Sim, em 2022 as matrículas iniciais nos cursos de graduação à distância serão maiores em comparação com a graduação presencial. O número total de estudantes matriculados em universidades tradicionais ainda será maior do que as faculdades EAD, porém quando se fala em pessoas se inserindo no ensino superior a tendência é que a maioria opte pelo ensino a distância. Com essas palavras o reitor da faculdade de ensino a distância Uninter, Dr. Benhur Etelberto Gaio explica o crescimento do ensino a distância no Brasil.
Essa mudança é consequência do status que a sociedade se encontra: a era digital. Tudo ocorre em uma velocidade muito superior ao que se estava acostumado. Hoje é possível se comunicar instantaneamente com qualquer lugar do mundo e essa necessidade de pertencimento também reflete no comportamento dos jovens, que desejam fazer as suas próprias escolhas e gerirem seu próprio tempo. "Existe uma convergência natural das práticas pedagógicas, que acompanham as mudanças da sociedade, e possibilitam ao aluno do século XXI uma experiência de qualidade, conectada com as suas necessidades", afirma o reitor do Centro Universitário Ritter dos Reis, Dr. Germano Schwartz. Atualmente a UniRitter possui seus tradicionais cursos presenciais e os semipresenciais. Na modalidade semipresencial o aluno tem acesso às mais modernas técnicas de ensino a distância, combinadas com plataformas digitais por meio de aulas online e tem contato semanal com encontro presencial duas vezes por semana.
Os cursos de graduação a distância são uma realidade em todo o mundo, sendo uma prática de alta qualidade e aplicada, por exemplo, nos cursos online de Harvard. Nos últimos anos é possível acompanhar o número crescente de pessoas que começaram a ingressar em universidades que oferecem cursos semipresencial ou cem por cento a distância. Esse crescimento se acentuou mais nos últimos três anos, com aumento de matrículas na educação à distância por um fenômeno muito objetivo, que foi a migração de muitos jovens do presencial para a distância.
O que mudou também foi o público, nesse caso os estudantes. Se antes de 2015 o aluno que se matriculava em faculdades EAD eram pessoas mais adultas que já estavam inseridas no mercado de trabalho, estabilizadas, com família e que estavam há um longo período de tempo longe das salas de aula a partir de 2015 o cenário muda. Passa-se observar uma matrícula crescente na faixa etária entre 24 e 28 anos. "Há três anos a nossa média de faixa etária estava em 32 anos e hoje ela baixou bastante, está em 28 anos. Ainda não é o jovem de 18 anos.", explica Benhur. O Ministério de Educação, MEC, considera a fase adequada para o ingresso o aluno entre 18 e 24 anos, o que é chamado de matrícula líquida, o jovem que saí do ensino médio e se matricula direto em uma instituição de ensino superior.
Benhur Etelberto Gaio (UniRitter) - Crédito: RODRIGO RAMIREZ/DIVULGAÇÃO/JC
A graduação a distância ainda traz controvérsias sobre o novo modelo de aprendizagem e qualidade, porém um fator que não pode deixar de ser lembrado é a questão de acessibilidade. É importante destacar que uma parcela de jovens não têm acesso a educação de ensino superior, pois a obrigação com os horários e de se estar presente em uma sala de aula o impede de realizar funções que são necessárias para sua sobrevivência, como trabalhar. Além disso, existem as pessoas que não conseguiram ingressar em uma universidade federal, ou não conseguiram uma bolsa de estudo em uma universidade particular e por sua situação financeira a faculdade EAD acaba sendo a saída mais acessível para continuar estudando. "O ensino a distância acaba sendo uma democratização do ensino para aqueles que antes não tinham acesso ao ensino superior, hoje têm através das universidades EAD", completa.
As mensalidades de cursos à distância podem ser até 65% mais baratas dos que as presenciais. De acordo com o censo da Associação Brasileira de Educação a Distância, Abed o valor médio da mensalidade caiu de 348 reais em 2012 para 279 reais no ano passado.
Queda nas mensalidades
O preço é justificado pela escala, os cursos que possuem um número maior de estudantes acabam tendo o mesmo professor, pois este leciona para muito mais estudantes do que na dinâmica presencial.
Germano Schwartz (UniRitter) - Crédito: UniRitter/Divulgação/JC
A figura do professor continua sendo essencial para o funcionamento do ensino a distância e esses passam a se capacitar ainda mais para atender esse novo formato de educação. "O EAD exige do docente novas habilidades, conectadas com a realidade da sociedade contemporânea. Essa modalidade exige uma preparação e o desenvolvimento prévio de conteúdos didáticos robustos, e o papel dos professores é insubstituível", explica Germano Schwartz.
Se por um lado tem o aumento desenfreado de alunos ingressando em cursos de graduação a distância, do outro lado as universidades precisam cada vez mais suprir a necessidade dos novos estudantes e de maneira criativa captar a atenção dos mais velhos, que já estão há um tempo fora das salas de aula. Segundo o reitor da UniRitter, Germano Schwartz a interatividade e a produção de um conteúdo de qualidade são os principais desafios na elaboração de uma grade curricular. "Quando os dois pilares se unem, como é o caso da UniRitter, sempre atenta às novas prática de ensino, o potencial é enorme, tanto para os alunos quanto para a própria sociedade", explica ele.
Novos cursos
Além das modificações nas grades currículares as instituições de ensino a distância passaram a se atentar ao mercado de trabalho que passa por mudanças. Ocupações, profissões novas passaram a surgir, ainda mais no meio digital. A partir disso foi notado certa carência de cursos que ofereçam a capacitação de profissionais para estas novas ocupações. "Quando nós vamos para lançamentos de cursos novos, nós estamos atentos ao que o próprio mercado está cobrando. Nós temos um curso que somos o primeiro a ofertar que é de investigador profissional", explica o reitor da Uninter sobre a atividade que já se faz presente no mercado de trabalho, mas ainda não tem um curso preparatório. Outro curso que se destaca na área de inovações é o Blockchain, Criptomoedas e Finanças na Era Digital trata-se de um novo profissional das finanças no mundo virtual, que contribui com o crescimento de novos modelos de negócios digitais.
"Isso é uma coisa totalmente nova. Foi identificada essa situação pela área específica e nós criamos um curso inovador." Constata Benhur. Atentos ao empreendedorismo que cada vez ganha mais espaço a Uninter também resolveu oferecer o curso de Gestão de Startups. Foram chamados profissionais da área e foi construído um curso tecnológico de dois anos para a gestão especificamente de startups. "Identificamos que pessoas que atuam que lançam empresas ou que gerenciam startups estavam com dificuldades na formação profissional", comenta o reitor. Apesar de entender que a inovação precisa ser levada para dentro das universidades, pensando já no mercado de trabalho, Benhur entende que há uma demora até haver uma adaptação. "O mercado precisa de certo tempo que leva a curva de aprendizagem para entender como um curso desses pode favorecer profissionalmente", completa.
Quando se fala em cursos já tradicionais, eles também não escapam da onda de inovação que vem se formando. Faculdades que já são clássicas nas instituições de ensino passam por mudanças em sua grade curricular, para se adaptar ao mundo moderno e ao aluno também. "Não dá para nós continuarmos trabalhando com grades antigas, defasadas de aprendizagem. A pior situação possível é o curso de direito, porque é um dos mais tradicionais", afirma o reitor. A instituição teve que reformular toda a parte processual do curso, até das atividades dos alunos, pois hoje os processos físicos, no papel não existem mais. "É tudo eletrônico, claro que alguns professores são mais tradicionalistas e trabalham no conceito mais antigo. Mas com o tempo nós vamos avançando as grades e qualificando os professores para usarem o ambiente virtual de aprendizagem, mesmo no presencial", explica.
Outro diferencial da Uninter, é que a instituição resolveu não fazer mais o uso de fotocopiadoras e xerox. Segundo o reitor, existem algumas máquinas pequenas espalhadas pelos polos, mas nada como aqueles ambientes cheios de máquinas destinados só a isso. "A migração para o meio virtual é necessário e tem que acontecer", afirma ele.
Apesar de apresentar um currículo inovador que promete atender o jovem de hoje e as necessidades do mundo moderno e cada vez mais virtual e tecnológico ainda há uma resistência na hora de ingressar em uma faculdade EAD. Muitas pessoas ainda têm preferência pelo ensino mais tradicional, e outras colocam em dúvida a qualidade e eficiência da educação à distância. Segundo o reitor da Uninter, quando se fala em qualidade de ensino é importante entender que a educação de ensino a distância depende muito mais do aluno. O estudante que cumpre com as orientações emanadas da instituição, adquire uma capacidade muito elevada de aprendizagem. "Ela não é passiva como estar em uma sala de aula presencial. Ela tem uma autonomia de aprender muito mais efetiva que promove uma competência de atividade muito elevada e futuramente no ambiente de trabalho se sobressaem entre as outras", reflete Benhur.
Nos últimos anos a instituição se destacou no ENADE, foram quatro primeiros lugares em cursos, e um primeiro lugar no Brasil, entre todos os alunos de graduação tanto presencial, como a distância que realizaram a prova.
Segundo o censo da ABED, o número de novas instituições que oferecem EAD aumentou em 22% no ano de 2017, enquanto academias que oferecem educação em geral aumentou 4%. A educação a distância está concentrada nas mãos de grandes grupos privados, com capacidade de investimento para implantar os polos e investir em tecnologia, materiais e conteúdos didáticos, corresponde a 68% das instituições que atuam no segmento.
Na fatia de instituições privadas, a Unisinos abre o ano com novidades. Em janeiro foi lançado a Unidade Acadêmica de Educação Online, que abrange um novo modelo de Ensino a Distância e cursos Híbridos, uma modalidade que une a conveniência do EAD com a vivência prática do presencial. Essas novas modalidades permitem que os alunos façam seus próprios horários e rotina de estudos e tudo isso por meio de uma nova plataforma virtual de aprendizagem (LMS), o Canvas. O programa é um dos LMS mais conhecidos e difundidos no mercado brasileiro, e internacional, assim como Moodle e o Blckboard. Esses fazem parte de grandes universidades, institutos e empresas com foco em educação corporativa e são especialistas no desenvolvimento de uma educação EAD integral.
O Canvas é considerado o melhor LMS da atualidade. Na plataforma é possível experimentar o conteúdo em diferentes formatos, interagir com a turma em webconferências e construir conhecimento de forma colaborativa. Tudo para possibilitar uma experiência fluída e descomplicada. "Canvas será um dos principais atributos do nosso novo modelo EAD e dos cursos Híbridos, pois será a plataforma usada por alunos e professores diariamente no processo de Ensino e Aprendizagem. A plataforma complementa perfeitamente o nosso plano estratégico - corpo docente, projeto pedagógico, ambiente virtual de aprendizagem. Além das vantagens de mobilidade, usabilidade, SaaS, aberto, flexível e o diferencial oferecido pela plataforma de vídeo ARC. Esperamos melhorar muito a experiência dos nossos alunos e professores", afirma Vinícius Costa de Souza, diretor da Unidade Acadêmica de Educação Online da Unisinos.
Além dos cursos de graduação a Unisinos oferece cursos de pós-graduação EAD ou híbrida. Segundo Vinicius, a educação híbrida proporciona o melhor de dois mundos: a praticidade do online com a vivência do presencial, uma tendência mundial no ensino. Na Pós-Graduação Híbrida, o estudante poderá concluir o curso em 12 meses e as atividades serão organizadas em quatro bimestres por ano. As atividades presencias mensais ocorrerão nos finais de semana.
O Brasil já vem sentindo as mudanças da aplicação desta nova modalidade de ensino. É perceptível a aceitação do EAD pelos jovens e adultos que buscam o ensino superior. Apesar disso o país ainda é novato quando se trata de ver o Ensino a Distância como um negócio. De acordo com dados apresentados na revista Forbes, o mercado de E-learning nos EUA irá bater a incrível marca de $325 bilhões de dólares até 2025. A última previsão apresentada também na Forbes fazia uma projeção de $107 bilhões de dólares até 2015, o que foi comprovado e superado nos anos seguintes. O Brasil já da passos importantes nesse mercado, porém lentos. Segundo a Exame, a maioria dos empresários já reconhece o poder da internet para os seus negócios, mas ao mesmo tempo se sentem perdidos quando o assunto é gerar negócios usando a internet. Por enquanto o foco do país é o aumento do ingresso de estudantes no novo modelo de ensino, mas a o desenvolvimento e expansão de instituições do mesmo padrão já demonstra o interesse das academias nesse mercado.