Desentendimentos e discordâncias marcaram o último ano da relação do prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), com a cúpula do PP, partido do vice-prefeito Gustavo Paim.
Algumas pautas já eram debatidas na Câmara Municipal de Porto Alegre, como a retirada dos cobradores de ônibus em viagens realizadas durante a madrugada e o fim da noite e o fim da taxa de gestão da Câmara de Compensação Tarifária (CCT).
Para estas, o vice-prefeito acredita haver uma discussão de mérito possível. A discordância veemente fica para as novas ideias de Marchezan. “Me parece antidesenvolvimentista a possibilidade de criar um pedágio urbano”, avalia Paim. “O problema existe, mas não será criando taxa e tarifas, que penalizam visitantes e empreendedores, que melhoraremos a mobilidade”.
O vice-prefeito se refere à intenção do governo de cobrar uma taxa de todos os veículos emplacados fora de Porto Alegre que ingressarem na cidade. O valor corresponderia a uma passagem de ônibus (atualmente em R$ 4,70), e iria impactar em R$ 0,50 em uma futura redução.
Outra discordância reside sobre o projeto que cria uma taxa de mobilidade urbana para empresas por quantidade de funcionários. Ela substituiria o vale-transporte, e o trabalhador não teria mais o valor do vale descontado do salário. A medida resultaria no passe livre para todos os trabalhadores com carteira-assinada da cidade.
"A taxação do emprego parece perigosa. Torna o emprego mais caro, mais duro aos empreendedores e um incentivo a informalidade”, argumenta Paim. Já a prefeitura afirma que a medida reduziria o custo dos empregadores, que já arcam com o vale-transporte, na mobilidade de seus funcionários.
O vice-prefeito analisa que, há um certo tempo, Marchezan vem quebrando seus compromissos de campanha. Alas do PP já se posicionaram fortemente contrárias à pauta da atualização do IPTU da Capital – um debate fundamental para o racha no governo.
Agora, Paim acredita que as novas propostas vão “de encontro aos compromissos firmados em campanha". Ele explica: "Nós tínhamos pautas de desenvolvimento econômico e redução de custos. Quando se começa a agir contrariamente a esses compromissos, trair a confiança do eleitor, gera-se um sentimento de desilusão”.