Um estudo inédito vai monitorar a saúde de adultos e idosos na região Sul do Estado, após a infecção por Covid-19. A iniciativa é coordenada pela professora da Faculdade de Medicina (Famed) da universidade Federal do Rio Grande (Furg), Mirelle Saes, com coordenação adjunta de integrantes da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), e conta com financiamento da Fundação de amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).
Intitulado SulCovid, o estudo está em fase inicial. De acordo com Mirelle, serão entrevistadas para o monitoramento pessoas que contraíram o novo coronavírus entre dezembro de 2020 e março de 2021. As entrevistas, que já estão em andamento, são feitas por telefone. Os contatos, fornecidos pela Vigilância Sanitária municipal, iniciaram em 28 de junho e contemplam pessoas diagnosticadas via teste RT-PCR. Ao todo, 4.000 adultos e idosos serão convidados a participar do estudo.
O objetivo da pesquisa é acompanhar os participantes em três momentos: nos primeiros meses após o diagnóstico, o que está sendo feito nesta primeira etapa da pesquisa, 12 meses após a infecção e, ainda, 18 meses após a infecção. Ao fim de 2022, a equipe pretende ter finalizado o projeto com informações sobre o estado de saúde dos participantes e eventuais sequelas da Covid-19 um ano e meio após a doença.
Segundo a coordenadora, este é o primeiro estudo sobre o tema na região Sul do estado. A maioria das demais iniciativas, tanto em nível nacional quanto internacional, se baseiam na avaliação da persistência dos sintomas principalmente em pessoas que sofreram internação hospitalar. "Esses estudos mostram que cerca de 80% dos participantes ficam com sintomas residuais após a doença, com a presença de pelo menos um", aponta. Os principais sintomas apresentados após a infecção são fadiga, dor de cabeça, perda de atenção e memória, dor articular e impactos relacionados à saúde mental como depressão e ansiedade.
Além disso, com a duração do monitoramento por um período até um ano e meio após a infecção, a pesquisa permitirá compreender o comportamento dos sintomas ao longo de um intervalo temporal maior. "Isso quer dizer que vamos ter um panorama de quanto tempo esses sintomas persistem e se alguns deles permanecem a ponto de a pessoa carregar aquele sintoma residual por muito mais tempo", conclui a coordenadora.
As entrevistas telefônicas duram em média 20 minutos. As questões abordam questões sociodemográficas e econômicas, além das características da infecção por Covid-19. Também são tópicos da conversa o suporte social e orientações sobre a doença, medidas de isolamento e quarentena, hábitos de vida, saúde, condições alimentares, atividades de vida diária e uso de serviços de saúde.