Um grupo de pesquisadores gaúchos se uniu para buscar respostas, a partir da modelagem computacional, sobre como as tendências relativas à Covid-19 se projetam para o futuro. A especificidade do PampaNerds, como o grupo foi chamado, é que os pesquisadores se dedicam especificamente ao contexto do Rio Grande do Sul.
Integram o grupo o secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia do Estado, Luís Lamb, que é cientista da computação. Também da área da Computação, além de Marcelo Pias, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), os pesquisadores Jorge Audy, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Rodrigo Guerra, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Ricardo Araújo, da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel).
"A ideia surgiu da necessidade de termos dados de estimativas sobre a utilização de leitos hospitalares de UTI no Rio Grande do Sul. Com isto, um dos integrantes do grupo conectou pesquisadores e com isto trouxe as disciplinas de epidemiologia, saúde, economia, computação e engenharia, que no nosso entendimento precisam ser combinadas em uma frente única de trabalho", conta Pias. O grupo iniciou as atividades no dia 27 de março, mas só apareceu de fato na semana passada, quando foi lançado o site www.pampanerds.org, já com o primeiro relatório publicado.
Com base em estudos sobre o avanço da Covid-19, que incluem a pesquisa populacional realizada pela UFPel e trabalhos internacionais, o grupo analisa como a pandemia tem avançado no Estado, para projetar o futuro, a partir de programação e milhares de simulações utilizando sistemas computacionais. Para isso, leva em consideração o histórico de casos confirmados no Estado, a subnotificação e também o tempo entre o contágio e a confirmação (média de cinco dias).
Uma variável importante na pesquisa é relativa ao contágio, a quantas pessoas podem ser contaminadas a partir do contato com um doente. E é especialmente levando este número em conta que os pesquisadores chegam à conclusão de que, no Rio Grande do Sul, houve um "efeito significativo" decorrente da adesão da população às medidas restritivas de mobilidade e distanciamento social. Conforme aponta o relatório, houve uma redução de contágio no período de 2 a 16 de abril.
O relatório destaca que este é um resultado positivo, pois demonstra que a população gaúcha é capaz de alcançar os níveis altos de distanciamento necessários para enfrentar o avanço da pandemia. Porém, o documento também demonstra uma tendência negativa: no período seguinte a 16 de abril, os cientistas observaram uma elevação do contágio, o que indica um relaxamento na adesão da população gaúcha às medidas de distanciamento social, mesmo antes do processo de flexibilização em curso, em especial no interior do Estado.
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