O País vem propondo muitas mudanças, algumas necessárias, para a Nação. Dentro delas, os idosos não estão recebendo a devida atenção. Pelo Estatuto, são idosos as pessoas a partir de 60 anos de idade. A legislação prevê algumas “perfumarias”, como meia entrada em cinemas, filas preferenciais, estacionamentos, e outros ditos “benefícios”. Na verdade, o Estatuto do Idoso não contempla as reais necessidades das pessoas dessa faixa etária. Por exemplo, não há qualquer previsão de obrigatoriedade de descontos na aquisição de medicamentos, e os planos de saúde, após se atingir determinada idade, praticamente dobram seu valor, fazendo com que a maioria dos idosos desistam desse tipo de assistência. O principal problema está política de tratamento dos idosos em geral na profundidade que o tema requer. Mas a maior dificuldade ainda está na aposentadoria, frente à PEC da Previdência, que prevê uma idade bem mais alta do que o Estatuto, além de um acréscimo no tempo de contribuição.
Ora, o Brasil possui “oficialmente” mais de 13 milhões de desempregados e outro tanto de desalentados. Uma enorme parcela desses grupos é formada de pessoas na faixa dos 60 anos. Com as mudanças que se apresentam, e mais um mercado de trabalho onde até os jovens têm dificuldade de obter colocação, como o idoso vai completar o necessário tempo de contribuição para uma possível aposentadoria? É uma questão que ninguém está falando ou reportando. Os idosos foram olimpicamente esquecidos e sequer foram chamados a opinar.
Essas pessoas, na faixa dos 60 anos ou mais, já ofereceram sua contribuição ao País e, no momento em que mais precisam, são literalmente abandonados pelo Executivo e Legislativo. É nessa altura da vida que têm mais dificuldades, que mais precisam de remédios e atenção, além de uma, mesmo que parca, aposentadoria. Um grande número de idosos, diante das novas proposições, pode cair num limbo e nunca obter qualquer aposentadoria. As autoridades afirmam que a PEC é para todos, mas há exceções como os militares, professores, agricultores. Por que não incluir essa faixa tão sofrida da população brasileira nessas exceções?
Talvez a solução esteja em promover a aposentadoria, mesmo que provisoriamente, aos 60 anos de idade, durante 5 anos, nas disposições transitórias, ou na chamada transição. A medida daria um certo equilíbrio e uma mínima condição de vida ao grupo. Também iria aliviar o agressivo mercado de trabalho, dando mais espaço aos jovens. Mas, resta uma dúvida: por qual motivo ninguém aborda este triste aspecto?
Fotógrafo e escritor