Porto Alegre, segunda-feira, 12 de maio de 2025.
Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Porto Alegre, segunda-feira, 12 de maio de 2025.

Opinião

- Publicada em 26 de Novembro de 2021 às 15:55

O 'bom conselho' da Deusa da Justiça sobre o caso da boate Kiss

Precisamos analisar o papel do Tribunal do Júri neste caso que é conhecido por todos os cantos do nosso país. Esse órgão do poder judiciário é competente para julgar “crimes dolosos contra a vida”, ou seja, quando o autor possui a intenção de matar. Imagino a dor das famílias envolvidas, isso não está em discussão. Todavia, é preciso pensar também em como “os ditos responsáveis” pela boate estão sendo interpretados pela justiça. Quem é responsável pela abertura e manutenção de uma boate? Existe fiscalização? Ora, é preciso entender para pensar no direito aplicado. Para abrir uma casa de entretenimento é necessário que a fiscalização pública vistorie e libere o local por meio de alvarás. Em se tratando de irregularidades e riscos, nenhum dos fiscalizadores apontou que o teto não poderia ser instalado, por exemplo. Nada também foi dito sobre a necessidade de ter uma porta de saída, uma de entrada e outra de emergência. Passamos a pensar nisso depois que tudo isso aconteceu, é fato.
Precisamos analisar o papel do Tribunal do Júri neste caso que é conhecido por todos os cantos do nosso país. Esse órgão do poder judiciário é competente para julgar “crimes dolosos contra a vida”, ou seja, quando o autor possui a intenção de matar. Imagino a dor das famílias envolvidas, isso não está em discussão. Todavia, é preciso pensar também em como “os ditos responsáveis” pela boate estão sendo interpretados pela justiça. Quem é responsável pela abertura e manutenção de uma boate? Existe fiscalização? Ora, é preciso entender para pensar no direito aplicado. Para abrir uma casa de entretenimento é necessário que a fiscalização pública vistorie e libere o local por meio de alvarás. Em se tratando de irregularidades e riscos, nenhum dos fiscalizadores apontou que o teto não poderia ser instalado, por exemplo. Nada também foi dito sobre a necessidade de ter uma porta de saída, uma de entrada e outra de emergência. Passamos a pensar nisso depois que tudo isso aconteceu, é fato.
No caso da boate Kiss, o juiz togado deveria ser o responsável e não o Tribunal do Júri, vez que não houve a intenção do dono da boate em provocar um acidente para matar seus clientes e amigos que trabalhavam no local. Ainda, pensando na responsabilidade de “assumir o risco”, talvez outras pessoas teriam que estar no Tribunal do Júri também, como o servidor público da prefeitura de Santa Maria que concedeu o alvará para abertura do local, o responsável dos Bombeiros que vistoriou o local e liberou para funcionamento e tantos outros órgãos e trabalhadores envolvidos. Nenhuma das pessoas está no Tribunal do Júri. Ora, mas também assumiram o risco? Ser levado ao Tribunal do Júri por “crime culposo” é causar mácula na construção histórica que luta para cumprir a garantia humana fundamental, a qual constitui garantia formal, assegurando tão somente que o autor de crime doloso contra a vida seja julgado em plenário popular.
Colocar pessoas que não tiveram a intenção de matar de frente com um júri tomado pela comoção popular, podendo passar suas vidas na cadeia sem conseguirem fazer qualquer tipo de reparação social, é um dano irreparável. As decisões jurídicas têm consequência direta sobre a vida, em todas as esferas. Pensar nas consequências é manter avivado “o bom conselho” da Deusa Thêmis: a justiça é para todos, dada as suas devidas proporções.
Advogada criminalista
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO
notification icon
Gostaria de receber notificações de conteúdo do nosso site?
Notificações pelo navegador bloqueadas pelo usuário