JC - Esses polos democráticos podem se transformar numa candidatura unificada em 2022?
Freire - Se tivesse (uma única candidatura), seria ótimo. Mas, no momento, temos que evitar a polarização e garantir o funcionamento democrático do País, das instituições e das liberdades.
JC - Quais as perspectivas do Cidadania para as eleições municipais de 2020?
Freire - Em 2020, vamos ter candidatos à prefeitura de nove capitais, o que demonstra a nossa presença cada vez maior, com capilaridade, dentro de um partido mediano. Inclusive, em Porto Alegre, vamos ter a candidatura da deputada estadual Any Ortiz. Ela é uma grande liderança, jovem liderança. Como ela, temos João Vitor em Belo Horizonte; Marcelo Soleri, no Rio de Janeiro; Daniel Coelho, no Recife; Alexandre Pereira, em Vitória; etc. Isso é um evidente sinal de crescimento, de capilaridade e de um certo protagonismo do Cidadania nas eleições de 2020.
JC - E em 2022?
Freire - As candidaturas em 2020 nos dão a perspectiva, de superar a cláusula de barreira em 2022. Assim como fizemos em 2018. Também vamos buscar ser um grande partido do pensamento democrático, dos liberais progressistas e daqueles resquícios da esquerda democrática. A gente está discutindo muito o combate à corrupção, gastos que não devem ser feitos, austeridade fiscal. Mas precisamos discutir a dura realidade de sermos um País profundamente injusto, com uma imensa população que não tem acesso aos bens da dignidade e da humanidade. Isso é a grande questão para o Cidadania e do nosso projeto para futuro.
Perfil
Nascido em 1942, no Recife (PE), Roberto João Pereira Freire começou sua vida política militando no Partido Comunista Brasileiro (PCB), ainda nos anos 1960, quando cursava Direito na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Pela legenda, foi candidato a presidente da República em 1989. Na época da ditadura, enfrentou o regime militar pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Sua primeira disputa foi para prefeitura de Olinda, em 1972, quando representou o MDB. Exerceu cargos eletivos por três décadas ininterruptas: um mandato como senador, um como deputado estadual e sete como deputado federal. Ficou sem cargo eletivo em 2018, quando concluiu mandato na Câmara dos Deputados. Durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB, 2016-2017), assumiu o Ministério da Cultura. Por 14 anos, foi escolhido pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) como um dos 100 protagonistas do Congresso Nacional. É presidente nacional do Partido Popular Socialista (PPS), que aguarda a confirmação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a sigla mude o nome para Cidadania.