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Publicada em 31 de Março de 2020 às 03:00

Conhecimento, inovação e educação

Cleber Prodanov

Cleber Prodanov

LOHRAN FAGUNDES/UNIVERSIDADE FEEVALE/DIVULGAÇÃO JC
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Jornal do Comércio
Estamos vivendo um novo cenário e uma nova ordem econômica mundial neste começo do século XXI, sobretudo pela disputa de uma liderança global com o surgimento de players como a China, bem como a presença de um conjunto de nações capazes de disputar um protagonismo multipolar. Em contrapartida, toma corpo uma nova economia orientada não apenas na produção de bens, mas, acima de tudo, na geração do conhecimento, especificamente, no processo de criação e seu controle. Vivemos, também, um espetacular processo de comunicação e conectividade global que proporciona um mundo interligado, onde as descobertas e sua aplicabilidade chegam com uma velocidade surpreendente a todos os cantos do planeta.
Estamos vivendo um novo cenário e uma nova ordem econômica mundial neste começo do século XXI, sobretudo pela disputa de uma liderança global com o surgimento de players como a China, bem como a presença de um conjunto de nações capazes de disputar um protagonismo multipolar. Em contrapartida, toma corpo uma nova economia orientada não apenas na produção de bens, mas, acima de tudo, na geração do conhecimento, especificamente, no processo de criação e seu controle. Vivemos, também, um espetacular processo de comunicação e conectividade global que proporciona um mundo interligado, onde as descobertas e sua aplicabilidade chegam com uma velocidade surpreendente a todos os cantos do planeta.
Nesse sentido, não apenas produzir, mas ter o domínio intelectual dos produtos, processos e serviços, passou a ter um peso considerável na vida das organizações e dos próprios cidadãos. Isso está mudando a maneira como as pessoas são educadas para a vida e o mundo do trabalho, assim como vai influenciando mudanças na forma de agir das universidades, das empresas e dos governos.
Esse processo é tão acelerado que nações como o Brasil, por exemplo, que ao longo do século XX fizeram grandes avanços em termos científicos, tecnológicos e industriais, podem ter um grande retrocesso diante desse novo modelo econômico da sociedade do conhecimento. Sem esquecer que nosso país ainda possui uma grande necessidade de manter, criar e desenvolver cadeias produtivas industriais que geram empregos, renda e ajudam a disseminar resultados para a sociedade.
Ainda carecemos de ações mais efetivas de alguns setores econômicos, no sentido de constituir laços sólidos entre as nossas empresas e as universidades, as escolas técnicas e os institutos de pesquisa. É preciso avançar para além da produção e, investindo na pesquisa, passar ao desenvolvimento e domínio de áreas estratégicas de conhecimento, fazendo com que se supere uma visão estritamente produtiva e se avance para as áreas de domínio intelectual.
Assim sendo, nosso desafio no Brasil é imenso, como ter que consolidar uma estratégia competitiva para as empresas, alargar o mercado interno e a inserção de grandes grupos sociais ainda marginalizados na sociedade e avançar na melhoria qualitativa e na universalização do ensino em todos os níveis. De quebra, ainda trabalhar o estado da arte do conhecimento e de sua transferência, ou seja, a inovação. Esses movimentos impedirão que aumente a nossa dependência criativa e tecnológica, o que pode, nos próximos anos, inviabilizar a economia e a sociedade, de maneira irreversível.
O mundo ingressou de vez na chamada sociedade do conhecimento, em que pensar, criar e inovar tornaram-se prioridades em todas as organizações, quer públicas ou privadas, sejam elas de atividade industrial, de serviços ou de educação. Nesse sentido, notadamente, estamos num mundo em que inovar é necessário. Sendo assim, a formação das pessoas e o despertar de um espírito empreendedor e inovador cada vez mais se torna fundamental. Por isso, temos que trabalhar na modificação das relações e das percepções dos jovens frente ao mundo do trabalho, já que as pesquisas apontam que, internamente, nosso país é um celeiro de empreendedores de todos os tipos, mas que carecem de apoio na hora de transformar a criação em negócios.
A universidade tem sido uma das instituições mais duradouras da história da humanidade. Deve isso, em grande parte, a sua grande capacidade de adaptação e de mudança, ao longo dos últimos milênios. Ela nasceu à sombra das catedrais, ligada ao ensino, à prática docente e fechada em suas paredes e muros, com a preocupação inicial quanto à formação intelectual de uma elite letrada.
Entretanto, ela foi transformando-se ao longo dos séculos e incorporando a pesquisa e a extensão, que lhe deram, no final do século passado, uma estrutura mais equilibrada, mas, por outro lado, descortinaram um mundo de oportunidades e interações, que nem sempre foram creditadas a ela. Dessa forma, no limiar do século XXI, ganhou ares de agente de transformação local e regional, agregado ao seu apelo universalista.
Cada vez mais, criam-se as condições de superação dos seus muros, o que, aliás, acelerou-se devido às transformações tecnológicas, ideológicas e doutrinárias desse início de milênio. Hoje, existe um grande movimento mundial que prevê que as universidades respondam cada vez mais por suas comunidades e desempenhem um papel inovador, acompanhando as mudanças incrementadas pela nova sociedade que surge, denominada por alguns como a Sociedade do Conhecimento.
De qualquer forma, é preciso compreender que vivemos uma nova era, um novo paradigma social, marcado pelo acelerado ritmo da globalização econômica e cultural. Vivemos, também, o acelerar dos paradigmas, especialmente os tecnológicos. Basta olhar para algumas áreas do conhecimento e perceber. No campo da eletrônica, por exemplo, passamos das válvulas para os transistores, daí, aos circuitos integrados; da eletrônica para a informática e às nanotecnologias.
É perceptível a transformação de áreas da nossa civilização em um novo paradigma de atitude. Essa nova sociedade, na qual o conhecimento ganha uma força propulsora, comparada à energia ou às matérias-primas da sociedade industrial, é o novo desafio que apresenta a inovação como ponta de lança dessa transformação.
A maioria das pessoas, porém, não está preparada para as mudanças, especialmente as paradigmáticas. Isso se agrava, se essas alterações começam a ocorrer em intervalos de tempo cada vez menores e com mais profundidade. Esses elementos agravam a percepção sobre a crise e a mudança dos paradigmas e tocam o ponto de equilíbrio e conforto das pessoas e das organizações.
Pior ainda para aqueles que não perceberam as mudanças e continuam, nostálgicos, falando dos "velhos tempos" que não voltam mais. Cabe a todos nós, nos prepararmos para essas mudanças. Nesse ponto, a busca do conhecimento, a prática da inovação e a ciência se colocam como ferramentas fundamentais em um mundo cada vez mais dinâmico.

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