com a sigla tucana na vaga de vice da emedebista Simone Tebet, e sua tentativa frustrada de concorrer à Presidência da República.
Leite comunicou sua pré-candidatura em ato na sede do PSDB-RS, em Porto Alegre, tendo ao lado de Ranolfo, secretários de Estado, prefeitos tucanos e deputados estaduais.
O anúncio altera o que era uma convicção e palavra empenhada pelo tucano, mesmo antes de ser eleito governador em 2018. Eduardo Leite se manifestou diversas vezes contrário à reeleição. Disse que não concorreria a um segundo mandato no Piratini, da mesma forma que não havia concorrido a um segundo mandato na prefeitura de Pelotas.
Entretanto, o tucano deu indícios de que mudaria de posição, ao renunciar em março passado ao cargo de governador, mesmo que para tentar concorrer à Presidência da República. Na ocasião, ele disse que "a renúncia não tirava nenhuma possibilidade e abria todas." Inclusive, a disputa por um segundo mandato no Piratini.
Em maio, o pré-candidato tucano ao Palácio do Planalto, João Doria, desistiu de concorrer à presidência. Então, o diretório nacional do PSDB optou por abrir mão da candidatura própria para apoiar a senadora Simone Tebet, que deve concorrer à presidente pelo MDB.
Ontem, depois de definido o cenário nacional, Leite anunciou sua pré-candidatura ao governo do Estado. Conforme o próprio tucano, ele começou a repensar sua posição contra a reeleição ainda em janeiro, após lideranças partidárias e da sociedade pedirem para ele concorrer outra vez. Em fevereiro, no encontro estadual do PSDB gaúcho, várias lideranças tucanas pediram que o ex-governador concorresse a um segundo mandato no Piratini.
Segundo Leite, ele decidiu disputar um segundo mandato, porque o projeto do seu governo está ameaçado. "Minha decisão foi fortalecida pelo que vimos nos últimos meses, quando pré-candidatos de condução mais populista, buscando agradar nichos eleitorais à esquerda e à direita, atacaram o programa que defendemos para o Estado. Em especial o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), sofreu ataques da esquerda e da direita, quando precisamos votar na Assembleia Legislativa o Teto de Gastos."
O projeto que instituiu o Teto no Rio Grande do Sul foi aprovado em maio, com 32 votos favoráveis e 13 contrários. A medida era o último requisito para o Rio Grande do Sul entrar efetivamente no RRF.
Quanto à quebra do compromisso de não concorrer ao mesmo cargo, Leite alegou que só aceitou disputar outro mandato porque não está mais no cargo de governador. "Foi pela possibilidade de a reeleição se apresentar como um caminho (a partir de janeiro), que a renúncia se mostrou um imperativo. A única condição que eu aceitaria me apresentar novamente à população (como candidato ao Piratini) seria se não estivesse no cargo. Porque a minha crítica à reeleição sempre veio muito em relação aos governantes que concorrem a um segundo mandato, muitas vezes, claro que tem exceções, fazendo uso do governo para garantir força às suas candidaturas", justificou.
E arrematou: "por isso, eu disse em março que a renúncia me abria todas as possibilidades, e não me tirava nenhuma". Apesar de não fazer parte do governo oficialmente, Leite tem participado da inauguração de obras junto com Ranolfo Vieira Júnior. Questionado se isso não daria impulso a sua candidatura, mesmo fora do cargo de governador, Leite disse que havia comparecido a algumas cerimônias de inauguração, pois havia ajudado a encaminhar muitas obras enquanto estava à frente do governo gaúcho.