O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior, disse, nesta sexta-feira (11), que "quer levar médico e atendimento de rico para os pobres, periferia e comunidades”. "Queremos levar o Moinhos de Vento, o Mãe de Deus, a Santa Casa e o Cardiologia para as vilas", listou o prefeito, citando as referências de serviços privados no setor na Capital, ao falar ao programa Esfera Pública da Rádio Guaíba.
Marchezan apontou o modelo e padrão de atendimento que seria buscado por meio das mudanças na gestão da saúde pública que apontam para terceirizações, com busca de prestadores.
O prefeito também afirmou que a greve dos trabalhadores do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf) é “absolutamente ilegal”. A paralisação de três dias, até esta sexta-feira, tenta impedir demissões dos quadros do Imesf, que teve a
extinção determinada em julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Ainda não houve ato administrativo de extinção do Imesf. Não houve reflexo prático na vida (dos trabalhadores) até o momento”, disse o prefeito durante a entrevista. Ao comentar sobre a manifestação, justificou que “negar atendimento à população não vai mudar a decisão do STF”.
Segundo Marchezan Jr., os planos da prefeitura são trazer a qualificação do atendimento privado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Na entrevista, disse que pretende “levar o atendimento do Moinhos de Vento à periferia”. “Como alguém pode ser contra isso?”, indagou o prefeito.
Ao ser pressionado para responder quando o atendimento das unidades de saúde será normalizado, o prefeito afirmou que o município pode “demitir (os funcionários) por justa causa”. No entanto, indicou que a prefeitura não pretende tomar nenhuma medida para que isso ocorra.
Durante a segunda parte da entrevista, os funcionários do Imesf se reuniram em frente ao estúdio da Guaíba para protestar as afirmações do prefeito Nelson Marchezan Junior. Os manifestantes pediram que um representante fosse entrevistado junto ao prefeito, mas a emissora não atendeu ao pedido, com a justificativa de que os sindicatos já foram ouvidos em outras edições do Esfera Pública.
Nesta sexta-feira (11), os trabalhadores do Imesf decidiram, em assembleia, suspender a greve até a próxima quarta (16). De acordo com o Sindisaúde-RS, caso não haja negociação com a prefeitura sobre os trâmites do Instituto, a paralisação será retomada.
Os trabalhadores do Imesf estão em greve geral desde a última quarta-feira (9), o que
afetou o atendimento nas unidades de saúde de Porto Alegre. Os protestos começaram no dia seguinte à decisão do STF, que considerou o instituto inconstitucional e vai gerar a demissão de 1.840 pessoas.
Ainda não há aviso-prévio para as demissões ou extinção do CNPJ.