O Instituto Trata Brasil, em parceria com GO Associados, publicou a 14ª edição do Ranking do Saneamento com o foco nos 100 maiores municípios brasileiros. O relatório faz uma análise dos indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano de 2020, publicado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional. Entre as 20 cidades com piores índices de tratamento de esgoto, duas são gaúchas - Gravataí (9º lugar) e Canoas (20º lugar). Nenhum município gaúcho apareceu entre as 20 melhores.
Desde 2009, o instituto monitora os indicadores dos 100 maiores municípios brasileiros com base em população, com o objetivo de dar luz a um problema histórico vivido no país. A ausência de acesso à água tratada atinge quase 35 milhões de pessoas e 100 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta de esgoto, refletindo em centenas de pessoas hospitalizadas por doenças de veiculação hídrica. Os dados apontam que o país ainda tem uma dificuldade com o tratamento do esgoto, do qual somente 50% do volume gerado são tratados. Outro ponto abordado é sobre os investimentos feitos em 2020, que atingiram R$ 13,7 bilhões, valor insuficiente para que seja cumprido as metas do Novo Marco Legal do Saneamento.
Em relação às cidades gaúchas, Gravataí aparece com indicadores melhores do que apenas oito cidades com mais de 100 mil habitantes no Brasil, segundo o estudo. Conforme o levantamento, 38,17% da população, estimada em 283,6 mil pessoas, tem acesso ao tratamento de esgoto. O investimento médio anual feito por habitante em saneamento é de R$ 43,28 - para efeitos de comparação, São Paulo-SP, que tem o maior valor, o indicador é de R$ 180,97, ou seja, mais de quatro vezes superior. Além disso, apenas 15,28% de todo o esgoto produzido na cidade é tratado.
De acordo com o prefeito de Gravataí, Luiz Zaffalon, o número não surpreende. Segundo ele, um dos motivos para a cidade estar mal ranqueada é o fato da Corsan ter feito poucos investimentos na cidade. "Nós crescemos muito nos últimos anos e o valor aplicado pela Corsan em Gravataí foi quase zero", afirmou. O tema foi pauta das discussões para a assinatura do
aditivo contratual entre a empresa e o munícipio, celebrado no fim do ano passado.
No entanto, Zaffalon afirmou que o cenário não deve mudar "em cinco a seis anos" no município, segundo ele. O motivo é a efetividade das obras que começaram a ser realizadas e o reflexo na melhoria dos indicadores. "
Precisamos de uma ação no rio Gravataí, para melhorar a qualidade da água, além de melhorarmos a questão da água e esgoto em bairros centrais. Vamos conviver com isso por algum tempo ainda", analisou.
Já Canoas aparece na 20ª posição do ranking. Com população estimada em 348,2 mil pessoas, o município tem 46,6% de atendimento ao esgoto, com 44,55% de tratamento. O investimento médio anual é de R$ 29,10 por habitante. A cidade, porém, tem um dado positivo: 100% da população, conforme o estudo, tem acesso à agua.
A prefeitura, através da assessoria de imprensa, afirmou que a cidade também sofreu com a falta de investimentos em anos anteriores, mas conseguiu criar um cronograma de obras com a
Ambiental Metrosul, empresa que gere a parceria público-privada da Corsan na Região Metropolitana em nove municípios (incluindo Canoas e Gravataí). Esse cronograma vai nortear o quanto a cidade conseguirá melhorar nos indicadores nos próximos anos.
Segundo os dados, em 2021 as intervenções alcançaram 10 mil economias, que passaram a ter ligação com a rede de esgoto. Conforme previsão, a cada ano o município espera evoluir em cerca de 5% o percentual da população com acesso à rede, chegando a 87,3% da universalização até 2030.