Michel Temer defende a pacificação no MDB gaúcho

Disputa interna divide sigla sobre nome para o governo do Estado

Por Marcus Meneghetti

Ex-presidente Temer falou a empresários políticos em Porto Alegre
A palestra do ex-presidente Michel Temer (MDB, 2016-2018), organizada, na quarta-feira, pelo grupo Lide, no Hotel Hilton Porto Alegre, poderia ser resumida em uma única palavra: pacificação. O ex-presidente defendeu o fim do atrito entre os Poderes, principalmente entre o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal; o fim da polarização política no País; e o fim do racha no MDB gaúcho, que está dividido devido à disputa interna em torno da escolha do candidato ao Piratini.
A divisão do MDB se arrasta desde o final de 2021. Em dezembro, o diretório estadual decidiu realizar prévias em fevereiro, para escolher quem representaria o partido nas eleições estaduais de 2022. Na ocasião, os pré-candidatos eram o deputado estadual Gabriel Souza e o deputado federal Alceu Moreira.
Entretanto, os ex-governadores Pedro Simon, Germano Rigotto e José Ivo Sartori, além do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, pediram que os pré-candidatos emedebistas suspendessem a disputa - o que, de fato, aconteceu. Os ex-governadores temiam um racha dentro do partido, devido à agressividade da campanha dos pré-candidatos.
Após a escolha do novo presidente estadual, o prefeito de Rio Grande, Fábio Branco, a executiva emedebista decidiu que o candidato seria escolhido em uma votação entre os 71 membros do diretório estadual. Isso levou Alceu Moreira a desistir da pré-candidatura, visto que ele defendia a realização de prévias junto aos diretórios municipais.
Ainda em março, após a votação do diretório, Gabriel Souza foi oficializado como o nome do partido para a eleição ao Piratini. Entretanto, em questão de dias, o secretário municipal de Porto Alegre, Cezar Schirmer, anunciou que era pré-candidato do MDB ao governo do Estado. Foi aí que a divisão dentro do MDB gaúcho - que já vinha se agravando - chegou ao ápice.
Nesta quarta-feira, na plateia que acompanhava a palestra de Temer, havia líderes dos grupos alinhados a Souza e a Schirmer. O primeiro foi ao evento; o segundo, não.
Ao longo da palestra do ex-presidente, que durou 25 minutos, Temer se dirigiu várias vezes a Gabriel Souza. Também citou os ex-governadores José Ivo Sartori e Germano Rigotto, que acompanhavam o encontro. Depois, o líder nacional dedicou mais 35 minutos a perguntas do público. Depois, em coletiva de imprensa, ao ser questionado sobre a presença das duas alas gaúchas do MDB no evento, Temer disse que tinha amigos em ambas: "Tenho a capacidade de ter amigos em todas as alas. Esse é o primeiro ponto. O segundo é pregar uma pacificação. Isso é importante aqui no Rio Grande do Sul, assim como em outros estados".
Depois do evento, o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, também comentou o racha entre os emedebistas gaúchos. Ao ser questionado sobre como resolver a disputa interna, lembrou que "Temer é um pacificador". Em seguida, desenvolveu: "Sabemos que há disputas locais, regionais que respeitamos. Afinal, temos que respeitar a democracia interna do partido. Mas precisamos trabalhar para que todos estejam juntos em torno de um único objetivo que é apresentar um projeto de crescimento e desenvolvimento do RS".

Ex-presidente pediu fim da polarização política

Durante sua palestra no Hotel Hilton Porto Alegre, um evento organizado pelo grupo Lide, o ex-presidente Michel Temer defendeu a pacificação nacional - seja entre os Poderes da República, seja na política brasileira.
Ao longo da sua explanação, Temer disse que todos falam em independência dos Poderes, mas esquecem a harmonia dos Poderes, importante para estabilidade do País. O comentário fazia referência aos atritos, sobretudo, entre o chefe do poder Executivo, o presidente Jair Bolsonaro (PL), e o órgão máximo do Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal.
O ex-presidente também defendeu a superação da polarização política vigente no Brasil, cujos polos são o candidato à reeleição Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para isso, ele defendeu a unificação dos partidos de centro em torno de uma candidatura da chamada terceira via, mas não apenas para marcar posição na eleição, mas sim para vencer o pleito. "Os partidos que estão se aliançando para a chamada terceira via colocaram a data de 18 de maio para a escolha de uma candidatura. Então, temos mais ou menos um mês, penso que vão fixar critérios objetivos. Acredito que vai depender muito de pesquisas, das mais variadas considerações."
O presidente nacional da sigla, Baleira Rossi, disse que o MDB não descarta que a pré-candidata à presidência da República Simone Tebet (MDB) seja vice em alguma chapa da terceira via. Entretanto, afirmou que o partido a considera o melhor nome para liderar o projeto da terceira via.