Depois de quatro meses de pandemia, os reflexos da crise alcançaram praticamente todos os setores da economia brasileira. A dimensão do impacto provocado pela Covid-19 pode ser constatada nos 7,8 milhões de postos de trabalho fechados até o mês de maio no Brasil, segundo dados do IBGE.
Na contramão da economia está o agronegócio. Os produtores rurais seguiram trabalhando na quarentena para garantir o abastecimento do País e conquistaram uma colheita recorde de soja na safra 2019/20, principal responsável pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do agro em 3,78% nos primeiros quatro meses de 2020, em relação ao mesmo período do ano passado.
Os bons resultados surpreendem quem não conhece a rotina da porteira para dentro. No campo, mesmo com coronavírus e estiagem, os avanços contribuíram para que a criação de novos empregos em junho tivesse o melhor resultado no mês em seis anos, conforme divulgou a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Mas, os números positivos não foram adquiridos por acaso. Pelo contrário, são consequência de anos de investimento em novas tecnologias para auxiliar no plantio e no manejo, desenvolvendo técnicas e defensivos agrícolas que, quando aplicados nas lavouras de forma consciente, ao proteger de pragas, doenças e ervas daninhas, aumentam a produção sem necessitar ampliar a área de plantio.
Ninguém tem mais interesse na proteção do meio ambiente que os produtores e eles estão fazendo o dever e casa: são líderes mundiais em agricultura sustentável. A vegetação nativa preservada em propriedades rurais no Brasil, a chamada Reserva Legal, equivale à soma dos territórios da França, Espanha e Portugal.
Entre tantas fake news que precisamos combater está aquela de que o agro não respeita a natureza. Somente com mais informação de qualidade, o trabalho e a imagem dos agricultores serão valorizados. Em tempos de pandemia, mais do que nunca, a saúde e a economia dependem daquilo que sai do campo: alimento, desenvolvimento e esperança.
Jornalista