Inúmeras autoridades, familiares e amigos compareceram neste sábado (25) ao velório do ex-deputado Ibsen Pinheiro (MDB), realizado na Assembleia Legislativa.
Ibsen faleceu aos 84 anos na noite de sexta-feira após sofrer uma parada cardiorrespiratória enquanto passava por tratamento de saúde no Hospital Dom Vicente Scherer, em Porto Alegre.
O governador Eduardo Leite destacou que Ibsen é uma referência em serenidade na maneira de lidar com a política. “A forma com Ibsen tratou a política foi muito melhor do que a forma como a política o tratou, haja visto ter enfrentado denúncias que se comprovaram depois injustas. Mesmo assim ele não perdeu o seu respeito pelas pessoas, mesmo que tenha sido injustiçado,” ressaltou o governador. Leite disse que Ibsen foi um homem público que deu grande contribuição ao Brasil. “Certamente ele deixa um legado pelo seu exemplo e pela sua memória, por isso decretamos luto oficial por três dias no nosso Estado”, acrescentou.
De acordo com o procurador-geral de Justiça, Fabiano Dallazen, Ibsen foi um homem de grande importância para o Ministério Público. “O Ministério Público teve uma outra cara a partir da Constituição de 1988 e um senão o maior dos lutadores naquela época para colocar na Constituição as prerrogativas, que fazem hoje o Ministério Público poder atuar foi o deputado Ibsen."
O ex-senador e ex-governador do Rio Grande do Sul, Pedro Simon, lembrou também a atuação de Ibsen no debate da função do procurador, que passou a ter um poder a parte, que é a defesa do cidadão. "Ibsen foi presidente da Câmara dos Deputados Federais na hora difícil; também foi por vários anos líder da bancada MDB federal, sofre muitas injustiças e voltou nos braços do povo”, salientou Simon, bastante emocionado.
Sebastião Melo, deputado estadual pelo MDB, ressaltou que Ibsen fez uma história muito bonita como jornalista, militante político, um lutador pela democracia. “Ele começou na Capital como vereador, passou pela Assembleia Legislativa e chegou na Câmara dos Deputados Federais e foi aquele que conduziu o primeiro impeachment do Brasil republicano (ex-presidente Fernando Collor de Mello) e eu lembro muito bem de uma frase dele: o que o povo quer, esta Casa acaba querendo", relembrou Melo.
Ibsen pretendia se casar nos próximos meses com a companheira, Jussara Oliveira da Silva. Do primeiro casamento, deixou o filho Márcio Pinheiro, jornalista como o pai. Márcio explicou que os últimos três anos foram de muitas idas e vindas de internações do pai. "Ibsen teve uma vida muito legal e que infelizmente acabou agora", disse, lembrando que curiosamente, em casa, seu pai era um homem calado e reservado e ele como filho aprendeu a entrar nos espaços permitidos.
Ibsen tinha forte ligação com o Sport Clube Internacional, tendo ocupado a vice-presidência de futebol do clube em três ocasiões (1969-1971, 1996-1997, 2002). Atualmente, ocupava uma cadeira no Conselho do Inter. Sua morte foi lamentada pelo clube em suas redes sociais. "Sua história sempre esteve intimamente ligada à do Inter. Com uma longa trajetória de contribuições, ajudou a elevar o patamar do Clube do Povo. Entre as décadas de 60 e 70, como parte dos chamados “Mandarins”, uniu-se aos colorados Cláudio Cabral, Paulo Portanova e Hugo Amorim – protagonistas em um momento de domínio colorado no cenário esportivo nacional. Na década de 1990, voltou a ocupar o cargo de Vice-Presidente de Futebol, assim como em 2002, quando ajudou o time a escapar do rebaixamento", diz a nota de pesar publicada no site colorado. O corpo de Ibsen foi velado coberto por bandeiras do MDB e do Sport Clube Internacional.