Atualizada às 19h
A
renúncia do ministro da Justiça e da Segurança Pública Sergio Moro, anunciada na manhã desta sexta-feira (24), e, acima de tudo, as denúncias que trouxe à tona sobre as tentativas de intervenção do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, caíram como uma bomba no País e repercutiram durante todo o dia no meio político. No Estado, o assunto dominou as manifestações dos chefes de poderes, políticos e parlamentares, que se manifestaram por meio de notas e também pelas redes sociais.
Em sua conta no twitter, o governador Eduardo Leite destacou que a saída de Moro representava derrota do trabalho técnico, do combate à corrupção e da valorização do mérito. "A saída do ministro, na forma como se deu e pelas motivações apresentadas, em um momento delicado da vida do País, abala os brasileiros que lutam por um País mais justo e transparente", disse o tucano, que
também abordou o tema durante sua live diária no Facebook. Leite cobrou esclarecimentos sobre as motivações que levaram a mudanças na Polícia Federal (PF), e disse que o fato vai exigir "análise e ação das instituições da nossa República". Ele ainda agradeceu Moro pela ações voltadas ao Estado, citando o apoio federal na operação de transferência de líderes de facções criminosas para presídios de outros estados, realizada em fevereiro.
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ernani Polo (PP), também lamentou a saída de Moro do governo. Via twitter, ele disse que o ex-ministro era "um símbolo da luta contra a corrupção no País" e manifestou o desejo de que ele permaneça na vida pública, pois "o País não pode e não deve abrir mão do seu trabalho e experiência". Ao governo federal, Polo desejou ainda equilíbrio para enfrentar a instabilidade.
Os senadores gaúchos também comentaram o tema. Em nota e por meio de uma live, Lasier Martins (Podemos) disse que a saída de moro complica o governo Bolsonaro. Ele lamentou a renúncia e disse que "o grave momento causado pela pandemia da Covid-19 descambou para um pandemônio político”. Lasier classificou a intervenção de Bolsonaro na cúpula da PF como crime de responsabilidade e alertou para o risco de “desmoronamento moral do presidente”, que já vinha sendo alvo de pedidos de impeachment no Congresso antes mesmo das denúncias de Moro. Segundo ele, "Moro aguentoU até onde deu" e sua saída representa uma grande perda para o Brasil.
Já o senador Paulo Paim (PT) destacou em manifestação no twitter que a segurança institucional do País está em risco. "Sem a observância da lei, começa a tirania. Morre a democracia. É inaceitável qualquer interferência política e ideológica na Polícia Federal. As afirmações feitas pelo agora ex-ministro Sérgio Moro são gravíssimas", ressaltou.
Aliado do presidente Jair Bolsonaro, o senador gaúcho Luis Carlos Heinze (PP), aguardou o pronunciamento do chefe do Executivo, no final da tarde desta sexta-feira, para manifestar-se a respeito da saída de Moro. O senador agradeceu o trabalho do ex-ministro desde o comando da operação Lava Jato e lamentou o encaminhamento da demissão. Disse que houve muitos avanços no Ministério da Justiça, "conquistas que fazem parte do governo Bolsonaro, nossa aposta em um novo Brasil, mais ético e transparente" e sem mencionar as denúncias feitas por Moro, declarou que "mudar peças faz parte da política": "Nosso projeto está aí e nada como o tempo para cicatrizar feridas e trazer luz aos fatos. Vamos em frente pelo bem dos brasileiros. Nosso trabalho não pode parar", concluiu.
Coordenador da bancada gaúcha no Congresso Nacional, o deputado federal Giovani Cherini (PL) disse que a saída de Moro "pegou o Brasil de surpresa, pois pode representar, para muitos, o afastamento do governo Bolsonaro do sentimento popular e do combate à corrupção". Segundo ele, situações como essa poderiam ser evitadas se o País adotasse o regime parlamentarista, o qual defende.
Deputado federal mais votado do Rio Grande do Sul, Marcel van Hatten (Novo) também comentou a saída de Moro em live nas redes sociais. Ele destacou que o dia era de tristeza para os brasileiros e que o ex-ministro havia demonstrado na coletiva de renúncia seu compromisso com o Estado de Direito. "Seu anúncio de demissão foi devastador. As acusações gravíssimas feitas diretamente ao presidente Jair Bolsonaro precisam ser averiguadas imediatamente, dia muito triste", comentou.
Ex-ministro da Justiça do governo Lula, o ex-governador Tarso Genro (PT) comentou em postagem no twitter que a PF agia com autonomia conferida pela Constituição e a Lei durante sua gestão no cargo. "Quando qualquer partido reclamava ao presidente sobre alguma diligência, Lula me dizia: 'Só olha se foi feito dentro da Lei', inclusive quando a casa de seu mano Vavá foi revistada".
Defensor do ministro Moro desde a Lava Jato, o ex-senador Pedro Simon (MDB) sempre teceu elogios a Bolsonaro pelA escolha do ex-juiz para compor a equipe. Ao se manifestar sobre a saída de Moro, disse que o dia era triste para o País. "O ministro Sérgio Moro é uma figura que ficará registrado na história do Brasil como um dos homens mais dignos e mais corretos que conhecemos. A operação Lava Jato marcou a história do Brasil e o ministro Moro marcou a Lava Jato", comentou.
Segundo ele, "o presidente se perdeu e perdeu toda a credibilidade perante à nação". "Na época em que eu disse que escolhendo para ministro da Justiça o Moro – lhe dando plenitude de mando –, o presidente da República assumiu a tarefa de moralização do Brasil. Isso, naquela época, mereceu o nosso respeito. Lamentavelmente, o presidente se perdeu e perdeu toda a credibilidade perante à nação. Eu penso, entre outras coisas, sobre a garantia de vida do ministro. Espero que o governo garanta tudo o que for necessário para que se evite algo mais sério”, enfatizou.