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Política

- Publicada em 03 de Março de 2021 às 20:29

Comitê reúne sociedade civil para cobrar dos governos medidas contra a Covid-19

Partidos, movimentos sociais e entidades também vão realizar ações de solidariedade na Capital

Partidos, movimentos sociais e entidades também vão realizar ações de solidariedade na Capital


MARIANA ALVES/JC
Adriana Lampert
Um grupo de mais de 200 pessoas se reuniu no início da tarde desta quarta-feira (3) em evento online para discutir ações de solidariedade e pautar medidas de enfrentamento à disseminação da Covid-19 em Porto Alegre. Diante do pior momento da pandemia, com a superlotação de UTIs nos hospitais, a transmissão comunitária de uma nova cepa do vírus (vinda de Manaus) ativa e o comércio e serviços fechados por conta da bandeira preta, a ideia é unir forças e cobrar ações dos governos em todas as esferas.
Um grupo de mais de 200 pessoas se reuniu no início da tarde desta quarta-feira (3) em evento online para discutir ações de solidariedade e pautar medidas de enfrentamento à disseminação da Covid-19 em Porto Alegre. Diante do pior momento da pandemia, com a superlotação de UTIs nos hospitais, a transmissão comunitária de uma nova cepa do vírus (vinda de Manaus) ativa e o comércio e serviços fechados por conta da bandeira preta, a ideia é unir forças e cobrar ações dos governos em todas as esferas.
"Estamos em uma situação em que se acumulam carências - sanitárias, emprego e renda, moradia, saúde - cujas soluções são complexas e urgentes", alerta um manifesto divulgado em redes sociais pelo grupo denominado Comitê Popular de Enfrentamento à Covid-19 de Porto Alegre. "Nossa cidade está sendo castigada com o aumento acelerado de casos confirmados e de internações na rede hospitalar. Com o decreto da bandeira preta fica evidente que as medidas sanitárias de flexibilização e cogestão adotadas em todo o território gaúcho fracassaram e deseducaram a população para a precaução e não disseminação do vírus", continua o texto, que ainda conclama outros entes da sociedade civil a demandar vacinação e testagem para toda a população.
Defender o isolamento social e cobrar do Estado e do Município uma complementação ao auxílio-emergencial (que ainda não foi aprovado na esfera federal) para os desempregados também estão na pauta. "Esta é a única forma de conter o avanço do coronavírus enquanto não tem vacina", observa o presidente municipal do PCdoB, Adalberto Frasson.  Ele justifica que o auxílio emergencial oferecido pelo governo federal no ano passado "foi fundamental para manter a economia em um patamar menos ruim". "Não é um dinheiro que fica guardado, é usado para comer, e vai movimentar o comércio." "O fim do auxílio emergencial de R$ 600,00 torna ainda mais dramática a situação das pessoas vulneráveis, especialmente a população negra, mulheres chefes de família das periferias", emenda a deputada estadual Sofia Cavedon (PT). 
O presidente do PCdoB em Porto Alegre chama a atenção que o comitê não foi formado para agir contra os governos, mas que vai sim fazer pressão nas esferas municipal e estadual para que sejam tomadas medidas concretas a favor da população. "O empresariado também deveria cobrar ajuda do governo para enfrentar a crise, ao invés de querer que o povo siga colocando a própria vida em risco, essa visão de que o estado não pode gastar é lamentável."
Frasson destaca que é "urgente" que o prefeito Sebastião Melo agilize a abertura emergencial de linha de microcrédito municipal para micro e pequenos empreendedores afetados pela pandemia, prometido em campanha. "Até agora nada foi feito, os pequenos empresários falindo. Muita gente não tem como sobreviver e o governo tem que ajudar, não é hora de ajuste fiscal - a inciativa privada não tem como sustentar uma ação maior para o povo", reitera.
"Nosso foco é pressionar para que o prefeito cumpra a Lei Municipal Benedito Saldanha de testagem, envide esforços para a compra direta de vacinas através de projeto da oposição que o autoriza a isso e disponibiliza R$ 24 milhões para esse fim", afirma a deputada estadual Luciana Genro (PSol). "É urgente o isolamento social e a garantia econômica para isso. Mas o foco do comitê também passa por demandar melhores condições no transporte público para quem está trabalhando", observa. Com poucas linhas e lotação limitada, os ônibus da Capital têm deixado muitas pessoas esperando por horas nas paradas, sinaliza a deputada. "Como agora é proibido levar passageiro em pé, alguns passam direto", concorda a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do RS, Claudia Franco.
A dirigente destaca outras demandas do grupo, a exemplo da abertura de mais leitos, chamamento dos concursados e readmissão dos profissionais do Instituto Municipal de Estratégia da Saúde da Família (IMESF), fechado por um processo de inconstitucionalidade. "Em plena pandemia, o prefeito decidiu que não vai recontratar estes profissionais. Mas alertamos que o custo destas rescisões (que ainda não foram pagas, desde) é de R$ 38 milhões, o que daria para comprar um milhão de vacinas." Claudia alerta que além de ser mais barato manter estas equipes, ainda seria um complemento para a campanha de vacinação, uma vez que do total de 500 profissionais desligados, 308 são vacinadores.
"Outra coisa que não faz sentido é transformar Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em UTI, pois estes locais não têm estrutura para atender emergência", critica a presidente do Sindicato dos Enfermeiros. "É complicado este tipo de posição: se fica divagando em um momento que tem que tomar medidas efetivas." A dirigente destaca ainda que além da garantia das medidas de isolamento social e proteção à saúde pública envolvendo os profissionais da Saúde, é urgente uma campanha de conscientização sobre o uso de máscaras e contra as aglomerações em meio à população.
Ainda estão na pauta do grupo a reinstalação do Comitê Científico de Combate à Pandemia em diálogo com as organizações do povo; entre outras demandas, como a retomada das ações de assistência social, distribuição de merenda das escolas municipais às famílias dos estudantes, rearticulação dos restaurantes e cozinhas comunitárias. Em paralelo, o Comitê deve organizar um plano de doação e distribuição de cestas básicas, álcool, e máscaras para a população em vulnerabilidade econômica e social. Na próxima quarta-feira (10), uma nova reunião ocorre para que seja apresentado o planejamento das ações. 
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