Depois de ser abandonado duas vezes no mesmo dia e comover o Brasil com a sua história no início deste ano, o cãozinho Tintim encontrou um novo lar na região metropolitana de Porto Alegre. O cachorro, que nasceu com uma deficiência nas patas dianteiras fez com que os telefones da secretaria municipal de Proteção Animal de São Leopoldo, não parassem de tocar. Foram em torno de cem ligações e mais de vinte entrevistas presenciais de pessoas interessadas em adotá-lo.

Agora, dividindo o lar com os irmãos Raissa, Maria, Pipe e Olívia, cachorros também adotados pela família, e a ovelha Stella, Tintim está com boa saúde, fazendo tratamentos terapêuticos como reiki e cromoterapia, segundo a família. Mesmo com os novos tutores, ele continua sendo acompanhando pelo município, com contatos semanais. A família encaminha fotos e vídeos dos cuidados com o cachorro, garantindo a segurança do animal.

O caso, que foi parar na polícia, ganhou dimensão no dia 2 de janeiro supostamente como uma entrega de animal de rua, segundo a responsável pela comunicação e pelas adoções da prefeitura Maria da Graça Moreira. Ela conta que foram feitas divulgações com fotos do Tintim em redes sociais para achar os donos do cão, pois se acreditava que ele havia fugido da sua residência. "Com a divulgação da foto dele, chegou até nós duas denúncias de que esse animal tinha dono e ficou constatado que o próprio dono tinha entregado ele para adoção", esclarece Maria. Ela ainda acrescenta que após as denúncias, foi descoberto que havia um vídeo mostrando que o Tintim havia sido abandonado pela esposa do dono na frente dessa empresa para que ele pegasse. "Na verdade foi um duplo abandono", conta a servidora.

Com a guarda do Tintim destinada à prefeitura de São Leopoldo, outro desafio estava por vir: achar um novo lar para o cãozinho. Depois de divulgações em redes sociais, o caso brutal tomou proporções grandiosas e ficou conhecido em todo o país, chamando a atenção até de artistas famosos. Segundo Maria, o processo para uma nova adoção foi bastante cauteloso. Os interessados tinham que comparecer presencialmente para que fosse feitas entrevistas com uma lista de critérios a serem cumpridos, como o tipo de piso da futura residência, que deve ser liso por conta da dificuldade de locomoção do Tintim, origem do interesse pelo animal, o espaço físico que a pessoa tinha para oferecer, tipo e número de animais que a pessoa já tinha, entre outros questionamentos.

Depois de quase um mês entre seletivas, um novo lar estava escolhido. Tintim, que agora é chamado pela nova família de Valentin, ainda está sob a guarda provisória dos atuais tutores que preferem não se identificar, mas garantem: amor não falta. A dona conta que o cão chegou assustado em sua residência e em uma tentativa de acalmá-lo, ela colocou o próprio colchão no chão e dormiu junto a ele durante uma semana, até que entendesse que ele não seria abandonado novamente.