O ex-presidente Lula contrariou sua assessoria jurídica e determinou que o PT não indique neste sábado (4) Manuela D'Ávila (PC do B) como vice de sua chapa ao Planalto.
Durante reunião com a cúpula petista, na tarde desta sexta-feira (3), a presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PR), foi convocada por Lula para ir a Curitiba, onde ele está preso há quatro meses, para receber as orientações sobre a oficialização da chapa do PT na sucessão de Michel Temer.
Embora o partido tivesse manifestado desejo de indicar Manuela D'Ávila como vice de Lula já neste sábado (4), para seguir a recomendação da lei eleitoral, o ex-presidente decidiu brecar as negociações.
Na saída da Superintendência da Polícia Federal, Gleisi anunciou que o PT não iria indicar um vice na chapa neste momento. "Não tivemos jurisprudência que mude a regra do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no prazo para apresentação da vice. Vamos encaminhar junto à executiva nacional", afirmou.
Até o último minuto do encontro, advogados de Lula tentavam acionar Gleisi por telefone para dizer que o mais prudente era seguir a legislação, que determina que a oficialização da chapa deve ser feita até 24 horas após o fim do prazo das convenções partidárias, em 5 de agosto.
Mais cedo, emissários de Lula consultaram dirigentes do PCdoB sobre a hipótese de Manuela desistir da candidatura própria ao Planalto e esperar até 15 de agosto, prazo final para o registro das candidaturas, para ser oficializada vice na chapa do PT. Líderes da sigla aliada, porém, consideraram a proposta "constrangedora".
Diante da negativa, Gleisi viajou ao lado de Fernando Haddad, cotado como plano B caso Lula seja impedido de concorrer em outubro, para levar ao ex-presidente a proposta de indicação de Manuela já durante a convenção do partido, no sábado, mas ouviu o não como resposta.
Petistas que ficaram em São Paulo disseram que havia "certa insegurança" quanto à reação de Lula com a proposta. O ex-presidente rechaçava qualquer ideia de indicar vice antes do dia 15 de agosto, para evitar especulações sobre opções à sua candidatura.
A ideia ecoada por Gleisi é de que a decisão sobre vice será delegada à executiva nacional do partido que, em 14 de agosto, bateria o martelo, para o registro no dia 15.
Não há consenso entre os advogados e dirigentes do PT sobre como se dará o processo a partir de então na Justiça Eleitoral.