Uma sessão especial, promovida pela Câmara de Vereadores de Gramado, debateu o futuro do Hospital Arcanjo São Miguel e evidenciou a preocupação do futuro da casa de saúde do município, sobretudo com a perda da filantropia, em razão do modelo empresarial de gestão proposto pelo grupo hospitalar Prolife, empresa que adquiriu a instituição. Todos os vereadores estiveram presentes, além do representante dos compradores, Flávio Comunello, a procuradora-geral do município, Mariana Melara Reis, o secretário da Saúde, Jeferson Moschen, e os promotores de Justiça, Max Guazzelli e Natália Cagliari.
Na oportunidade, o promotor Max falou das recomendações do Ministério Público (MP), expôs os números e afirmou que ainda não obteve respostas em relação a viabilidade futura da casa de saúde. "As nossas recomendações desde o início foram no sentido de buscar informações de como os serviços iriam bancar o SUS, pois hoje a filantropia garante a isenção de impostos e receitas operacionais. No modelo empresarial, como vamos cobrir um rombo de R$ 19 milhões de reais por ano em uma cidade desse tamanho?", questionou o representante do MP. Max também esclareceu que o valor divulgado de R$ 140 milhões não corresponde com o valor proposto para ser aportado na negociação.
Flávio Comunello, representante da empresa compradora do hospital, colocou-se à disposição das autoridades e disse que a empresa quer ser bem recebida em Gramado. "Queremos fazer um negócio com seriedade e com segurança. Foram apontadas as recomendações e queremos atender de forma clara e consistente", assegurou. Também adiantou que a empresa está trabalhando em um novo projeto com as adequações solicitadas pelo MP. "Queremos estar aqui em Gramado com a aprovação de todos os setores", finalizou.
Durante a sessão especial, o representante dos investidores também afirmou que em nenhum momento a empresa cogitou desistir do negócio por conta das recomendações do órgão. "Nós queremos fazer as adequações, porque ninguém quer rasgar dinheiro, mas estamos trabalhando em cima disso para apresentar o projeto novo e levar adiante", concluiu Comunello.
O Hospital Arcanjo São Miguel foi comprado no ano passado por R$ 40 milhões pela Rede de Hospitais LifePlus. A empresa anunciou um investimento de R$ 140 milhões a serem aplicados na construção de um novo hospital na cidade nos próximos 30 meses.