Sou atuário por profissão. Esta profissão de nome estranho cuida de seguros, resseguros, previdência, capitalização, amortizações, risco e outras tarefas que envolvam a mensuração de eventos futuros e incertos. Os atuários deveriam ser os profissionais de ponta nas reformas dos diversos tipos de previdência, mas não o são. Primeiro porque há pouquíssimos atuários fazendo o papel de atuários nos regimes de Previdência social com experiência em reformas. E, depois, porque a atividade de reformar a Previdência ficou por conta de gente com muitas formações econômicas dentro do serviço público.
Acho que isto ajuda os leitores a entender porque nenhuma reforma proposta desde 1993 dá certo. E aí podemos citar todas na União, nos estados, nos municípios e no Distrito Federal. Todas tinham a única preocupação de ajudar nas medidas que precisam ser tomadas para o ajuste fiscal, que nunca chega, nem se concretiza. Nesta última reforma, chamada de nova Previdência, a própria Previdência se transforma na única culpada pela situação fiscal dos diversos entes federativos. Não vamos falar de números nesta vez porque eles são nuvens, que mudam muito e muito rápido, às vezes pela mesma fonte.
Vejam só como os números são fluídos. A proposta do presidente Michel Temer (MDB), na última forma dada pelo então relator, colocava o impacto da reforma em R$ 450 bilhões de despesas que não se realizariam no futuro. A nova Previdência, que é a mesma reforma apresentada no governo anterior, fala em R$ 1,1 trilhão de economia no mesmo período. Não vamos examinar as artes que produziram estes números, pois se os atuários fossem produzir um número, o quadro seria muito diferente.
Atuário