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SUSTENTABILIDADE Notícia da edição impressa de 06 de Janeiro de 2022.

Pampa gaúcho é alvo de estudo sobre gases do efeito estufa

Pesquisa identificou que o bioma é capaz de absorver o CO2 emitido em virtude da criação de gado na região

Pesquisa identificou que o bioma é capaz de absorver o CO2 emitido em virtude da criação de gado na região


/Wenderson Araujo/Trilux/CNA/JC
Um estudo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), desenvolvido desde 2015, tem apresentado resultados que mostram que a pastagem natural do bioma Pampa, quando bem manejada, compensa as emissões de metano produzidas pelo gado através da absorção de dióxido de carbono (CO2) pela pastagem. Ou seja, o Pampa seria um potencial absorvedor de gases do efeito estufa.
Um estudo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), desenvolvido desde 2015, tem apresentado resultados que mostram que a pastagem natural do bioma Pampa, quando bem manejada, compensa as emissões de metano produzidas pelo gado através da absorção de dióxido de carbono (CO2) pela pastagem. Ou seja, o Pampa seria um potencial absorvedor de gases do efeito estufa.
De acordo com definição da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Pampa é o único bioma brasileiro localizado em apenas um estado, o Rio Grande do Sul. Caracterizado pelo clima temperado, grande biodiversidade de plantas, e por uma extensa área de campos naturais, principalmente gramíneas, o bioma ocupa cerca de dois terços do território gaúcho.
A combinação entre o clima e as características únicas da paisagem contribuem para o manejo adequado do gado e também para os resultados da pesquisa. Estes podem ajudar na elaboração de estratégias para a redução da emissão dos gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. A mitigação desses gases é importante para frear o processo de aquecimento global do planeta.
O estudo que atesta que o bioma Pampa funciona como dreno desses gases foi realizado pelo Laboratório de Micrometeorologia da UFSM e coordenado pela professora do Departamento de Física, Débora Regina Roberti. A partir da coleta de dados sobre trocas de carbono e metano nos ecossistemas, o grupo de pesquisadores coordenado pela pesquisadora concluiu que o bioma Pampa, em condições de manejo adequado, funciona como uma espécie de dreno de gases de efeito estufa.
Débora explica que, durante o inverno, em que há menor crescimento das pastagens, o Pampa emite mais dióxido de carbono (CO2) do que absorve. No entanto, a quantidade de absorção dos gases no verão compensa a emissão do inverno e, em uma média anual, o local funciona como um absorvedor de CO2.
Quanto ao metano, a docente salienta que, embora emitido pelo gado por meio da ruminação, a vegetação do bioma - através da fotossíntese - consegue absorver, em quantidade de CO2, o dobro das quantidades de emissão de metano. Pelo tamanho, o Pampa tem potencial de absorver mais de 1 milhão de créditos de carbono, o equivalente a 1 milhão de toneladas de CO2 equivalente. Débora salienta que isso não significa que em outros biomas e em outros tipos de manejo do solo e dos animais não há maior emissão gases.
Para fazer as estimativas de fluxos gases do efeito estufa são necessárias muitas medições por segundo. Os sensores coletam cerca de dez medidas de cada variável por segundo, o que corresponde a 18 mil medidas na atmosfera a cada meia hora. Os dados são armazenados em um cartão de memória e, no caso do sítio experimental na universidade, são repassados de forma automática ao sistema do laboratório que os processa.
No caso de Aceguá, em que a torre não tem ligação com a internet, os dados ficam somente no cartão de memória, que é substituído a cada 15 dias, quando também é feita a manutenção dos sensores. As torres são alimentadas a partir de painéis solares, mas, no inverno gaúcho em que há pouco sol, e quando há muitos sensores em uma mesma torre - exemplo da instalada na Universidade -, são usadas baterias recarregáveis para alimentação energética.
Após a coleta de medidas, é feito o processamento dos dados a partir de métodos de redes neurais, que permitem visualizar a dinâmica de trocas em um ecossistema a cada meia hora. No sítio experimental de Santa Maria, há coleta de dados de gás carbônico desde 2015. Já em Aceguá, a coleta é feita desde 2018, e, além dos dados sobre CO2, também foram feitas medidas sobre emissão de metano.
 
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