Medidas compensatórias envolvem recuperação das águas da Lagoa do Violão e reforma do Centro Administrativo municipal
Para receber o aval do município, a VCA Maggi precisou aceitar contrapartidas ao Vésta. A empresa, a partir das solicitações da prefeitura, concluiu a construção de uma creche, além de promover a reforma de três andares do atual Centro Administrativo municipal. Além disso, uma iniciativa se desencadeou a partir da obra mudou a Lagoa do Violão, um dos cartões postais da cidade.
O local, que fica próximo do empreendimento, vinha sofrendo com a degradação da água, com aspecto turvo e cheiro ruim. A perfuração do solo para o início do projeto encontrou uma saída de água limpa e, a partir da troca da tubulação da Corsan, a água que verte do local é levada diretamente para a lagoa. Segundo Eraclides, o volume é capaz de renovar, por quatro vezes ao ano, a água do local. "Vimos que a lagoa estava malconservada. Quando percebemos essa água límpida, acionamos a Corsan por conta própria para ver a possibilidade de fazermos a ligação, e o que vimos hoje é um espaço revitalizado", afirma o empresário.
Além disso, outra saída dessa tubulação desemboca no rio Mampituba, na divisa com Santa Catarina. Essa é considerada como uma saída de segurança, caso aconteça algum problema com a principal. O local é outro cuja qualidade da água enfrenta problemas há alguns anos, com mortandade de peixes e desequilíbrio ambiental, principalmente por causa do lançamento de esgoto ao longo dos anos. A ideia é fazer, em menor escala, a recuperação do rio.
Construção de prédios com maior altura na orla não deve avançar no Plano Diretor
Assim como boa parte das cidades do Litoral Norte, Torres também teve o seu "boom" imobiliário. Quem circula pela cidade observa prédios sendo erguidos, terrenos prontos para receberem novos empreendimentos e projetos ainda em fase de pré-lançamento. O aquecimento da economia vem com muitos consumidores oriundos da serra gaúcha, sobretudo Caxias do Sul, com a ligação pela Rota do Sol, mas também de pessoas de Santa Catarina - na divisa com o município - e empresários de outras regiões do Brasil, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, por exemplo.
Além de líder da VCA Maggi, Eraclides é o presidente do fórum das empresas do setor imobiliário de Torres, e conta que um dos temas mais abordados é, justamente, o crescimento ordenado da cidade. "Boa parte das construtoras que operam aqui tem como proprietário moradores da cidade. Então, na hora de planejar um prédio, há esse cuidado para não mudar a paisagem", afirma. Há, por exemplo, uma determinação de proibição para projetos com altura maior que 60 metros - ou 20 pavimentos - que deve ser incluída na atualização do Plano Diretor da cidade.
Essa norma foi negociada junto ao Ministério Público há cerca de 10 anos, pois o Plano, criado em 1995, não teve atualizações desde então. Reuniões têm acontecido com representantes do município e das sociedade civil, mas ainda sem resolução.
Há dois anos, uma discussão polêmica foi instituída na cidade. A ideia era flexibilizar a norma sobre construções na orla da Praia Grande de Torres, para permitir a construção de empreendimentos com altura maior do que nove metros, o máximo permitido atualmente. Com forte oposição dos moradores, a ideia foi, por ora, esquecida, e o líder da VCA Maggi afirmou que ela não deve ser levada adiante. "Não é o desejo das construtoras daqui. Certamente não iremos aprovar essa mudança", disse Eraclides.