O desmatamento na Amazônia em agosto permaneceu em níveis muito elevados, apesar de ter registrado queda em relação ao ano anterior. Trata-se do segundo pior agosto de destruição documentado na história recente, perdendo apenas para agosto de 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro (sem partido).
Apesar dos dados preocupantes, o general Hamilton Mourão, vice-presidente e chefe do Conselho Nacional da Amazônia Legal, já fala, em sua conta no Twitter, em "tendência de queda" do desmatamento no bioma. Na postagem em questão, mais uma vez, Mourão atravessou o rito de publicação usual do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Mourão diz que há a tendência pelos dados de desmatamento medidos pelo Deter, sistema do Inpe que aponta desmate em tempo real, de julho e agosto, que, de fato, tiveram redução em relação aos mesmos meses do ano passado -respectivamente de 27% e 21%.
O Deter tem a função de auxiliar a fiscalização de crimes ambientais, porém pode ser usado para apontar tendências de aumento ou diminuição de desmatamento.
Os dados de julho e agosto de 2019 são os piores dados de desmatamento já registrados no bioma na série histórica recente do Inpe. Julho do ano passado teve desmatamento superior a 2.000 km² e agosto, pouco superior a 1.700 km².
Em 2020, em julho, foram desmatados pouco mais de 1.600 km² e e m agosto, pouco mais de 1.300 km², números elevadíssimos para um único mês. Dos 14 meses do governo Bolsonaro, 6 tiveram desmatamento acima de 1.000 km².
Olhando o ano referência, que diz respeito ao desmate acumulado de julho de 2019 a agosto de 2020, houve um aumento de 34% na destruição em relação ao período anterior -que também já tinha apresentado um aumento acentuado.
Dessa forma, quando o Inpe divulgar, no fim do ano, os dados finais de mensuração de desmate a partir do Prodes, que faz o monitoramento por satélite, as taxas de destruição irão, pelo segundo ano consecutivo e com tendência de crescimento, ficar acima dos 10.000 km² de Amazônia desmatada.
Ao mesmo tempo que a destruição se alastra pela floresta, Mourão fala em que o governo perdeu o controle da "narrativa" sobre a Amazônia e diz que é hora de discutir mineração em terras indígenas.
Enquanto isso, após crítica do ator Leonardo DiCaprio à política ambiental brasileira, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, posta mensagem perguntando se o ator colocará dinheiro em parques no Brasil.
O ministro recentemente também postou um vídeo -produzido por uma associação pecuária do Pará- erroneamente afirmando que a Amazônia não estava com problemas de queimadas. No vídeo, inclusive, aparece um mico-leão dourado, espécie presente na mata atlântica, não na Amazônia.