Manter o ecossistema, o desenvolvimento sustentável e gerar renda são atributos da conservação de abelhas nativas sem ferrão que beneficia dezenas de famílias no Litoral Norte e médio do Rio Grande do Sul. É o objetivo do programa Meliponicultura, que prevê o manejo e a conservação de abelhas sem ferrão, desenvolvido pela Associação Ação Nascente Maquiné (Anama) com investimento do Grupo CPFL Energia.
O projeto começou em julho de 2018 com oficinas, palestras e seminários em Maquiné, Osório, Santo Antônio da Patrulha, Itati, Três Forquilhas, Mostardas, Tavares, Palmares do Sul e Viamão. A prioridade foi fomentar o programa com quilombolas, pescadores e agricultores. No Litoral Norte, o foco foi fortalecer as famílias que já trabalhavam com meliponicultura. As cidades selecionadas estão inseridas em um contexto de rica biodiversidade nativa, potencial econômico por meio de frutos (butiá, araçá, pitanga, araticum entre outros), valor ornamental (orquídeas e bromélias) e medicinal, e grande número de comunidades tradicionais.
Até o momento, 22 colônias de abelhas sem ferrão foram instaladas, contribuindo para a conservação de oito espécies ameaçadas De acordo com a coordenadora do projeto pela Associação Ação Nascente Maquiné (Anama), Letícia Troian, as abelhas ajudam a manter o ecossistema, preservando a reprodução de muitas espécies, além de beneficiar as famílias com a geração de renda de forma indireta. "A comunidade pode rentabilizar a comercialização de colônias, do mel, do pólen e das caixas racionais, onde as colônias são criadas, além de fomentar o turismo regional. O desenvolvimento social vai além da questão da renda, pois reintegra os trabalhadores, apresentando mais uma fonte de trabalho", acrescenta.
A Anama oferece curso gratuito de criação de abelhas nativas sem ferrão. Os alunos que completarem 80% de participação e tiverem bom aproveitamento, recebem uma caixa racional com abelhas sem ferrão, que deve ser instalada em local próprio para o desenvolvimento, com vegetação no entorno. O apoio técnico realiza visitas periódicas durante um ano, ensinando e direcionando os criadores para que tenham condições de realizar o manejo de forma autônoma.
O projeto tem previsão de término para dezembro deste ano. No entanto, o grupo apoiador pretende retornar aos municípios para colher indicadores e verificar a efetividade e o impacto positivo para os próximos cinco anos.