A morte do coronel Átila Rohrsetzer, aos 91 anos, encerra o processo na Corte de Assise de Roma, na Itália, que julgava militares brasileiros pela participação na Operação Condor, a ação de serviços secretos da América do Sul para eliminar opositores políticos nos anos 1970.
Rohrsetzer era o último dos 13 acusados do caso vivo. Todos foram denunciados pela participação nos sequestros dos ítalo-argentinos Lorenzo Viñas e Horácio Domingos Campiglia, ambos militantes montoneros. O coronel comandava da Divisão Central de Informações (DCI) do Rio Grande do Sul, quando Viñas foi detido em Uruguaiana, em 26 de junho de 1980.
De acordo com informações fornecidas pelo general Agnaldo Del Nero, que trabalhou no Centro de Informações do Exército (CIE), os militantes foram entregues ao Exército argentino. Documentos do Estado-Maior do Exército brasileiro mostram que os militares tinham ciência da política de extermínio de prisioneiros adotada pela ditadura militar na Argentina.
"A gente não matava. Prendia e entregava. Não há crime nisso", disse o general ao Estadão em 2007. A entrevista foi anexada ao processo para mostrar a participação dos militares brasileiros no sequestro das vítimas.
Rorhsetzer era acusado de crimes contra a humanidade e, se condenado, podia pegar prisão perpétua. O caso estava sendo analisado pela Justiça italiana em razão de as vítimas terem cidadania italiana e pelo fato de o país não reconhecer a legitimidade da anistia desses crimes concedida no Brasil.
A notícia sobre o falecimento de Rohsetzer foi dada à Corte italiana pela defesa do militar e foi anunciada pelo procurador Ermínio Carmelo Amélio, responsável pela acusação. Com a morte, o processo, cuja sentença devia ser anunciada nesta terça-feira, dia 26, será arquivado.